SÃO PAULO (Reuters) - A hidrelétrica de Belo Monte,
no Pará, colocou 30 mil operários no canteiro de obras para recuperar
atrasos e deve iniciar a geração de energia em novembro próximo,
disseram à Reuters a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a
Norte Energia, responsável pela usina. Pelo cronograma original, a usina
deveria ter começado a geração em fevereiro deste ano.
"Eles estão com uma defasagem, um pouco de atraso, mas estão
trabalhando muito para recuperar. Tiveram diversas dificuldades,
ambientais e alguns embargos, mas estão conseguindo recuperar", disse o
diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) José Jurhosa. "A
quantidade de gente que está trabalhando lá é impressionante".
As primeiras máquinas a operar serão do Sítio Pimental, que soma 233
megawatts, enquanto a maior parte da usina, com 11 mil megawatts, deve
começar a produzir apenas em 2016. Segundo Jurhosa, a Norte Energia
"trabalha para antecipar o máximo possível" e poderia conseguir colocar a
primeira máquina do segundo e maior sítio, o de Belo Monte, para operar
já em janeiro de 2016. Procurada, a empresa disse que mantém sua
previsão para março de 2016.
De acordo com o diretor da Aneel, o atraso já registrado pelas
primeiras máquinas da usina não têm causado impacto no mercado, uma vez
que a Norte Energia tem comprado contratos de energia para cumprir com
suas obrigações contratuais. Ainda assim, a Aneel acompanhará o andar do
empreendimento de perto, segundo o diretor.
"O cronograma é uma previsão, podem acontecer imprevistos... ainda
mais quando você tem um cronograma em que todas fases são bastante
apertadas e cada vez mais se tornam críticas. A Aneel acompanha o tempo
todo, temos uma preocupação forte", afirmou Jurhosa.
O diretor disse também que a agência reguladora ainda não tem uma
avaliação sobre possíveis impactos da Operação Lava Jato, da Polícia
Federal, sobre o empreendimento, mas espera que não haja impactos no
cronograma.
O presidente da construtora Camargo Corrêa, Dalton Avancini, disse em
sua delação premiada que houve acordos de pagamentos de propina
envolvendo sua empresa, a Andrade Gutierrez e a Odebrecht nos contratos
de construção de Belo Monte. A empreiteiras integram o consórcio
construtor, mas não tem participação na hidrelétrica.
"Não temos conhecimento de nada que possa afetar (o ritmo da obra)",
disse Jurhosa. A Norte Energia tem como acionistas a Eletrobras, por
meio das subsidiárias Chesf e Eletronorte, além de Cemig, Light,
Neoenergia e Vale. Também participam do grupo os fundos de pensão Petros
e Funcef, a Sinobrás e a J. Malucelli Energia. Nesta sexta-feira, foi
leiloada a concessão do segundo linhão que escoará a geração da
hidrelétrica.
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