Carlos Brickmann
Era outra época, claro. O desembargador
paulista Sílvio Barbosa devolvia todos os presentes que recebia, fosse
qual fosse o valor, fosse qual fosse o motivo; não aceitava carona nem
quando ia a pé para o Fórum e pegava uma chuva. Não ficava bem um juiz
receber favores de alguém a quem poderia eventualmente ter de julgar. E é
outro país, claro. Nunca ninguém ouviu dizer que o presidente da
Suprema Corte americana, John Roberts, tenha conversado informalmente
com o presidente da República, o presidente do Congresso, empresários ou
advogados.
Tudo mudou: o presidente do Supremo se
encontra com a presidente da República em Portugal (e só não foi em
segredo por incompetência). O ex-presidente do Supremo se reúne com o
presidente da Câmara e conversam sobre o impeachment da presidente da
República. Tudo tão mal feito que esqueceram de combinar o que diriam:
Eduardo Cunha garantiu que o afastamento de Dilma não entrou na
conversa, Gilmar Mendes disse que o tema entrou lateralmente.
Nem o juiz Sérgio Moro se privou de
opinar sobre concorrências públicas: queria afastar empresas que ainda
estão sendo investigadas, em casos que sequer foram julgados.
E pensar que houve tempos em que juiz só falava nos autos!
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