247 - A inversão de
posições nas pesquisas eleitorais mais recentes, que colocaram a
presidente Dilma Rousseff à frente do senador Aécio Neves, a despeito da
situação ainda de empate técnico, provocou uma onda de desalento em
algumas das principais colunas políticas da imprensa familiar no Brasil.
Enfileirados como tropa de choque da
oposição, os colunistas já se mostraram mais otimistas do que agora. E,
alguns, revelam até que seu discurso fracassou. É o que caso de Ricardo
Noblat, do Globo, que aponta o fiasco da pregação udenista contra a
corrupção. Segundo ele, a partir de agora, todos podem roubar. Eis um
trecho:
Ora, se todos roubam por que não podemos roubar? Se todos são uns pilantras por que não podemos ser?
E daí?
Daí, nada.
Salvo
uma parcela do eleitorado que baba de raiva quando ouve falar em
roubalheira, o resto está pouco se lixando. Parte do pressuposto de que
todo político é ladrão. E de que só nos resta aturá-los.
Noblat não leva em conta, por
exemplo, que o combate à corrupção passa por reformas institucionais,
com a mudança do sistema político e o fim do financiamento privado de
campanhas.
Também mais desanimado, Merval Pereira diz que o Brasil pode estar rumando para o fascismo. Isso mesmo, o fascismo:
"Daqui
para frente, é a Míriam Leitão falando mal da Dilma na televisão, e a
gente falando bem dela (Dilma) na periferia. É o (William) Bonner
falando mal dela no "Jornal Nacional", e a gente falando bem dela em
casa. Agora somos nós contra eles [...]".
Essa
fala irresponsável é do ex-presidente Lula no seu papel de língua de
trapo da campanha petista. O PT deu agora para nomear seus "inimigos",
incentivando assim ações radicais contra jornalistas que consideram
adversários do "projeto popular".
Recentemente,
um dirigente do partido havia nomeado sete jornalistas numa espécie de
"lista negra". É uma típica ação fascista, que está sendo usada já há
algum tempo na Argentina de Cristina Kirchner. É neste caminho que
vamos, caso Dilma se reeleja.
Merval repete a linha já usada por
Arnaldo Jabor, que disse que o Brasil caminhará para um "bolivarianismo
light", caso a presidente Dilma Rousseff se reeleja.
Outra expoente dessa linha de
frente da oposição, a colunista Dora Kramer elencou, nesta quarta-feira,
as razões que justificariam a força eleitoral do PT. Eis seus pontos:
Esse
ambiente é fruto de uma criação coletiva. Produto da tolerância dos
informados que puseram seus atributos e respectivos instrumentos à
disposição do deslumbramento, da bajulação e da opção pela indulgência.
Gente que tem vergonha de tudo, até de exigir que o presidente da
República fale direito o idioma do país, mas não parece se importar de
lidar com quem não tem pudor algum.
Da esperteza dos arautos do
atraso e dos trapaceiros da política que viram nessa aliança uma janela
de oportunidade. A salvação que os tiraria do aperto em que estavam já
caminhando para o ostracismo. Foram ressuscitados e por isso estão
gratos.
Da ambição dos que vendem suas convicções (quando as têm) em troca de verbas do Estado.
Da covardia dos que se calam com medo das patrulhas.
Do despeito dos ressentidos.
Do complexo de culpa dos mal resolvidos.
Da torpeza dos oportunistas.
Da superioridade dos cínicos.
Da falsa isenção dos preguiçosos.
Da preguiça dos irresponsáveis.
O tom de desânimo dos colunistas,
que já buscam argumentos para uma eventual derrota, é evidente e revela
certa desconfiança dos quatro colunistas nas possibilidades eleitorais
da oposição. Mas, talvez, estejam todos eles sendo precipitados. Afinal,
o segundo turno ainda não aconteceu. Mas o fato é que estão todos de
farol baixo.