sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Aviso da velha política ao navegante Bolsonaro


Por Helena Chagas no blog Os Divergentes



Ao aprovar o aumento salarial dos ministros do STF nas barbas do presidente eleito, quase o mesmo tempo em que Jair Bolsonaro, entre um encontro institucional e outro, defendia o contrário, o Senado deu um recado da velha política ao novo presidente: as coisas não vão ser tão fáceis assim no Legislativo e, mais dia, menos dia, ele vai ter que fazer algumas das concessões que hoje diz rejeitar
.
Senadores Romero Jucá e Eunício Oliveira

As eleições do mês passado dizimaram boa parte das raposas políticas que tinham os destinos do Congresso nas mãos, e dir-se-á que o que ocorreu no plenário do Senado nesta quarta terá sido o último canto do cisne, presidido inclusive por um senador não-reeleito, como Eunício Oliveira, ae aprovado por outros na mesma situação, como Romero Jucá. Não é bem assim. A renovação das duas Cssas legislativas, a mais alta em eleições recentes, parece ter sido bem maior do ponto de vista quantitativo do que qualitativo.

Ao fim e ao cabo, o recado dos caciques do Senado foi de que eles continuam muito vivos, e se organizam parar continuar dando as cartas. Renan Calheiros, bem reeleito, adotou um discurso de quem não faz questao,
mas está trabalhando como nunca, voto a voto, para se eleger presidente da Casa em fevereiro. Jucá perde o mandato mas continua por lá, presidindo o MDB.
Tereza Cristina, ministra da Agricultura do governo Bolsonaro. Foto Ailton Freitas

Na Câmara, que sofreu renovação de 50%, a formação de maioria também vai ser complexa, caso a caso, sobretudo se o presidente eleito continuar na linha de não distribuir ministérios. A indicação da deputada Tereza Cristina, ex-PSB e hoje DEM, mas sobretudo nomeada pela bancada ruralista, atiçou os apetites de partidos e grupos do Legislativo.

O roteiro previsto pelas raposas da política é que Bolsonaro conseguirá avançar na Previdência, talvez com uma legislação infraconstitucional este ano e com a aprovação da PEC que estipula a idade mínima e faz outras mudanças no ano que vem. Isso o Congresso dificilmente negará a um presidente recém-eleito. A governabilidade para o resto desses quatro anos, porém, não está garantida e vai depender de uma negociação muito mais profunda com o status quo parlamentar – falando mais cruamente, do toma-lá-dá-cá.

Transição de Bolsonaro é regida pelo improviso


Josias de Souza

Durante a campanha, Jair Bolsonaro prometeu fazer uma lipoaspiração no organograma do governo. Em vez dos atuais 29 ministérios, sua administração teria apenas 15 pastas. Imaginou-se que tudo já estivesse devidamente planejado. Engano. Desde que foi inaugurada a fase de transição, o capitão redesenha a sua Esplanada dos Ministérios em cima do joelho. O improviso começa a assustar.
Entre idas e vindas, surgiram nas últimas 72 horas algumas novidades tóxicas. Uma delas pode resultar na criação de subministros. Outra ideia radioativa de Bolsonaro é a extinção do Ministério do Trabalho, com a distribuição de suas atribuições para outras pastas. Num instante em que Bolsonaro ameaça criar o Ministério da Família para oferecer abrigo ao amigo Magno Malta, desalojado do Senado pelos eleitores do Espírito Santo, a extinção da pasta do Trabalho é um tapa no rosto dos 12,5 milhões de desempregados.
Quem cuidará do salário desemprego? Quem fiscalizará o trabalho infantil? Quem reprimirá o trabalho análogo à escravidão? Deus sabe. Bolsonaro redesenha a Esplanada de tal forma improvisada que parece uma dona de casa que guarda farinha de trigo num pote de açúcar onde está escrito sal.

Não sai reforma em 2018, avaliam Temer e Bolsonaro

Atual Congresso resiste a votar medida impopular
Blog do Kennedy

O presidente Michel Temer e o sucessor, Jair Bolsonaro, avaliaram juntos ontem que não será possível fazer a reforma da Previdência neste ano. Os dois tiveram encontro oficial no Palácio do Planalto.
Temer e Bolsonaro captaram resistências no atual Congresso para aprovar uma medida impopular. Parlamentares que não se reelegeram são os mais resistentes a endossar uma reforma previdenciária em 2018.
Para efeito público, Temer e Bolsonaro decidiram alimentar a expectativa de aprovar algo neste ano. Nos bastidores, porém, ambos jogaram a toalha.
Bolsonaro não quer correr o risco de sofrer uma derrota parlamentar antes de ser empossado. Temer tampouco deseja fracassar no final do mandato.
Os dois combinaram que seus assessores considerariam a possibilidade de alguma mudança infraconstitucional, mas até isso é considerado improvável.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Senado aprova reajuste de ministros do STF

Por 41 votos a 16, o plenário do Senado Federal aprovou, neste momento, o aumento para ministros do Supremo Tribunal Federal. Houve uma abstenção.

O salário dos ministros subirá de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil.  O reajuste entra em vigor a partir da sanção presidencial. Michel Temer poderá vetar ou não.  Para economistas, o reajuste pode provocar o efeito cascata, além  de prejudicar o déficit público que para 2019 está em R$ 139 bilhões. (Do blog de Magno Martins)

PT vai à PGR contra o SBT

O PT encaminhou um pedido à Procuradoria Geral da República para apurar a responsabilidade civil, administrativa e criminal do SBT, após a emissora exibir vinhetas com o bordão “Brasil, ame-o ou deixe-o”, principais slogans do período da ditadura militar, afirma o pedido.

A denúncia foi feita pelo líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (PT-RS) e os deputados Paulo Texeira (PT-SP) e Waldih Damous (PR-RJ). Eles alegam que o SBT incorreu em vários crimes, incluídos na Lei de Segurança Nacional. O blog entrou em contato com o SBT de São Paulo; mas, até o momento, não enviaram nota.(Do blog de Magno Martins)

Polícia descobre golpe contra previdência na cidade de Orobó

Por: Diario de Pernambuco



                             
                                              Imagem: Polícia Civil/Divulgação

A Secretaria de Defesa Social , por meio da Polícia CIvil de Pernambuco, desencadeou nesta quarta-feira (7), a Operação Anticorrupção, que visa prender envolvidos com esquema fraudulento contra o instituto de previdência pública da cidade de Orobó, no Agreste. Os desvios envolvendo o esquema podem chegar R$ 2,6 milhões. Seis mandados de prisão e outros seis de busca e apreensão, expedidos pelo juiz Daniel Silva Paiva, da Comarca de Orobó, estão sendo cumpridos. 

A investigação para apurar a fraude teve início em agosto passado e vem sendo coordenada pelo delegado Paulo Gondim e pelo promotor Rodrigo Altobello Ângelo Abatayguara, de Orobó. Os crimes foram cometidos com o Instituto de Previdência do Município de Orobó. Há indícios, segundo a Polícia, da prática de peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. 

Pelas investigações, essa organização criminosa funcionava há três anos. Eles desviam valores em média de R$ 50 mil mensais para contas de pessoas próximas, jovens que sequer tem idade para ser aposentadas, valores que destoavam de todos os demais, que recebem em média um salário mínimo, enquanto essas pessoas retiravam entre R$ 15 a R$ 50 mil. "Somando tudo daria um total de R$ 2, 6 milhões. Os prejuízos para aqueles que queriam se aposentar e não conseguem, sem resposta, justamente por conta desses desvios", disse o promotor Rodrigo Abatayguara. 

A partir de agora, a operação vai pedir a quebra de sigilo bancário e fiscal dos envolvidos. "Quando tivermos com a resposta, teremos condições de saber se há mais envlolvidos e se o esquema deu um prejuízo ainda maior. Se tiver mais gente envolvida, iremos chegar lá", comentou. Segundo o promotor, todos os envolvidos no golpe faziam parte do mesmo circulo de amizades. "A gente viu fotos deles em redes sociais, eles viajavam juntos. Se conhecem", disse. O delegado Rivelino Morais informou que vai rastrear o caminho do dinheiro desviado. "Desde a origem até as pessoas que foram beneficiadas", garantiu. As investigações também contararam com o apoio da Diretoria de Inteligência da Polícia Civil de Pernambuco (Dintel).

Deputado Danilo Cabral realiza novo ato em defesa do orçamento do SUAS

A Frente Parlamentar em Defesa do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) realizou, nesta quarta-feira (7), novo ato com críticas aos constantes cortes promovidos pelo governo federal na área. O presidente da frente, deputado Danilo Cabral (PSB-PE), afirmou que, a partir desse espaço político, o objetivo desse ato é fazer pressão para que seja feita a recomposição do orçamento do SUAS. “Pelo que está proposto pelo Governo, metade do orçamento será contingenciado, caso seja aprovado no Projeto de Lei Orçamentária (PLOA)”, lamentou Danilo.

Na avaliação do socialista, o mais grave é que esses cortes não são exclusivos na gestão do sistema e dos serviços do SUAS. “Ele está promovendo cortes no acesso a benefícios, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Só em Pernambuco, teremos um corte de quase a metade para aqueles que tem esse direito, e é uma situação presente também em todos estados da federação", completou.

A partir dessa mobilização ocorrida hoje, juntamente com todas as organizações que militam e fazem a gestão do SUAS, o deputado pernambucano lembrou que a Lei Orgânica da Assistência Social está completando 25 anos. “Esse corte acendeu uma luz amarela de fato e todas as mobilizações feitas até hoje surtiram algum efeito. Há um ano obtivemos vitória e queremos repeti-la sobre as contas de 2019. Não deixa de ser um constrangimento ter que lutarmos por esse direito, com um pires na mão, em defesa do SUAS.”

No momento em que a Constituição Federal completa 30 anos, Danilo Cabral parabenizou a articulação de todos os envolvidos nesse processo pela luta dos direitos básicos. “Todos que estão aqui sabem da importância do que estamos praticando hoje, com agendas definidas e trabalho efetivos a serem cumpridos. Temas como saneamento básico e a educação também estão incluídos em nossa luta”, definiu.

No encerramento do discurso, Danilo Cabral considerou a PEC do SUAS como uma política de Estado de caráter urgente. “A PEC não é minha, é de vocês e o momento é mais do que propício para que a gente possa colocar tudo isso em nossos diálogos nesta Casa.”

O ato contou com a participação de representantes do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), do Fórum Nacional de Secretários de Estado da Assistência Social (Fonseas) e do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas).

Após o evento, Danilo Cabral e representantes das entidades ligadas à assistência social, se reuniram com a senadora Fátima Bezerra (PT-RN), que é relatora setorial do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para tratar sobre o orçamento do SUAS.

A lista das dificuldades que Bolsonaro enfrentará

Daniela Lima – Painel – Folha de S.Paulo
A volta a Brasília como presidente eleito ofereceu a Jair Bolsonaro uma amostra concentrada das dificuldades que enfrentará. Na celebração dos 30 anos da Constituição, parlamentares se revezaram com o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para lembrá-lo dos limites impostos ao Executivo. Durante o dia, líderes do Congresso avisaram que não há como aprovar reformas ali antes da posse do novo governo.
Há entre as principais lideranças um acordo tácito para não discutir nenhuma proposta polêmica antes do fim do ano. A ordem, dizem os caciques, é esperar Bolsonaro apresentar com clareza as mudanças que pretende fazer e deixar que se entenda com o novo Congresso que tomará posse em fevereiro. Na avaliação desses líderes, a equipe de Bolsonaro não tem segurança de que sua base apoiará uma reforma ambiciosa da Previdência.

Tenor vetado: desagradar Bolsonaro. Nome era outro

Jean William foi apresentado com o sobrenome Silva para evitar confusão com o deputado Jean Wyllys
Mônica Bergamo – Folha de S.Paulo

O nome do tenor Jean William, que cantou o hino nacional na cerimônia dos 30 anos da Constituição, na terça (6), no Congresso Nacional, foi vetado na festa já que poderia desagradar ao presidente eleito, Jair Bolsonaro. O artista foi apresentado como Jean Silva.
A questão foi discutida pelos organizadores, que ficaram com receio de que Bolsonaro ligasse o nome do artista ao do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ). O parlamentar é desafeto do capitão reformado e já chegou a cuspir na cara dele.
O cantor, que se chama Jean William Silva, diz que não sabe por que não foi anunciado pelo nome que é conhecido. “Não recebi nenhuma informação, não sei dizer”, afirma.

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Petrobras reajusta em 8,5% do gás de cozinha

O preço do gás de cozinha foi novamente reajustado pela Petrobras a partir desta terça-feira (6). O Sindigás, que representa as empresas distribuidoras, afirmou que os preços devem aumentar entre 8,2% a 9%, no caso do GLP para embalagens de até 13 kg.


O novo aumento de preço para consumo residencial representa em valores R$ 25,07, um reajuste de R$ 1,97 por botijão. No ano, a alta acumulada é de 2,8%. Desde janeiro, a estatal reajusta o botijão de gás trimestralmente. No caso do GLP empresarial, os preços no mercado aparecem 52,4% maior em comparação com o gás de cozinha.

A decisão da Petrobras amplia as dificuldades para milhões de famílias pobres de garantir o uso permanente do botijão de gás de cozinha.

SBT retira do ar vinheta que resgata slogan da ditadura

Do Blog de  Esmael Morais
A televisão de Silvio Santos, o SBT, passou a exibir nesta terça (6) uma série de vinhetas de nacionalistas em sua programação. Em uma delas era exibido o slogan da ditadura “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Diante da repercussão extremamente negativa e da onda de protestos que tomou conta da internet, a emissora retirou mensagem do ar.

Segundo o SBT, a escolha do slogan foi um equívoco, pois não teriam notado que a frase era um bordão de uma das épocas mais repressivas da ditadura.

Políticos de diversos partidos se pronunciaram no Twitter a respeito das vinhetas da televisão de Silvio Santos.

O deputado federal por São Paulo do Psol, Ivan Valente, classificou a vinheta da emissora como algo “bizarro e sombrio”.

“O homem do baú sempre bajulando quem está no poder. Bolsonaro disse que queria o Brasil como há 50 anos. Silvio Santos atendeu ao pedido. Bizarro e sombrio”, escreveu Ivan Valente.

O deputado petista Marco Maia associou a vinheta do SBT ao “medo de perder verba publicitária”.

“Já deu para perceber que o medo de perder a verba publicitária é maior do que a dignidade, né Silvio Santos? Bolsonaro disse que queria o Brasil como há 50 anos e o SBT atendeu ao pedido e fez uma propaganda com o lema da ditadura militar”, afirmou Marco Maia.

Manuela D’Ávila, do PCdoB, candidata a vice-presidente na chapa de Haddad, criticou as vinhetas e sugeriu que o SBT “enaltece a ditadura”.

Eu te amo meu Brasil ,eu te amo ,meu coração é ”e“Brasil ame-o ou deixe-o” são propagandas da ditadura militar. Nós amamos o BR. O de todas as cores, credos e opiniões políticas. Enaltecer a ditadura não é amar ao Brasil, mas repugnar a democracia e as conquistas da Constituição de 88, criticou Manuela.

Jandira Feghali, deputada federal pelo PCdoB, que empresas de comunicação se tornam “lambedoras de botas” por verbas publicitárias.

“‘Ame-o ou deixe-o’ é a coisa mais triste que uma concessão pública pode se prestar em pleno 2018. Resgatar uma expressão da Ditadura em que a frase, tida como nacionalista, na verdade era para sufocar o contraditório e movimentos sociais. A disputa pela verba publicitária não pode fazer com que empresas de Comunicação se tornem ‘lambedoras de botas’ bizarras”, sentenciou Jandira

MPF remarca depoimento de Paulo Guedes

Do Blog de Magno Martins
O ministro da Economia do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), prestará depoimento no dia cinco de dezembro ao Ministério Público Federal. O depoimento seria hoje, mas foi adiado a pedido do MP.

Guedes é suspeito de envolvimento em fraudes em fundos de pensão, após uma suposta captação de recursos de fundos de funcionários de estatais, como a Funcef (da Caixa) e a Petros (da Petrobras), para aplicar em investimentos no mercado financeiro. O caso ocorreu quando ele era sócio de empresas de investimentos. 

Parlamentares incomodados

Do blog de Magno Martins

Enquanto acontecia a solenidade em comemoração aos 30 anos da Constituição na Câmara, não eram poucos os parlamentares que criticavam a figura do presidente eleito, Jair Bolsonaro, político do baixo clero. As críticas ocorriam tanto no cafezinho da Câmara, como em grupos no próprio plenário. “Um cara que não falava com ninguém, porque era do baixo clero, agora, manda no País”; “Ele vai ter que conversar com o Congresso, senão não governa”, diziam alguns parlamentares.

Jair Bolsonaro foi o primeiro a deixar a Câmara ainda com o evento em andamento. Ele cumprimentou o presidente Michel Temer, Rodrigo Maia, Eunício Oliveira, Dias Toffoli e Raquel Dodge e se retirou.  

Brasil 2018: só os loucos e suicidas torcem contra o piloto. Mas só torcer a favor não basta

Publicado por Larissa Bernardes

Jair Bolsonaro. Foto: AFP

Publicado originalmente no Balaio do Kotscho


POR RICARDO KOTSCHO, jornalista

“Não se deve torcer contra o piloto do avião no qual se viaja” (Nizan Guanaes em sua coluna “União e superação”, na Folha).

“O Brasil ficou louco” (Sebastião Salgado, em entrevista à rádio francesa France Inter e na Carta Capital).

***

São duas formas diferentes de ver as mesmas coisas, analisadas por dois respeitáveis e admirados brasileiros.

No que me toca, eu não torço contra, não sou nenhuma Regina Duarte, mas estou com medo do que pode acontecer.

Só os loucos e suicidas torcem contra o piloto do avião em que estão viajando.

Sempre tive medo de avião, principalmente quando o tempo está fechado e a cara da tripulação não é boa.

O medo aumenta quando vejo o currículo do comandante, que nunca pilotou nem um carrinho de pipoca, e vai assumir o controle do Sucatão, aquele velho Boeing presidencial aposentado, em que já viajei, e tão bem simboliza este louco Brasil de 2018.

E aumenta ainda mais quando vejo entrevistas deprimentes como a que o piloto Bolsonaro concedeu segunda-feira ao Datena, na TV Bandeirantes, com comentários escatológicos de conversas na cantina da caserna ou na lanchonete da emissora.

Se é isso que nos espera, não adianta a gente querer se enganar, não basta torcer para dar certo.

Pois se torcida resolvesse tudo, o Corinthians do Washington Olivetto seria eterno campeão brasileiro e, no entanto, está caindo pelas tabelas, ameaçado de rebaixamento.

Vamos todos embarcar compulsoriamente neste Sucatão no dia 1º de janeiro de 2019, sem saber a rota nem o destino, com passagem só de ida, sem ideia de quando e como voltaremos.

Tendo a concordar com o genial fotógrafo Sebastião Salgado, para quem “o Brasil já está dando sinais de insanidade mental” desde o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e de lá para cá só vem piorando, como mostraram os resultados da última eleição.

Nem se trata de discussão ideológica, esse negócio de direita e esquerda de antigamente, e do fato do presidente eleito ser um ex-capitão do Exército, que defende torturas e assassinatos da ditadura militar, mas sinais de loucura mesmo, evidenciados nos dias seguintes à eleição, que deixaram o mundo perplexo.


Acho que não só eu, mas o mundo inteiro está amedrontado com as primeiras manifestações da nova ordem implantada aqui, com um plano de voo assustador, que vai sendo revelado no varejão de entrevistas caóticas no bunker da Barra da Tijuca.

Para quem acha que estou exagerando, recomendo procurar a entrevista do Bolsonaro a Datena na internet.

Fico com inveja do Nizan Guanaes, que conta em sua coluna ter corrido os 42 quilômetros na Maratona de Nova York, apenas 40 dias depois de ter passado por um sério problema de saúde.

O amigo é somente dez anos mais novo do que eu, mas a diferença parece muito maior, pois acordo todo dia com o esqueleto inteiro dolorido, como se tivesse jogado futebol a noite toda.

Na próxima coluna, Nizan poderia indicar as vitaminas que toma pra ter esse pique, porque as minhas já não estão fazendo efeito.

Ou então ele já desistiu de ler o noticiário sobre o Brasil publicado nos principais jornais do mundo, para não se aborrecer, nem perder seu eterno otimismo.

Bem que eu gostaria de ser assim, mas o ofício de repórter me impede de brigar com os fatos e ficar só na torcida.

Vida que segue.

Bolsonaro dá uma bofetada nos professores

POR FERNANDO BRITO · no Tijolaço




O senhor Jair Bolsonaro, aquele que você ouviu dizer, durante a campanha, que era preciso devolver ao professor a autoridade em sala de aula, acaba de esbofetear o magistério e tirar dos professores o pouco de autoridade que eles tentam manter, ainda, ao referendar, em entrevista à Bandeirantes, a ideia estapafúrdia e policialesca da deputada estadual eleita em Santa Catarina pelo PSL Ana Caroline Campagnolo para que os estudantes gravem as aulas, para supostamente registrarem “episódios de doutrinação”.

De agora em diante, em qualquer classe, com a bênção presidencial, qualquer estudante (ou até a turma inteira, por que não?) está autorizada a levantar o celular e apontar para o professor ou professora que estiver falando de qualquer coisa. Liberados, portanto, para não prestar atenção ao que está sendo dito, porque não devem ser muitas as pessoas que conseguem gravar e manterem-se atentas ao que se diz.

Se o professor ou professora quiser repreendê-lo, poderá alegar que “o Presidente autorizou” e que estava fazendo isso por que o mestre estava tentando doutriná-lo, mesmo que a aula seja sobre “produtos notáveis”. Ou se valer de um trecho, apenas, do que é dito para simular “propaganda” esquerdista e usar isso como ferramenta de intimidação e vingança por notas baixas.

O assunto é grave e mereceu, em Portugal, regulamentação específica no Estatuto do Aluno e Ética Escolar, que estabelece os direitos e os deveres do aluno dos ensinos básico e secundário, lei editada em 2012.

(…)Art.10:

r) Não utilizar quaisquer equipamentos tecnológicos, designadamente, telemóveis, equipamentos, programas ou aplicações informáticas, nos locais onde decorram aulas ou outras atividades formativas ou reuniões de órgãos ou estruturas da escola em que participe, exceto quando a utilização de qualquer dos meios referidos esteja diretamente relacionada com as atividades a desenvolver e seja expressamente autorizada pelo professor ou pelo responsável [pelos] trabalhos ou atividades em curso;
s) Não captar sons ou imagens, designadamente, de atividades letivas e não letivas, sem autorização prévia dos professores, dos responsáveis pela direção da escola ou supervisão dos trabalhos ou atividades em curso, bem como, quando for o caso, de qualquer membro da comunidade escolar ou educativa cuja imagem possa, ainda que involuntariamente, ficar registada;
t) Não difundir, na escola ou fora dela, nomeadamente, via Internet ou através de outros meios de comunicação, sons ou imagens captados nos momentos letivos e não letivos, sem autorização do diretor da escola;

Se, em lugar de estimular o “dedurismo”, o sr. Bolsonaro se interessasse em saber como as coisas funcionam em sistemas educacionais sérios e de alto rendimento, como o português, não diria asneiras deste tipo e, sobretudo, não comprometeria ainda mais a indisciplina e o esvaziamento da autoridade do professor.

Ou, se não quiser ter muito trabalho, basta perguntar aos seus tutores fardados se nos colégios militares isso seria permitido.

Mas, ao que parece, aqui basta a tese idiota de que “não tem problema se você não estiver fazendo algo errado” e, claro, o papai “bombado” e a mamãe “preparada” do anjinho que quiser usar o celular como intimidação ao professor vão logo sair em defesa do ‘valente’ dedo-duro.

Bolsonaro defende ideia de filmar os professores


Josias de Souza

Jair Bolsonaro concedeu uma longa entrevista a José Luiz Datena, da Band. Conversaram por quase duas horas. A certa altura, o repórter quis saber a opinião do novo presidente sobre a ideia de filmar professores que façam suposta “doutrinação” política em sala de aula. Bolsonaro aprovou e estimulou a iniciativa: “Não tem problema nenhum, pode filmar.”
Deve-se a proposta de gravar professores à deputada estadual eleita Ana Caroline Campagnolo (PSL), de Santa Catarina. Ela pediu nas redes sociais que estudantes catarinenses filmem e denunciem professores que façam “queixas político-partidárias em virtude da vitória do presidente Bolsonaro”.
A Justiça mandou a deputada eleita pelo partido do presidente retirar da internet as mensagens que incitavam os alunos a realizar filmagens em sala de aula. Para Bolsonaro, porém, “o professor tem que se orgulhar e não ficar preocupado” com a hipótese de ser gravado. “Só o mau professor é que se preocupa com isso daí”, declarou.
A posição de Bolsonaro é lamentável e promissora. Deve ser lamentada porque não fica bem um presidente da República jogar alunos contra professores, estimulando a adoção de uma espécie de ‘macarthismo’ escolar. Pode ser uma boa promessa pelas perspectivas que se abrem.
Considerando-se que Bolsonaro acha que “não tem problema nenhum” filmar servidores públicos no exercício de suas funções, decerto instalará uma câmera no gabinete presidencial. O exemplo, como se diz, vem de cima.
Os contribuintes em dia com a Receita Federal adorarão acompanhar os despachos presidenciais em tempo real. E Bolsonaro se orgulhará de ser levado à vitrine, pois só um mau presidente da República se preocuparia com isso daí.

Alinhamento Bolsonaro a Trump traz risco para Brasil

EUA têm peso geopolítico maior para comprar brigas
Blog de Kennedy
O alinhamento automático de Jair Bolsonaro a posições de Donald Trump na política internacional traz riscos para o Brasil, como causar danos no comércio externo. Os Estados Unidos são a maior máquina econômica e militar do planeta. O Brasil tem peso geopolítico, mas margem de manobra mais estreita para comprar brigas na arena global.
Replicando decisão de Trump e o interesse de Israel, Bolsonaro disse que tende a mudar a Embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém. A primeira reação concreta veio do Egito, cancelando em cima da hora viagem ao Cairo que seria feita pelo ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira.
Um dos principais países árabes do mundo, o Egito fez algo inusual do ponto de vista diplomático para demonstrar sua contrariedade com uma eventual decisão de Bolsonaro pró-Israel e contrária aos palestinos.
Os países árabes formam um importante mercado importador de produtos brasileiros, sobretudo de proteína animal. Esse mercado foi conquistado com esforço de anos do Itamaraty durante os dois mandatos de Lula. Não é proveitoso para o Brasil criar atritos com esses parceiros comerciais.
Bolsonaro e sua equipe já produziram ruídos nas relações com Argentina, China, Cuba, Venezuela, Brics e, agora, países árabes. É preciso ter mais cálculo na política internacional, falando menos do que se faz nas questões domésticas.
O presidente eleito deveria indicar logo seu futuro ministro das Relações Exteriores, de preferência escolhendo um diplomata de carreira.

Maurilio é reeleito presidente da Câmara de Vereadores de Angelim


                                 
                                            Presidente reeleito Maurilio Cvalcanti 

O Vereador e atual presidente do legislativo municipal Maurílio Edson Cavalcanti foi reeleito presidente para o biênio 2019/2020 em eleição realizada na sessão realizada ontem a noite. 

A mesa diretora ficou assim constituída: 

Presidente - reeleito - Maurílio Cavalcante (PSB) 
1º Secretário - Severino Oliveira (PT) 
2º Secretário - reeleito - Bruno Caldas (PSB) 


                                   
                                         Vereadores Severino Oliveira e Bruno Caldas
                                                                          1º e 2º secretários 

Dos oito votos presentes, o vereador Robério Conrad esteve ausente por motivo de saúde de sua genitora se encontra adoentada em Recife, Maurílio conseguiu cinco, sendo o primeiro vereador em exercício no cargo de presidente do Poder Legislativo, a ser reeleito. Foi um marco na vida política do parlamentar e histórico na Câmara de Vereadores. 

O vereador-presidente, reeleito, agradeceu primeiramente a Deus, aos vereadores que confiaram no seu trabalho e aos funcionários da Casa Legislativa que o possibilitou sua recondução ao cargo. 

Os demais votados também agradeceram pelos sufrágios recebidos. Concorrendo ao cargo de presidente pela oposição, o vereador Sandro, fez referências ao processo democrático como foi conduzido a votação, agradecendo aos seus pares pelos votos obtidos.(fotos e dados do Blog Sr. Cariri)

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Egito barra chanceler brasileiro por politica externa ideológica de Bolsonaro


                    
247 - O Brasil já começa a sofrer reações da comunidade internacional pela decisão do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSC), de mudar a sede da embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém. 

Nesta segunda-feira, 5, às vésperas de desembarcar no Cairo para visita oficial, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, foi informado que o governo do Egito cancelou o compromisso por causa da decisão de Bolsonaro. Como relata a jornalista Denise Chrispim Marin, a decisão chegou a Brasília acompanhada de desculpa corriqueira na diplomacia: problemas de agenda, mas o governo entendeu o recado. 

A visita de Aloysio Nunes, seria entre os dias 8 e 11 de novembro ao seu contraparte, Sameh Shoukry, e ao presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sisi. Adiamento também afeta vinte empresários brasileiros que já se encontram no Egito, onde participariam de rodadas de negócios, mas que precisarão retornar.

Abandono da posição de equilíbrio mantida por décadas pela diplomacia brasileira em relação ao conflito entre israelenses e palestino provocou a reação de países árabes, quinto destino das exportações brasileiras, que apoiam a Palestina e deixaram clara sua discordância com a medida.

Obra de ampliação da ETE Cabanga está 30% concluída

A obra que está promovendo a ampliação e modernização da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Cabanga, a maior em operação no Estado, está 30% concluída. A unidade, localizada no bairro do Cabanga, Zona Sul do Recife, tem capacidade de tratar mil litros de esgoto, por segundo, e atende a população nos bairros do Pina, Boa Viagem, São José, Santo Antônio, Santo Amaro, Boa Vista, Bairro do Recife, Madalena e Torre.
Hoje, membros do Conselho de Administração da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) visitaram a ETE Cabanga, para ver de perto o andamento dessa grande obra, com previsão de ser concluída em setembro de 2019. Para um dos conselheiros, João Bosco de Almeida, que já foi presidente da Compesa por duas gestões, a obra da ETE  Cabanga representa um avanço no saneamento do Recife, que contará com uma unidade totalmente modernizada para garantir mais qualidade de vida à população. Os visitantes  foram  recepcionados pelo diretor Técnico e de Engenharia da Compesa, Rômulo Aurélio Souza e pelo chefe de Gabinete da Companhia, Carlos Eduardo Maia.
 
O Governo do Estado e a Compesa investem R$ 102 milhões na obra, que faz parte das ações do Programa Cidade Saneada. Após a finalização da obra, a ETE Cabanga terá condições de funcionar com 100% da sua capacidade e atender até 500 mil pessoas. As intervenções preveem a adequação da infraestrutura do sistema de tratamento, possibilitando que a unidade passe a utilizar tecnologia de desinfecção por sistemas de ultravioleta, melhorando o grau de remoção dos poluentes e, consequentemente, a qualidade dos efluentes tratados.

A Compesa está implantando 20 novas estruturas dentro do terreno já existente na unidade, com estações elevatórias, decantadores, medidores, digestores de lodo e queimadores de gás, além da casa de operação, laboratório, subestação e sala de painéis. A obra iniciou em junho de 2017.

Os muros da Cabuçu

POR FERNANDO BRITO ·no TIJOLAÇO
                               

Aos 60 anos, posso dizer que o que mais me ajudou a compreender o mundo foram as pichações que os irmãos Francisco dos Santos, comandados por Luiz Carlos, o mais velho, fizeram, nos anos 70, nos muros construídos para separar os prédios de um pequeno conjunto do IAPI, entre as ruas Cabuçu e Mar de Espanha, no Lins de Vasconcelos: “nós não somos vacas”, “pra quê o muro, ficaram ricos?”.

Olhando a foto de hoje, na capa de O Globo, onde militares norte-americanos estendem rolos e mais rolos de arame farpado contra a “manada” de latinos que vêm subindo para sua fronteira desde a miserável Honduras, não tenho nada a acrescentar ao que diziam os guris, meus vizinhos de então.

Não conseguem entender o óbvio, que a exclusão crescente, evidente, aumenta o número dos que estão fora e reduz o dos que estão dentro e, portanto, os torna mais passíveis da “invasão” que tanto temem.

Está na cara deles que o Rio das Pedras cresce mais que os condomínios da Barra da Tijuca, que Paraisópolis amplia-se mais velozmente que o Morumbi, e tal como hondurenhos, salvadorenhos e mexicanos, há um limite para contê-los com muros e farpas de metal.

Mas os homens do dinheiro tocam a flauta de um passado que já não pode existir para encantar a classe média, prometendo segurança com grades, com polícia e com balas para deter as multidões que não param de crescer.

Ficaram tão ricos, consideram a si mesmos como algo tão raro, valioso e superior que pensam em si como em algo a ser guardado em um cofre.

Eles não querem mais construir um mundo de paz para seus filhos, apenas uma jaula segura para protegê-los.

Petrolina vence Centro Limoeirense, fatura titulo da Série A2 e retorna à elite

João de Andrade Neto /Superesportes/Diario de Pernambuco


A equipe do Petrolina volta a elite do futebol pernambucano após cinco anosApós cinco anos, o Petrolina está de volta à elite do futebol pernambucano. Neste domingo, a Fera Sertaneja fez jus a melhor campanha de toda a competição e faturou o título, de forma invicta (oito vitórias e quatro empates), ao bater o Centro Limoeirense por 3 a 0 no estádio Paulo Coelho. Na partida de ida, as duas equipes haviam ficado no empate por 1 a 1, em Limoeiro.

Com a conquista, o Petrolina se torna, ao lado do Vera Cruz, o maior campeão da Série A2 do Campeonato Pernambucano, com três títulos. A equipe sertaneja já havia levantado a taça em 2001 e 2010. 

No jogo que garantiu o título (e o acesso), os donos da casa não deram chance ao Centro. Logo aos 16 minutos do primeiro tempo, Naldo abriu o placar para o Petrolina. Dois minutos depois, Jefferson ampliou dando um passo importante para a conquista. Na etapa final, com a Fera diminuindo o ritmo, o Centro esboçou uma reação. Mas aos 39, Eduardo marcou o terceiro para os donos da casa e sacramentou o resultado e a festa no sertão.

Com a classificação, o Petrolina se junta a Náutico, Sport, Santa Cruz, Central, Salgueiro, Afogados, América, Vitória e Flamengo de Arcoverde na Série A1 do Campeonato Pernambucano. 

A tabela da edição 2019 da competição deve ser públicada nos próximos dias, já que o regulamento foi decidido em conselho arbitral dos clubes e repetirá a fórmula da edição deste ano, com todos os times se enfrentando na primeira fase, em jogos só de ida, e os oito primeiros avançando às quartas de final. Os dois restantes serão rebaixados.

Para chegar ao poder, Moro cometeu 11 aos direitos de Lula

Da Rede Brasil Atual - A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) emitiu nota em que critica a decisão do juiz federal de primeira instância Sergio Moro de aceitar o cargo de ministro da Justiça no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).

Confira a íntegra da nota:

A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), entidade que congrega os mais diversos segmentos de formação jurídica em defesa do Estado Democrático de Direito, vem a público, diante do aceite do juiz federal Sergio Moro para integrar o Ministério da Justiça e da Segurança Pública do governo de Jair Bolsonaro, manifestar espanto e grave preocupação com este gesto eminentemente político e consequencial ao comportamento anômalo que o juiz vinha adotando na condução da operação Lava Jato.

A conduta excepcionalmente ativista adotada pelo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba sempre foi objeto de críticas contundentes por parte da comunidade jurídica nacional e internacional, rendendo manifestações em artigos especializados e livros compostos por centenas de autores, a denunciar o uso indevido da lei em detrimento das garantias e liberdades fundamentais. Em diversos episódios, restou evidente a violação do principio do juiz natural no critério da imparcialidade que deve reger o justo processo em qualquer tradição jurídica. Um juiz deixa de ser independente quando cede a pressões decorrentes de outros Poderes do Estado, das partes ou, mais grave, a interesses alheios à estrita análise do processo, deixando não apenas as partes, como também toda a sociedade sem o resguardo dos critérios de justiça e do devido processo legal.

Um juiz que traz para si a competência central da maior operação anticorrupção da história do Brasil não pode pretender atuar sozinho, à revelia dos demais Poderes e declarando extintas ou suspensas determinadas regras jurídicas para atender a quaisquer fins de apelo popular. Um juiz com tal concentração de poder deveria ser exemplo de máxima correição no uso de procedimentos jurídicos e tomada de decisões processuais, tanto pelos riscos às liberdades e direitos dos acusados como pelos efeitos nocivos de caráter econômico inexoravelmente provocados pela investigação de agentes e empresas.

No entanto, o que se viu nos últimos anos foi o oposto. O comportamento do juiz Sergio Moro, percebido com clareza até pela imprensa internacional ao noticiar um julgamento sem provas e a prisão política de Lula, foi a de um juiz acusador, perseguindo um réu específico em tempo recorde e sem respeitar o amplo direito de defesa e a presunção de inocência garantida na Constituição.

Recordem-se alguns episódios que denotam que o ativismo jurídico foi convertido em instrumento de violação de direitos civis e políticos, a condicionar o calendário eleitoral e o futuro democrático do país, culminando com a aceitação do magistrado ao cargo de Ministro da Justiça:

1. No início de 2016, momento de grave crise política, o juiz Sergio Moro utilizou uma decisão judicial para vazar a setores da imprensa uma conversa telefônica entre a então presidenta da República, Dilma Rousseff, e o ex-presidente Lula por ocasião do convite para assumir um ministério;

2. Em março de 2016, o juiz autorizou a condução coercitiva contra o Lula numa operação espetáculo, eivada de irregularidades e ilegalidades também contra familiares e amigos do ex-presidente;

3. Em 20 de setembro de 2016, às vésperas das eleições municipais, o juiz aceitou uma denúncia do Ministério Público contra Lula e iniciou a investigação do caso Triplex. O que se seguiu durante os meses seguintes foi um festival de violações ao devido processo legal, de provas ilícitas a violação de sigilo profissional dos advogados. Esses abusos foram denunciados ao Comitê Internacional de Direitos Humanos da ONU;

4. A sentença condenatória do caso Triplex, em julho de 2017, provocou revolta na comunidade jurídica, que reagiu com uma enxurrada de artigos contestando tecnicamente o veredito nos mais diversos aspectos e chamando a atenção para o comportamento acusatório e seletivo do magistrado;

5. A divulgação da sentença condenatória do caso foi feita um dia após a aprovação da reforma trabalhista no Senado Federal, quando então já se falava em pré-candidatura de Lula ao pleito de 2018;

6. O julgamento recursal pelo TRF4 em 27 de março de 2018, como se sabe, foi realizado em tempo inédito, em sessão transmitida ao vivo em rede nacional. Vencidos os prazos de embargos declaratórios, o Tribunal autorizou a execução provisória da pena, dando luz verde à possível prisão a ser decretada pelo juiz Sergio Moro, momento em que as ruas se acirraram ainda mais com a passagem das Caravanas do pré-candidato Lula pelo sul do país;

7. No dia 05 de abril, o STF julgou o pedido de habeas corpus em favor de Lula e, por estreita margem de seis votos a cinco, rejeitou o recurso pela liberdade com base na presunção de inocência. No próprio dia 05, contrariando todas as expectativas e precedentes, o juiz Sergio Moro determinou a prisão de Lula e estipulou que este deveria se apresentar à Polícia Federal até às 17h do dia seguinte. O mandado impetuoso é entendido pela comunidade jurídica, mesmo por quem não apoia o ex-presidente, como arbitrário e até mesmo ilegal;

8. Lula decidiu cumprir a ordem ilegal para evitar maiores arbitrariedades, pois já ecoava a ameaça de pedido de prisão preventiva por parte de Sergio Moro. No dia 07 de abril, Lula conseguiu evitar a difusão de uma prisão humilhante, saindo do sindicato nos braços do povo, imagem que correu o mundo como símbolo da injustiça judiciária;

9. No dia 08 de julho, houve um episódio que escancarou a parcialidade de Sergio Moro. O juiz, mesmo gozando de férias e num domingo, telefonou para Curitiba e, posteriormente, despachou no processo proibindo os agentes da Polícia Federal de cumprirem uma ordem de liberação em favor de Lula expedida pelo juiz de plantão no TRF4, o desembargador Rogério Favreto. Frise-se: mesmo sem ter qualquer competência sobre o processo, já em fase de execução, Sergio Moro desautorizou o cumprimento do alvará de soltura já expedido, frustrando a liberação, descumprindo ordem judicial, ignorando definitivamente a legalidade, o regime de competência e a hierarquia funcional;

10. Avançando para o processo na justiça eleitoral, já às vésperas das eleições presidenciais em primeiro turno e com o franco avanço do candidato Fernando Haddad, que substituiu Lula após o indeferimento da candidatura, o juiz Sergio Moro determinou a juntada aos autos da delação premiada do ex-ministro Antônio Palocci contra Lula, depoimento que havia sido descartado pelo MPF e que foi ressuscitado com ampla repercussão da mídia. Sabe-se agora, pelo vice-presidente eleito, General Mourão, que nesse tempo as conversas para que Moro viesse a compor um cargo político central no futuro governo já estavam em andamento;

11. Coroando a cronologia de ilegalidades e abusos de poder, frisa-se que Sergio Moro, ainda na condição de magistrado, atuou como se político fosse, aceitando o cargo de ministro da Justiça antes mesmo da posse do presidente eleito e, grave, tendo negociado o cargo durante o processo eleitoral, assumindo um dos lados da disputa, conforme narrado pelo general Hamilton Mourão. Tal movimentação pública e ostensiva do juiz confirma a ilegalidade de sua atuação político-partidária em favor de uma candidatura, o que se vincula ao ato de divulgação do áudio de Antonio Palocci para fins de prejudicar uma das candidaturas em disputa. O repúdio a essa conduta disfuncional motiva a ABJD a mover representação junto ao Conselho Nacional de Justiça – CNJ – com o fim de exigir do órgão o zelo pela isenção da magistratura, o respeito ao principio da imparcialidade e a garantia da legalidade dos atos de membros do Poder Judiciário.

Moro não poderia, em acordo com as normas democráticas vigentes, praticar qualquer ato de envolvimento político com o governo eleito ou com qualquer outro enquanto fosse juiz. Ao fazê-lo viola frontal e acintosamente as normas que estruturam a atuação da magistratura, tornando tal violação ainda mais impactante ao anunciar que ainda não pretende se afastar formalmente da magistratura, em razão de férias vencidas.

O ativismo do juiz Sérgio Moro não abala apenas a segurança dos casos por ele julgados e a Lava Jato como um todo, mas transfere desconfiança a respeito da ética e da independência com que conduzirá também o Ministério da Justiça e da Segurança Pública, um ministério ampliado e com poderes amplos, no momento em que o país passa por grave crise democrática, em que prevalecem as ameaças e a perseguição aos que defendem direitos humanos e uma sociedade mais justa.