Michel Temer e Moreira Franco são dois personagens que me embrulham o estômago.
Que vão além da repulsa racional ao que são e ao que representam.
O primeiro, porque, como um canalha, conspirou para derrubar a ordem constitucional que me custou a juventude ajudar a repor no Brasil.
O segundo, por razões mais próximas, porque vi agarrar-se à demagogia de José Sarney e a criminosos – e falo no sentido literal – para interromper o sonho de educar nossas crianças que me levou à caminhar com Leonel Brizola e Darcy Ribeiro durante duas décadas.
São figuras abjetas, portanto, para mim, porque me roubaram vida e não relógios ou o conteúdo de uma carteira que se possam repor.
É um desafio civilizatório defender que tenham um tratamento legal e justo.
Isso não é ideologia, é princípio, coisa que vem antes e nos obriga a não sermos selvagens com quem é diferente de nós.
O abandono dos pricípios nos torna monstros, nos torna selvagens.
E, fazendo assim, nos torna indignos de nossas crenças na humanidade, na justiça, na igualdade, nas velhas e insuperáveis bandeiras que moldaram gerações das quais nos orgulhamos de suceder, radicalistas republicanos.
Foi, portanto, um dia duro, em que , ao escrever, tive de deixar de lado os ódios pelo que Temer e Moreira fizeram com este pais e colocar à frente disso o que este pais não deve fazer com ninguém: prisões espalhafatosas, uso político da Justiça e linchamentos virtuais.
Dói mais conter a mão, pela razão, do que bater.
Preocupam-me menos os bandidos que estão apeados de suas posições de mando do que os bandidos estão lá e que os colocaram no poder e, agora que estão inservíveis, montam operações de guerra para prendê-los e humilhá-los.
Dia difícil, do qual se sai, porém, com a alma limpa, por não ceder à histeria, por não se entregar ao ódio, por não se brutalizar quando é fácil e prazeiroso se entregar à vingança.
Do qual se sair não como o “melhor”, mas como aquele que respeita os seres humanos, embora tão miseravelmente diferentes de nós.