Por Rodrigo Tolotti Umpieres
SÃO PAULO - Após toda a confusão envolvendo as perdas com corrupção e
que atrasou os balanços do terceiro e quarto trimestres de 2014, a
Petrobras (PETR3; PETR4) iniciou este ano com um lucro líquido de R$
5,33 bilhões, informou a companhia na noite desta sexta-feira (15). O
resultado é praticamente o mesmo de um ano atrás, quando o lucro foi de
R$ 5,39 bilhões. A receita de vendas da companhia ficou em R$ 74,35
bilhões, ante R$ 81,55 bilhões de um ano antes, leve queda de 9%.
Já o Ebitda Ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e
amortização) encerrou os três primeiros meses do ano em R$ 21,52
bilhões, uma forte alta de 50% ante o primeiro trimestre de 2014, quando
foi de R$ 14,35 bilhões. Em nota, o presidente da companhia.
Aldemir Bendine, afirmou que a queda do lucro refletiu a
desvalorização cambial registrada no período. Ainda segundo, a melhora
no Ebitda é explicada pela maior produção de petróleo, pelas maiores
margens nas vendas de combustíveis no Brasil e pelos menores gastos com
participações governamentais e importações.
"No 1T15, a depreciação de 20,8% do real em relação ao dólar gerou
efeitos no resultado, patrimônio e indicadores da Companhia, sem
impactos significativos em termos de fluxo financeiro líquido", disse a
Petrobras. Sob impacto do câmbio, a dívida líquida da empresa avançou
18%, de R$ 282 bilhões, em dezembro de 2014, para R$ 332 bilhões. As
captações com a China e com bancos estatais não refletiram no
endividamento porque foram fechadas em abril.
Segundo o comunicado da estatal, o resultado foi favorecido pelo
efeito integral dos reajustes de 5% no preço do diesel e de 3% no preço
da gasolina ocorridos em 7 de novembro de 2014. Além disso, os menores
custos das vendas, refletindo a redução dos gastos e dos volumes com
importações de petróleo e derivados, e a redução da receita com
exportações, influenciada pela menor cotação do Brent (29%) no mercado
internacional, também favoreceram a companhia. As despesas financeiras
líquidas de da petrolífera ficaram em R$ 5,62 bilhões.
Em 22 de abril, a Petrobras divulgou ter tido prejuízo de R$ 21,7
bilhões no ano de 2014, decorrente da baixa em ativos nos valores de R$
6,2 bilhões atribuídos a perdas com corrupção –dentro do esquema
revelado pela Operação Lava Jato – R$ 44,6 bilhões em perdas de valor
dos ativos e R$ 2,7 bilhões pela desistência da construção de duas
refinarias, no Maranhão e no Ceará.
Resultado por segmento O resultado líquido na área de Exploração
& Produção teve forte queda de 70%, caindo de R$ 10,65 bilhões para
R$ 3,15 bilhões. Segundo a companhia, a queda se deve aos menores preços
de transferência/venda de petróleo, refletindo o efeito líquido da
redução das cotações internacionais da commodity (50%) e da depreciação
do real frente ao dólar (21%), compensados parcialmente pelo aumento da
produção de petróleo e LGN no país (12%), pelos menores custos com baixa
de poços secos e/ou subcomerciais, bem como pelo fato do 1T14 ter sido
onerado pelo provisionamento do Programa de Incentivo ao Desligamento
Voluntário (PIDV).
Por outro lado, o resultado do segmento de Abastecimento disparou
229%, passando um prejuízo de R$ 4,81 bilhões para R$ 6,18 bilhões. Em
nota, a estatal afirmou que "o lucro líquido do 1T15 decorreu dos
menores custos de aquisição/transferência de petróleo, refletindo o
efeito líquido da redução das cotações internacionais da commodity (50%)
e da depreciação do real frente ao dólar (21%), da menor participação
de petróleo importado na carga processada e de derivados importados no
mix das vendas, assim como dos reajustes de preços do diesel (5%) e da
gasolina (3%) ocorridos em 7 de novembro de 2014".
Já no segmento de Gás & Energia, o aumento do lucro foi de 167%,
para R$ 1,38 bilhão, ante R$ 515 milhões nos três primeiros meses de
2014. "O aumento no lucro líquido decorreu, principalmente, da reversão
de provisão para perdas com recebíveis do setor elétrico, bem como do
aumento na margem média de comercialização de gás natural, em função dos
menores custos com importação de GNL e da maior oferta de gás natural
nacional, compensados parcialmente pela menor margem média de
comercialização de energia elétrica", disse a Petrobras.
Em Biocombustível, o resultado foi negativo em R$ 49 milhões, contra
um prejuízo de R$ 75 milhões um ano atrás, uma melhora de 35%. "A
redução do prejuízo decorreu das menores perdas com participação em
investimento no setor de biodiesel, assim como da melhora nas margens
das operações de biodiesel", afirmou a companhia em seu release de
resultado.
No segmento de Distribuição, a alta foi de 15%, passando de R$ 484
milhões para R$ 555 milhões entre ano passado e o primeiro trimestre de
2015. Segundo a companhia, "o aumento do lucro líquido decorreu das
maiores margens médias de comercialização de combustíveis, associadas ao
aumento no volume de vendas (1%), além do fato do 1T-2014 ter sido
onerado pelo provisionamento do Programa de Incentivo ao Desligamento
Voluntário (PIDV)".
Por fim, a área Internacional viu seu resultado piorar em 86%,
passando de um lucro de R$ 753 milhões há um ano, para R$ 103 milhões
entre janeiro e março deste ano. "A redução do lucro líquido decorreu
dos menores preços de venda de petróleo e dos menores ganhos com
participações em investimentos na África, refletindo o comportamento das
cotações da commodity no mercado internacional, associado aos menores
volumes vendidos de petróleo decorrentes da venda de ativos na Colômbia e
no Peru em 2014, assim como ao fato do 1T2014 ter sido beneficiado pelo
reconhecimento de créditos fiscais de empresas na Holanda. Esses
fatores foram compensados parcialmente pelo ganho obtido na venda dos
campos da Bacia Austral na Argentina", disse a estatal.