247 - O consultor Júlio Camargo, que prestava
serviços às empresas Toyo Setal e Camargo Corrêa, contou à Justiça
Federal, em depoimento nesta quinta-feira 16 em Curitiba, ter sido
pressionado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a pagar
US$ 10 milhões em propinas para viabilizar dois contratos para a
construção de navios-sonda junto à Petrobras.
Segundo Júlio Camargo, Cunha pediu pessoalmente a ele a quantia de
US$ 5 milhões, em uma reunião no Rio. De acordo com o depoimento, Cunha
teria dito que estava "no comando de 260 deputados", além de ter
mostrado certa "agressividade" durante o encontro. O delator disse ainda
que não havia revelado o fato anteriormente por temer represálias às
empresas que representava ou mesmo em relação a si próprio.
O peemedebista negou as acusações e chamou o delator de "mentiroso".
"Ele é mentiroso. Um número enorme de vezes dele negando qualquer
relação comigo e agora (ele) passa a dizer isso. Obviamente, ele foi
pressionado a esse tipo de depoimento. É ele que tem que provar. A mim,
eu nunca tive conversa dessa natureza, não tenho conhecimento disso. É
mentira", afirmou Eduardo Cunha.
Um advogado que presenciou o depoimento afirmou que "Cunha é o
beneficiário final. Júlio Camargo imputou ao Eduardo Cunha divisão da
eventual propina ou do valor que o Fernando Baiano ganhou, metade para
cada um". Dos US$ 5 milhões entregues a Cunha, metade teria sido obtido
junto ao doleiro Alberto Youssef. O restante teria sido obtido junto a
Fernando Baiano, apontado como um dos operadores do esquema.
Segundo Júlio Camargo, Fernando Baiano seria o "sócio oculto de
Eduardo Cunha". É a primeira vez que Júlio Camargo cita Eduardo Cunha
como receptor de propina no âmbito da Lava Jato. Ele teve a delação
premiada homologada em dezembro do ano passado. Em Brasília, há dias os
comentários dão conta de que Cunha está prestes a ser denunciado. O
deputado afirmou que, se isso acontecer, ele retaliará o Planalto.
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