A eleição na Venezuela, ocorrida no último
domingo, serviu para dois propósitos. Primeiro, para que o povo venezuelano
pudesse confirmar a vitória da revolução bolivariana iniciada por Hugo Chaves,
elegendo seu sucessor, o presidente Nicolas Maduro. O segundo propósito foi,
sem dúvida, a demonstração que os Estados Unidos têm um discurso hipócrita em
relação a democracia. Esse país vive pregando o respeito total à democracia,
todavia é o primeiro a desrespeitá-la e fomenta golpes pelo mundo a fora. O
presidente do Equador Rafael Correia tem uma frase que resume toda a política
externa dos Estado Unidos “Nos Estados Unidos não tem golpe, porque lá não tem
embaixada americana”. Isso mesmo, onde tiver uma embaixada americana, há
possibilidade de golpe ao país no qual ela está instalada.
Se
os estadunidenses fossem tão democráticos como eles dizem que são, respeitariam
a decisão soberana das nações e não incentivavam golpes militares através de
mercenários treinados pela CIA. Durante as décadas de 60 e 70, a América Latina
foi varrida por uma onda de golpes militares. Todos eles tendo os Estados
Unidos como fomentador e patrocinador desses golpes. Quem tiver oportunidade
assista ao filme documentário “O DIA QUE DUROU 21 ANOS” e você verá, com provas
documentais, a participação dos Estados Unidos no golpe civil-militar do Brasil
em 1964. A única democracia que esse país respeita é aquela que atenda a seus
interesses econômicos e políticos. Se realmente eles tivessem tanto zelo pela democracia
como eles dizem ter, não seriam aliados de uma das piores ditaduras do mundo, a
ditadura da Arábia Saudita.
Arábia
Saudita recebe esse apoio dos Estados Unidos porque não passa de uma ditadura
entreguista, submissa ao interesse desse país, possuindo cerca de um quarto de
reservas de petróleo do mundo. É o satélite americano de maior significado para
o imperialismo. De lá, são monitoradas todas as operações bélicas no Oriente
Médio. Já o tratamento dado ao Irã é bem diferente. Para os estadunidenses o
Irã é governado por um louco, fanático religioso que tem de ser apeado do
poder. Mas, porque será que os Estados Unidos têm esse tratamento com Irã? Ora,
meu caro! A resposta está na não-submissão desse país aos interesses americanos.
O Irã assim como a Venezuela possui as maiores jazidas de petróleo do mundo, e
os Estados Unidos querem dominar esses países para poder apropriar-se dessa
riqueza. E para isso juntamente com a mídia golpista venderem mundo a fora uma
imagem distorcida desses dois países. Nós somos bombardeados, toda semana, com
notícias desses países como sendo ditaduras sanguinárias que desrespeitam os
direitos humanos. Mas quem são os Estados Unidos para falarem de direitos
humanos? Um país que mantém na prisão de Guantánamo presos sem serem julgados,
sofrendo maus tratos. Quem não se lembra das imagens de soldados americanos
fazendo xixi sobre os corpos de iraquianos já mortos? Quem não se lembra das
imagens de torturas praticadas pelo exército estadunidense com presos na prisão
de Abu Ghraib no Iraque? Como podemos perceber os Estados Unidos estão cheio de
maus exemplos e, portanto sem condições alguma para dar lição de democracia a
qualquer povo do mundo.
O
povo venezuelano é livre para escolher seu presidente. Não necessita de que os
americanos venham lhe dizer quem eles devem escolher ou que suas eleições são
legitimas ou não. E nesse quesito, os Estados Unidos também não têm nada o que
ensinar. Todos nós ficamos sabendo da fraude eleitoral ocorrida na Florida para
eleger George Bush e depois confirmada pela Suprema Corte, tendo a maioria dos
seus membros indicados por Bush pai. Diferente da Venezuela que tem um dos sistemas
eleitorais mais seguro do mundo. Lá o voto é feito em urnas eletrônicas
biométricas, e ainda o eleitor é obrigado sujar seu dedo mindinho com uma tinta
que dura 48h como forma segura de que aquele eleitor não vote mais de uma vez.
O voto também é impresso e depositado em uma urna. No final da votação, 54%
desses votos são contados e os mesmos têm que corresponder ao mesmo número dos
votos eletrônicos. Os países da América Latina precisam ficar em alerta com
essa tentativa de golpe fomentada pelos Estados Unidos contra a Venezuela, pois
se eles tiverem sucesso em sua empreitada, com certeza, essa onda pode se
espalhar para os demais países que não se submeterem aos interesses americanos.
Texto escrito pelo colaborador do blog: Professor José Fernando da Silva, Graduado em História pela UPE: Garanhuns-PE.