Nenhuma simpatia por Fernando Collor, Fernando Bezerra
Coelho ou Ciro Nogueira, cujas casas foram hoje alvo de operações de
apreensão da Polícia Federal.
Aliás, é irrelevante gostar ou não deles ou acreditar que estejam ou não estejam metidos em falcatruas.
O
fato é que a ação – desta vez não dos promotores do Paraná ou do juiz
Sérgio Moro, mas do procurador Rodrigo Janot e dos Ministros Teori
Zavascki, Celso de Mello e Ricardo Levandowski – tem implicações
institucionais gravíssimas e põe o já complicado quadro institucional do
país em estado de fervura.
Foram planejadas meticulosamente para produzir espalhafato e reforço de posições políticas.
De
outra maneira, como pensar que o desfile de carros de luxo pelos
portões da Casa da Dinda não pudesse ser substituído por um prosaico
bloqueio de bens?
Bloqueio não dá imagem no Jornal Nacional, com algo bem mais suculento que um Fiat Elba, não é?
Está evidente que Janot aquece os músculos para ações mais fortes e contra contra nomes mais poderosos:
Renan Calheiros e Eduardo Cunha.
A
política foi transformada em assunto policial e o Ministério Público e a
Polícia Federal são hoje seus mais importantes atores, e o Supremo voi
atirado para o centro da investigação policial, à medida em que é,
agora, quem autoriza buscas residenciais, ao menos publicamente sem
explicações mais detalhadas ou evidentes.
Com todos os arrepios
que o personagens envolvidos possam nos causar, a mim, ao menos, causa
mais arrepios ver formar-se um conflito institucional desta magnitude,
onde as instituições de poder político e policial-judicial entram em
conflito e o país se paralisa.
Estamos a pouco tempo, talvez
menos que semanas, de ver a ação policial-judicial atingir o núcleo do
Poder Legislativo e provocar um embate institucional sobre o qual é
difícil fazer qualquer previsão.
Não é pela figura dos três de
hoje e dos dois de amanhã ou depois. Mas porque um dos poderes da
República está tão corroído pelos alinhamentos corporativos e ambições,
pela falta de pudores e de líderes que não se pode deixar de sentir no
ar a suspeita cada vez mais forte de que vai se formando no Brasil um
caldeirão de cheiro extremamente desagradável.
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