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quinta-feira, 16 de julho de 2015

Togas esvoaçantes: E assim agem o nosso Judiciario



Carlos Brickmann

Era outra época, claro. O desembargador paulista Sílvio Barbosa devolvia todos os presentes que recebia, fosse qual fosse o valor, fosse qual fosse o motivo; não aceitava carona nem quando ia a pé para o Fórum e pegava uma chuva. Não ficava bem um juiz receber favores de alguém a quem poderia eventualmente ter de julgar. E é outro país, claro. Nunca ninguém ouviu dizer que o presidente da Suprema Corte americana, John Roberts, tenha conversado informalmente com o presidente da República, o presidente do Congresso, empresários ou advogados.

Tudo mudou: o presidente do Supremo se encontra com a presidente da República em Portugal (e só não foi em segredo por incompetência). O ex-presidente do Supremo se reúne com o presidente da Câmara e conversam sobre o impeachment da presidente da República. Tudo tão mal feito que esqueceram de combinar o que diriam: Eduardo Cunha garantiu que o afastamento de Dilma não entrou na conversa, Gilmar Mendes disse que o tema entrou lateralmente.

Nem o juiz Sérgio Moro se privou de opinar sobre concorrências públicas: queria afastar empresas que ainda estão sendo investigadas, em casos que sequer foram julgados. 

E pensar que houve tempos em que juiz só falava nos autos!

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