El País - Luiz Ruffato
Desde que assumiu o governo, o presidente não eleito Michel Temer vem demonstrando verdadeiro desprezo pela moralidade pública.
Colocando-se
acima das leis — ele, que se autointitula jurista! —, ignora as claras
manifestações de irregularidades cometidas por seus subordinados, além
de as consumar ele próprio, elevando a prática da corrupção, que
infelizmente sempre existiu neste país, a mero acidente de percurso.
Temer
se fortalece com o silêncio das ruas, alimentando-se da hipocrisia e do
cinismo daqueles que, exatamente em nome do combate à corrupção,
derrubaram a presidenta Dilma Rousseff, democraticamente eleita e contra
quem não se produziu até hoje uma mínima prova de ilegalidade.
O
episódio mais recente talvez seja emblemático da maneira como Michel
Temer age — ou melhor, não age. Não se trata de denúncia da imprensa —
aliás, a grande mídia brasileira há muito blindou o governo Temer — nem
queixa de adversários, mas de acusação de um ministro a outro, ambos
nomeados por ele e que, portanto, comungam de suas ideias. O ex-ministro
da Cultura Marcelo Calero disse, com todas as letras, ter sido pressionado pelo ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima,
a, contrariando parecer do Iphan, aprovar a construção de um prédio de
31 pavimentos em uma área tombada de Salvador, onde por acaso Geddel
possui um apartamento avaliado em 2,5 milhões de reais. Confrontado, o
ministro admitiu ter advogado em causa própria, afirmando, com sarcasmo,
que sua preocupação, no caso, era com a retomada do crescimento
econômico.
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