sábado, 23 de fevereiro de 2019

Chantagem a ministros STF leva aliados de Lula à ONU

Mônica Bergamo – Folha de S.Paulo

Um grupo de advogados ligados a Lula quer levar à ONU as denúncias do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de que magistrados da Corte estão sendo chantageados por “milícias” institucionais de órgãos de investigação.
Eles acreditam que tais pressões podem comprometer a integridade das decisões do tribunal, em especial nos julgamentos de Lula.
Os advogados dizem que ministros como Mendes, que está sofrendo investigação da Receita Federal, não se curvam às pressões —mas o mesmo não ocorreria com outros magistrados.


O próprio Lula será consultado na próxima semana sobre a iniciativa.

Projeto da nova aposentadoria: até governistas chicoteiam


O projeto do governo para as novas regras de aposentadoria não tem apoio unânime nem no PSL.

A bancada conta com um grupo de servidores –como delegados e policiais– que já estuda emendas para diminuir a idade mínima e o tempo de transição para carreiras da segurança pública.
Deputados do partido de Bolsonaro também admitem estarem sentindo, desde já, a pressão por parte de algumas categorias, como professores, por alterações na reforma –os recados chegam especialmente por meio das redes sociais.  (Painel)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Há militares “rangendo os dentes, diz Mourão: Previdência

'O pessoal fica meio cabreiro; mas cumprirá [as determinações da reforma]', afirma ele
Mônica Bergamo – Folha de S.Paulo
vice-presidente, general Hamilton Mourão, afirma que há militares rangendo os “dentes” por causa da reforma da Previdência —mas diz que todos têm disciplina e vão aceitar as mudanças.
“O pessoal fica meio cabreiro, como todo mundo. Tem choro e ranger de dentes. Mas cumprirá [as determinações da reforma]. Ninguém vai fazer lobby para alterar nada”, garante o general. 
 A maior parte das propostas para os militares já tinha sido negociada pelo próprio Mourão no governo de Michel Temer —entre outras, o aumento do tempo de permanência na ativa, de 30 para 35 anos.

A Val do “01” complica mais a vida de Flávio Bolsonaro



POR FERNANDO BRITO · no Tijolaço

A Istoé que está indo às bancas traz o que faltava para comprovar que as ligações de Flávio Bolsonaro com milicianos iam além das homenagens feitas por ele na Assembleia Legislativa.

Valdenice de Oliveira Meliga, irmã dos gêmeos Alan e Alex Rodrigues Oliveira, ambos presos, era lotada no gabinete do então deputado estadual e hoje senador Flávio Bolsonaro e tão próxima a ele que assinava cheques de despesas de sua campanha ao Senado.

Diz a reportagem, assinada pelo repórter Wilson Lima, que Val “pode se tornar “nitroglicerina pura” para Flávio Bolsonaro. Ela é uma das pontas de um intrincado novelo que une as duas maiores fragilidades que hoje fustigam o filho do presidente da República e seu partido, o PSL: além do envolvimento com as milícias do Rio de Janeiro, o uso de supostos laranjas e expedientes na campanha para fazer retornar ao partido dinheiro do fundo partidário”.

Afinal, os cheques da campanha de Flávio assinados por Valdelice eram destinados a outra das responsáveis pelas contas da campanha, também servidora do gabinete na Alerj, Alessandra Ferreira de Oliveira, que também recebia dele e de mais 35 candidatos do PSL fluminense por “serviços de contabilidade”.

A história fica cada vez mais feia.

Na capa do Estadão de hoje, a confirmação da notícia que reproduzi aqui há dois dias sobre a inacreditável história contada pelo PM e assessor de Flávio Bolsonaro sobre os repasses que fazia para o ex-PM e colega de gabinete Fabrício Queiroz, o das milionárias movimentações financeiras.

A desculpa é que ele repassava R$ 4 mil dos R$ 6 mil que recebia para Queiroz, que os“devolvia , sempre, de R$ 4.500 a R$ 4.700, em espécie, como retorno do negócio, em aproximadamente um mês”, alegando que se tratava de negociação de veículos.

Assim que o Queiroz aparecer, vou aplicar com ele qualquer economia que tenha, porque 17,5% em um mês, limpos, nem o “El Chapo” paga.

“Deputados que juraram amor a Bolsonaro” agora rejeitam relatar reforma, diz Joice

Congresso em foco
Deputada mais votada da história da Câmara, como ela gosta de lembrar em plenário, Joice agora vê colegas fugirem da relatoria da reforma previdenciária
Najara Araujo / Câmara dos Deputados


Débora Álvares

"Deputados que juraram amor eterno ao presidente, agora se afastam. Se o texto é muito duro, a gente começa a discutir em cima do texto duro e começa a apanhar em cima dele."

A frase é da deputada Joice Hasselmann (PSL-PR), vice-líder do partido na Câmara dos Deputados, aliada de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro. A constatação de Joice é um retrato das dificuldades nas negociações para a definição da relatoria da proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência, cujo texto foi levado ao Congresso pelo próprio Bolsonaro.

O texto completo foi apresentado na quarta-feira (20) e gerou imediata reação entre parlamentares da base e da oposição, assim como entre governadores, especialmente das regiões Norte e Nordeste. O primeiro caminho é a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que será presidida pelo PSL, partido de Bolsonaro. Em um ato simbólico, ele esteve pessoalmente no Congresso para levar a proposta um dia após demitir o agora ex-aliado Gustavo Bebiano (Secretaria-Geral), na tentativa de estancar uma crise no governo.

Teoricamente, cabe ao presidente da CCJ a indicação dos relatores das propostas analisadas no colegiado. Mas na prática, no caso da Previdência, é o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que está à frente do processo. Ele não quer dar a função a nenhum parlamentar de seu partido, por acreditar que a sigla já está suficientemente contemplada no governo e no próprio Parlamento – o Senado também é presidido pelo DEM, com Davi Alcolumbre (AP) no comando.

Dois colegas, contudo, chegaram a demonstrar interesse na vaga: Arthur Maia (DEM-BA) e Pedro Paulo (DEM-RJ). Recentemente filiada ao PSL, a deputada Bia Kicis (DF) também se colocou à disposição para a tarefa, mas dificilmente será indicada.

Maia tem buscado interlocução com partidos da base do governo, mas tende a eleger um nome do chamado Centrão – PP, PSD, PR e PRB. Um nome que já circula nos bastidores é o do deputado Stefano Aguiar (PSD-MG). Ele, porém, estaria receoso após ter tomado conhecimento do texto completo da reforma, repleta de pontos que causaram desagrado em quase todos os partidos com representação na Câmara.

O Secretário da Previdência, Rogério Marinho, ex-deputado que não se elegeu nessa legislatura, já indicou preferência por Eduardo Cury (PSDB-SP). Maia, contudo, não demonstrou simpatia pela interferência do ex-colega.

Aliados do presidente acreditam que neste fim de semana, quando os parlamentares voltam às suas bases, será determinante para saber o real impacto que os pontos já sabidamente polêmicos no texto terão sobre os deputados. Muitos impactam, principalmente, o trabalhador do campo, os dependentes do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e demais pensionistas.

"Semana passada estava todo mundo se estapeando para se relator da reforma. Mas a vontade pelo protagonismo esta arrefecendo. Agora com redes sociais.... Boa parte desse povo aqui vai ser candidato à prefeituras no ano que vem. Não querem colar nenhuma imagem ruim. Está um climão geral", afirmou Joice Hasselmann, que esteve com o presidente Bolsonaro no fim da tarde de ontem (quarta, 20).

Desarticulação política

A reforma da Previdência é a grande prioridade do governo. Bolsonaro pediu que ela seja aprovada o quanto antes. Na CCJ e na comissão especial por onde ela passará em seguida na Câmara, basta que haja maioria simples para a PEC seguir adiante. A grande preocupação, no momento, é com a desarticulação da base governista para formar uma maioria no plenário.

"Existe aqui pelo menos 370 deputados que não têm a menor intenção de fazer oposição ao governo. Mas eles não sabem dialogar com essa base, não sabem unir esses votos", analisou o deputado Efraim Filho (DEM-PB).

Por se tratar de PEC, é necessário o aval, em dois turnos de votação, de pelo menos 308 deputados para a proposta passar para o Senado. Pelos cálculos de aliados do governo, se fosse à votação hoje, o texto não teria mais que 200. "É muito menos crise política, e muito mais falta de articulação. Não sabem fazer coalizão", concluiu Efraim.

Ele ponderou, porém, que há tempo para negociar, já que há necessidade de respeitar alguns prazos de tramitação na CCJ e na comissão especial da Câmara por onde a PEC passará antes de ser votada no plenário. "Isso vai levar, no mínimo, uns dois meses ainda. Há tempo para diálogo."

Aliados desconfiados de Bolsonaro

Deputados rejeitam termos de negociação de Bolsonaro e levantam cargos ocupados por militares
Daniela Lima – Painel - Folha de S.Paulo

Pintados para a guerra - O primeiro aceno de Jair Bolsonaro ao Congresso não adoçou líderes das legendas com as quais o presidente negocia.
Eles torceram o nariz para os termos que devem constar do decreto que vai nortear indicações para cargos públicos e dizem que o Planalto ainda trata a política como “patinho feio”.
Deputados começam a listar postos antes ocupados por seus afilhados que hoje abrigam militares. Recado: o governo diz combater o compadrio mas, na prática, exerce o velho corporativismo.

Cabeça a prêmio no Turismo


Helena Chagas no Divergentes

Tudo o que o governo menos precisa neste momento é de mais uma demissão turbulenta no primeiro escalão, mas subiu muitos graus nas últimas horas a preocupação de interlocutores militares de Jair Bolsonaro com a situação do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio. Novas revelações sobre o braço mineiro do laranjal do PSL, que transferia recursos eleitorais para candidatas sem chance, que repassavam dinheiro para empresas e gráficas sob suspeita de ligações com caciques do partido, deixaram Álvaro Antônio na marca do pênalti –  sobretudo depois da demissão de Gustavo Bebianno.
Já ficou claro que o laranjal não foi a principal razão da saída de Bebianno, que, ao que parece, tem menos proximidade com as laranjas e suas operações do que o ministro do Turismo. Mas foi um importante pretexto usado pelo Planalto, que agora fic em situação cada vez mais desconfortável diante do avanço da investigação.
A principal personagem do caso mineiro, a ex-candidata Cleuzenir Barbosa, entregou um assessor direto de Álvaro Antônio em seu depoimento ao Ministério Público. Cleuzenir já deu entrevistas à Folha e à TV Globo falando do esquema, e tudo indica que as investigações sobre o partido do presidente vão avançar.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

A incrível omissão do governo no caso da Ford



POR FERNANDO BRITO · no Tijolaço

É inacreditável a inércia do governo brasileiro no caso do anunciado fechamento da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo.

Para entender a importância disso basta imaginar o inverso: a festa que os governantes estariam fazendo se a montadora, em lugar de fechar, estivesse abrindo uma fábrica.

Mas não temos Ministro do Trabalho para defender os 3 mil trabalhadores que, de boa-fé, fizeram um acordo em maio do ano passado para ter, entre outras vantagens, estabilidade no emprego.

Também não temos ministro da Indústria e Comércio, que pressione a empresa pelos benefícios tributários que recebeu a fim de funcionar e crescer.

Sequer temos um presidente disponível para falar com a alta direção da empresa, aqui e lá na matriz americana para reverter essa decisão que, noticia-se está ligada à intenção do CEO da empresa, Jim Hackett de reduzir ao máximo a empresa, acabando com os prejuízos e investindo onde há perspectiva de lucro.

O presidente está ocupado, tuitando.

Vrdade que o governador de São Paulo se mexeu, mas com uma história estranhíssima de vender a planta a outra montadora, diz-se que à GM, outra que anunciou o fechamento de fábrica no Brasil, não faz muito, em janeiro.

Montadora de automóvel, quando diz que vai fechar, o faz por duas coisas: quer vantagens fiscais ou não acredita na expansão dos negócios e acha que faz melhor com uma estrutura menor.

Coisa estranha para quem diz que estamos senão em plena, às portas de uma retomada que, asim que os velhinhos estiverem com sua miséria garantida, vai despejar dólares e dólares sobre o Brasil.

Cr$ 400: a Previdência e os miseráveis

Presidente do PSDB, o ex-governador Geraldo Alckmin adotou tom cauteloso ao comentar a reforma da Previdência.

Ele diz que a sigla vai se debruçar sobre o texto e debatê-lo com especialistas após o Carnaval, mas antecipou uma crítica.
Alckmin considera que é “desumano” fazer com que os idosos miseráveis só possam receber um salário mínimo integral após os 70 anos.
Pela proposta do governo, o pagamento, via Benefício de Prestação Continuada, começa com R$ 400.  (Folha)

Pau na reforma de Bolsonaro

A reforma de Bolsonaro vai receber uma enxurrada de emendas. Líderes da Câmara já articulam mudar o texto e desobrigar estados e municípios de adotarem as regras que forem aprovadas em Brasília. A equipe econômica atrelou o funcionalismo estadual para envolver os governadores na articulação do projeto.

A ideia é inserir dispositivo que repasse a responsabilidade às assembleias. Deputados dizem que não vão assumir também ônus que seriam dos legislativos locais.
Categorias até aqui afeitas ao governo também reagiram. O líder da bancada da bala, Capitão Augusto (PR-SP), diz que, inicialmente,policiais e bombeiros militares não se sentem contemplados. “Já demos nossa cota de sacrifícios”.  (Painel)

Pressão e compensação: Planalto oferece emendas e cargos

Os presidente da Câmara e do Senado vão conduzir a tramitação da reforma da Previdência
Amanda Almeida, Bruno Góes e Karla Gamba - O Globo
Pressionado por aliados em meio ao vácuo na articulação política , o governo decidiu na quarta-feira acelerar a liberação de emendas parlamentares e atender a indicações políticas para cargos do segundo e terceiro escalões.
O recado sobre a “ansiedade de parlamentares pela participação no governo” foi levado ao presidenteJair Bolsonaro pelos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre(DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em almoço com a participação do ministro Onyx Lorenrozi (Casa Civil) e do líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO).
Os dois reforçaram que o DEM está disposto a liderar a articulação pela aprovação da reforma da Previdência, mas que o governo precisa dar A pressão funcionou, e o DEM saiu com mais capital político.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Barganha: derrubar governistas fardados


A atuação do líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), voltou a ser alvo de forte ofensiva.

Dirigentes partidários demonstram que, assim como a derrubada do decreto que facilitava o sigilo de documentos públicos, a queda de Hugo está dentro do pacote de sinais de descontentamento que o Parlamento quer mandar a Jair Bolsonaro.
Um líder do centrão diz que é impossível negociar com Onyx Lorenzoni (Casa Civil).
O ministro ouve as demandas mas sempre diz que não tem autonomia para garantir o atendimento por parte do governo. (Folha de São Paulo)

Pouca força para enfrentar crise

Após a divulgação na Veja dos áudios de conversas de Bolsonaro com o agora ex-ministro Gustavo Bebianno, parlamentares simpáticos ao presidente disseram que ele pareceu inseguro, disputando poder com um auxiliar.

E que transformou em crise algo que não merecia “nem sequer 2 minutos de atenção”.

O que se diz: Jair pode não chegar lá. Comparado a Collor

Mônica Bergamo – Folha de S.Paulo

A necessidade do que se chama de “plano B” a Jair Bolsonaro começou a circular sem rodeios entre alguns parlamentares, inclusive do PSL, o partido do presidente.
Nas conversas, discute-se a possibilidade de o presidente não conseguir tocar o governo até o final, dada a instabilidade de sua personalidade, escancarada na crise da demissão de Gustavo Bebianno.
Bolsonaro, nos diálogos de líderes parlamentares, é comparado ao ex-presidente Fernando Collor de Mello, que sofreu impeachment em 1992 depois de uma eleição consagradora.

Militares se queixam: os filhos e desarrumação do governo

Militares se queixam de filhos e de desarticulação do governo Bolsonaro
Com crise, três ministros generais pedem freio de arrumação ao presidente
Igor Gielow – Folha de S.Paulo

O agravamento da crise política levou três expoentes da ala militar do governo ao encontro de Jair Bolsonaro (PSL) para expressarem a queixa do setor sobre a influência dos filhos do presidente e sobre a inoperância da articulação com o Congresso.
Segundo relatos, os generais da reserva e ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Fernando Azevedo (Defesa) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo) pediram um freio de arrumação.
Folha ouviu descrições da conversa segundo as quais o risco de perda de apoio entre a ala militar foi comentado. Outras, contudo, descartaram tom alarmista nesse sentido.
Dois itens constantes do cardápio da crise levaram à subida de tom. O primeiro foi a divulgação dos áudios trocados por Bolsonaro e o ex-ministro Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral).
O fato de o presidente estar exposto e, pior, a possibilidade de haver gravações de fato comprometedoras, é considerado um desastre.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Humberto: Bolsonaro tenta esconder crise do laranjal com Reforma da Previdência


Prestes a ser entregue, pessoalmente, ao Congresso Nacional pelo presidente Jair Bolsonaro, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de Reforma da Previdência é alvo de severas críticas da oposição e mesmo de aliados do governo. Segundo o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT), Bolsonaro tentará vender a medida para esconder os seus problemas internos, como a demissão do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, a disputa política entre aliados e várias denúncias de candidaturas laranjas na campanha eleitoral do ano passado envolvendo o seu partido, o PSL. 

A PEC prevê, entre outras ações, idade mínima de 65 anos para homens e 62 anos para as mulheres se aposentarem. Segundo o senador, há toda uma estratégia de marketing falaciosa para tentar confundir os brasileiros. Para ele, a mudança no cálculo da previdência vai prejudicar, sobretudo, os mais pobres, que começam a trabalhar mais cedo. 
"Querem convencer os brasileiros, por meio de publicidade enganosa patrocinada com dinheiro oficial, de que trabalhar mais, contribuir por mais tempo e, no final, ganhar menos – ou seja, perder direitos – é algo positivo. A proposta não mexe com os verdadeiros privilégios. Ela vem sob medida para os pobres pagarem a conta. Mais uma vez, o povo é que irá pagar o pato", afirmou. 
Humberto ainda lembrou que foi o próprio Bolsonaro que disse que era "falta de humanidade" determinar a idade mínima de 65 anos para aposentadoria, ainda durante o governo de Michel Temer. Na época, Bolsonaro chegou a falar que o projeto prejudicava especialmente o Nordeste, onde a expectativa de vida é mais baixa. 
"Bolsonaro ganhou a eleição na base da mentira e da fake news. Ele disse que ia acabar com a corrupção no seu governo, mas os escândalos só se acumulam. Falou que não ia trocar cargos por apoio, mas agora negocia mil vagas do segundo escalão para conseguir comprar a aprovação dessa reforma que ele mesmo afirmou ser desumana. Agora, apresenta um projeto mais cruel do que o que criticava", disse. 
Humberto afirmou ainda que mesmo com a tentativa de mudar o foco, a crise política persiste. "São menos de 50 dias de governo em queda livre. As crises não terminam, elas se acumulam. O governo Bolsonaro já está caindo como laranja podre", afirmou.

O vício de atirar pelas costas


POR FERNANDO BRITO · no Tijolaço


Há um problema de caráter nas atitudes de Jair Bolsonaro que é, no final das contas, a única coisa que, nele, não se sujeita ao marketing.

Bolsonaro não admite nada que não seja a sua própria vontade e, quando é forçado a contrariá-la, como neste episódio da demissão de Gustavo Bebianno, faz questão de mostrar que está fazendo o minimo minimorum que o cargo – e a manutenção dele – o exigem.

O vídeo onde faz, ainda que forçados e num tom escancaradamente burocráticos, elogios ao Gustavo Bebianno foi distribuído aos jornalistas, mas não publicado nas redes sociais do Presidente.

Não saíram, portanto, nos novos “diários oficiais” de seu fanáticos seguidores.

Aliás, nem se referiu expressamente à demissão, limitando-se a reproduzir seu porta-voz num vídeo onde só aos 3 minutos referiu-se a ela, respondendo perguntas dos jornalistas. E sob o anódino título de “Porta-voz da Presidência da República expõe como foi a agenda do Governo no dia de hoje (18/02/2019)”.

Pensa ter cumprido, assim, “na conta do chá”, a exigência de seu ex-auxiliar.

Quem conhece o comportamento humano sabe o quanto são inúteis as ofensas em público e elogios “em particular”, neste caso por serem feitos fora do “mundo virtual ” de seus áulicos.

O editorial de hoje do Estadão, até agora o veículo que lhe era mais generoso, diz tudo, a partir do título “Muito ajuda quem não atrapalha”.

Desnorteado, governando ao sabor da gritaria nas redes sociais, o presidente deixou de construir uma articulação organizada no Congresso.(…)Bolsonaro parece convencido da necessidade de uma profunda reforma na Previdência, dado que passou a vida inteira como parlamentar a boicotar mudanças nas aposentadorias.
Seria ingênuo acreditar que Bolsonaro, de uma hora para outra, passará a se comportar como presidente e assumirá as responsabilidades de governo. Mais realista é torcer para que ele, pelo menos, pare de atrapalhar.

O tom é esteentre todos ou quase todos os comentaristas conservadores. Até Merval Pereira se mostra desconsolado.

De Bolsonaro, como de Michel Temer, espera-se apenas que faça, sem muita “marola” o serviço sujo do arrocho. Logo que o fizer ou caso se prove incapaz de fazê-lo, seu fim só não será o mesmo que aquele que teve seu antecessor oorque será pior, muito pior para ele e para o país.

Articulação política do governo está capenga


Aliados de Gustavo Bebianno, agora ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, receberam antecipadamente a informação de que Jair Bolsonaro gravaria um vídeo de desagravo a ele.

Após um longo processo de fritura pública, pessoas próximas diziam que o outrora braço direito do presidente estava sereno nesta segunda
A saída de cena de Bebianno ampliou a sensação de que a articulação política do governo está capenga.
Líderes de partidos da base discutiam nesta segunda (18) um boicote à reunião com o presidente convocada para quinta (21).  (Painel)

Enquanto o governo briga, o DEM se cacifa


Coluna do Estadão

Ao mesmo tempo que o PSL se consome em disputas internas e guerras santas, o DEM, empoderado pelo comando do Congresso, define seu plano de voo para atravessar os anos Bolsonaro: chegar a 2022 como o partido da agenda econômica, incluindo a reforma da Previdência.
Em recente ida a Brasília, o prefeito de Salvador, ACM Neto, presidente da sigla, pediu a suas bancadas proximidade com o Planalto quando o assunto for a aprovação de regras de modernização da economia e distância regulamentar de crises, “negocismos” e extremismos.Novos tempos.
Segundo quem participou do encontro com ACM Neto, ele acha que o Democratas tem de mostrar ao eleitor ser possível apoiar um projeto de governo sem cair na fisiologia, prática que carimbou o antigo PFL.Para governistas, a indicação do general Floriano Peixoto para o lugar de Gustavo Bebianno foi mais uma demonstração de inabilidade do governo, que teria perdido a chance de abrir espaço (e cargos, claro) a aliados. Ciúme: “Logo vai faltar militar nas Forças desse jeito”, brinca um líder.

Paulo ‘preso’ e Aloysio ‘revistado’: sem Moro, Lava Jato vai aos tucanos?


POR FERNANDO BRITO ·no Tijolaço

Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto – apontado como operador de propinas do PSDB, foi preso agora cedo por ordem do novo juiz da 13ª Vara Criminal de Curitiba, onde reinava Sérgio Moro. O ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira (ex-senador tucano) está sendo alvo de alvo de mandados de busca e apreensão.

Ainda não se sabe a extensão dos fatos que motivaram a ação de hoje, mas faz anos que se sabe que Paulo Vieira de Souza, diretor da Dersa duante a construção do Rodoanel, nos governos tucanos de São Paulo, era coletor de recursos do partido.

Tanto que, quando José Serra foi confrontado com estas acusações e “se esqueceu” de quem era Paulo Preto, o agora preso reclamou que não se deixava “um líder assim na beira da estrada”.

Serra, por sinal, deve estar com as barbas de molho, ao ver as de Aloysio, seu parceiro, em chamas.

E o pacote de Moro, agora, ganhou mais alguns percalços no Congresso, embora Bolsonaro possa contar com o desvio das luzes para longe do caso Bebianno-laranjas.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

No caso Bebianno, a mentira é o que menos importa

Bernardo Mello Franco – O Globo
Na versão oficial, o novo governo terá a primeira baixa por causa de uma mentira. O vereador Carlos Bolsonaro acusou o ministro Gustavo Bebianno de relatar conversas inexistentes com o pai. “Mentira absoluta”, tuitou o Zero Dois. O presidente apoiou o filho e reforçou a fritura do auxiliar.

O tiroteio verbal agravou a crise, mas desviou o foco de sua origem. Bebianno está na berlinda porque comandava o PSL quando o partido que prometeu limpar a política declarou gastos com candidatos fantasmas. A família do presidente culpa o ministro pelo laranjal. Ele ameaça espremer o chefe depois que virar suco.
Como os repasses saíram do fundo eleitoral, o conflito de versões é o que menos importa. O essencial é saber quem embolsou o dinheiro público. E o que Bebianno está disposto a revelar sobre a “campanha mais pobre da história do Brasil”, nas palavras do presidente.
Se a mentira virasse critério de corte, sobraria pouca gente no governo. Na última semana, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sugeriu que Chico Mendes era grileiro de terras. O ambientalista lutou pela floresta amazônica e foi assassinado a mando de um fazendeiro. Salles foi condenado por improbidade administrativa, acusado de fraudar mapas para favorecer uma mineradora.
A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, já virou folclore pelas cascatas em série. Antes de assumir o cargo, ela inventou que hotéis-fazendas incentivam a zoofilia e que os holandeses ensinam bebês a se masturbar. Em sua última contribuição ao anedotário, incentivou todos os pais de meninas a fugirem do país.
Os delírios da pastora sugerem que ela habita um mundo à parte, onde o fundamentalismo borra as linhas que separam realidade e ficção. O chanceler Ernesto Araújo parece orbitar o mesmo planeta quando nega as mudanças climáticas e promete libertar o Itamaraty do “marxismo cultural”.
Bolsonaro também tem uma relação conflituosa com os fatos. Na campanha, ele espalhou informações falsas sobre o voto eletrônico, a distribuição de livros escolares e a sua própria produção legislativa, entre outros temas. Em janeiro, foi a Davos e disse que o Brasil é “o país que mais preserva o meio ambiente”. Três dias depois, o mundo se chocou com as imagens de Brumadinho.
A exemplo de Donald Trump, de quem é fã, o presidente reage a cada desmentido acusando a imprensa de difundir “fake news”. No fim de 2018, o jornal “The Washington Post” atualizou a contagem das declarações falsas do republicano, um farsante contumaz. Concluiu que ele contou mais de 5.600 mentiras no ano. Uma média superior a 15 embustes por dia.

Mourão está no comando


Hayle Gadelha
Vamos falar claramente: o "governo" Bolsonaro já teria acabado, se não fosse o vice Mourão.
Nessa última trapalhada de pai e filhos envolvendo Bebbiano, Mourão teve que intervir drasticamente.
Com certeza deu um berro na família, declarou que "roupa suja se lava em casa", tirou os filhos do primeiro plano, mandou o pai fazer de conta que apoiaria Bebbiano para depois demiti-lo.
Se não demitisse Bebbiano, o "governo" Bolsonaro estaria extinto e os governantes militares estariam assumindo a total incapacidade de fazer política.
Mourão fez mais ainda: mandou acelerar a proposta de reforma da Previdência para mudar o foco.
E o filho Carlos, vereador no Rio de Janeiro, ainda arranjou uma medalha Pedro Ernesto para Mourão.

Moro e a visita à Taurus: nada a declarar

Elio Gaspari - Folha de S.Paulo
Em Brasília, o ministro Sergio Moro foi do noviciado ao folclore em menos de dois meses.

Quando lhe perguntaram se, dias antes da edição do decreto que facilitou a posse de armas, encontrou-se com hierarcas da indústria Taurus, deu a seguinte resposta:
"O direito à privacidade, no sentido estrito, conduz à pretensão do indivíduo de não ser foco de observação de terceiros, de não ter os seus assuntos, informações pessoais e características expostas a terceiros ou ao público em geral".
Madame Natasha intrigou-se com a vontade de Moro de ficar fora das vistas do "público em geral". Mandava melhor Armando Falcão, seu antecessor de 1974 a 1979, com o famoso bordão "nada a declarar".