Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
O
que têm em comum Fernando Collor, Eduardo Cunha e Renan Calheiros? Além
do que o leitor está pensando, os três adotaram a mesma tática na Lava
Jato. Em vez de se defender, atacam os policiais e procuradores que os
investigam.
Nesta
quinta, Renan voltou a criticar a PF. Collor chamou os investigadores
de "facínoras que se dizem democratas". Cunha acusou o procurador
Rodrigo Janot de forçar delatores a mentir para incriminá-lo.
Nada
de novo, salvo um detalhe. Duas testemunhas afirmaram em juízo que
temem retaliação do deputado às suas famílias. O medo foi relatado pelo
doleiro Alberto Youssef e pelo consultor Júlio Camargo.
"O
deputado Eduardo Cunha é conhecido como uma pessoa agressiva", disse
Camargo, que relatou a propina de US$ 5 milhões. "O maior receio é a
família, porque quem age dessa maneira perfeitamente pode agir não
contra você, mas contra terceiros. Às vezes, machucar um ente querido é
muito pior do que machucar você mesmo", prosseguiu.
Youssef
se disse preocupado com as três mulheres da família. "Venho sofrendo
intimidação perante as minhas filhas, perante a minha ex-esposa",
relatou o doleiro. "Estou sendo intimidado pela CPI da Petrobras, por um
deputado, pau-mandado do senhor Eduardo Cunha".
A
pedido de um aliado de Cunha, a CPI já quebrou o sigilo das três, mas a
medida foi anulada pelo Supremo. Agora está na hora de o tribunal se
pronunciar sobre os relatos de intimidação e ameaça aos réus.
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