Na
manhã desta sexta-feira, o Departamento de Efeitos Especiais do governo
tentava atenuar os efeitos da saída de Geddel Vieira Lima pela porta de
incêndio divulgando uma previsão: Michel Temer aproveitaria a demissão
do ministro responsável pela coordenação política do governo para
acomodar no quarto andar do Planalto um personagem notável. No final da
tarde, os nomes que frequentavam a bolsa de cotados eram reveladores da
falta de rumo do governo.
Como
opção doméstica, aventou-se a hipótese de promover ao posto de ministro
o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures. Ele é assessor especial de Temer.
Mantém com o presidente uma relação de amizade. Mas ninguém no Congresso
enxerga em Loures as credenciais de um articulador. Nomeando-o, Temer
teria de assumir o papel de articulador de si mesmo.
Cogitou-se
a hipótese de aproveitar a crise para pavimentar a recondução de
Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara. Como? Entregando a
cadeira que foi de Geddel a um representante do ‘centrão’. Em troca, o
grupo deixaria de ser um estorvo para Maia, apoiando-o. São dois os
“notáveis” que o “centrão” oferece a Temer: o ex-deputado Sandro Mabel
(GO), do PR do mensaleiro Valdemar Costa Neto, e Joavair Arantes
(PTB-GO), até ontem um membro da milícia parlamentar de Eduardo Cunha.
Outra
alternativa que frequenta as cogitações de Temer é o deslocamento do
assessor Moreira Franco da secretaria-executiva do Programa de Parcerias
e Investimentos para a coordenação política. O nome de Moreira emergirá
da delação premiada da Odebrecht. De resto, o amigo de Temer diz, em
privado, que gostaria de continuar se dedicando à missão econômica.
Um
auxiliar de Temer informa que o presidente não descarta a possibilidade
de confiar a coordenação a um representante do PSDB. Nesse caso, teria
de escolher um indicado de Geraldo Alckmin, irritando Aécio Neves —ou
vice-versa. Na eventualidade de superar as divisões do ninho, Temer
teria de munir-se de um extintor para apagar o incêndio que a escolha de
um tucano atearia no condomínio governista.
Uma
opção doméstica, duas alternativas do ‘centrão’, uma hipótese de
migração interna, uma cogitação tucana… Quem tem cinco possibilidades
não tem nenhuma. O que pela manhã era vendido como a ascensão iminente
de um notável virou no final da tarde uma evidência de falta da falta de
rumo do governo. Michel Temer tem um final de semana para organizar as
ideias.
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