BRASÍLIA (Reuters) - Brasil e China assinaram nesta terça-feira
acordos que superam os 53 bilhões de dólares para investimentos e
contratos de cooperação financeira, assegurando um fluxo de capital
importante para a economia brasileira no momento em que busca se
recuperar.
"O Brasil atribui grande importância à assinatura desse acordo sobre
investimento e capacidade produtiva... nas áreas de energia elétrica,
mineração, infraeraestrutura e manufaturas", disse a presidente Dilma
Rousseff ao lado do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, em visita ao
Brasil.
Dilma também anunciou que será criado um fundo de 50 bilhões de
dólares para investimentos no Brasil em infraestrutura, pela Caixa
Econômica Federal e o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC),
confirmando reportagem da Reuters da semana passada.
"O primeiro-ministro (chinês) e eu reafirmamos a importância também
de nossas relações financeiras. O acordo entre a Caixa Econômica e o
Banco Industrial e Comercial da China criará um fundo de 50 bilhões de
dólares, fortalecendo as opções para financiamento de projetos de
infraestrutura no Brasil", declarou Dilma.
Os investimentos em infraestrutura são a principal aposta da equipe
do governo Dilma para retomar a atividade econômica. O Produto Interno
Bruto (PIB) deve ter contração de 1,20 por cento em 2015, segundo
boletim Focus do Banco Central, depois de ter apresentado variação
positiva de 0,1 por cento no ano passado.
GRANDES EMPRESAS
Os acordos de cooperação com a China envolvem grandes empresas brasileiras, como Petrobras, Vale e Embraer.
No caso da estatal petroleira, foram firmados dois acordos para
financiamento de projetos somando 7 bilhões de dólares. O maior deles,
no valor de 5 bilhões de dólares, é com o Banco de Desenvolvimento da
China (CDB).
No começo de abril, a Petrobras já tinha firmado contrato de financiamento de 3,5 bilhões de dólares com o CDB.
Já a Vale fechou nesta terça a venda de quatro navios Valemax, para
transporte de minério de ferro, à China Merchantz Energy Shipping
(CMES). A mineradora brasileira também ampliou um acordo de cooperação
financeira de 4 bilhões de dólares com a China, segundo autoridades.
A Embraer, por sua vez, formalizou um contrato já conhecido para
vender 22 aviões regionais a uma companhia aérea chinesa, em um negócio
de 1,1 bilhão de dólares a preços de tabela. Há previsão de que o acordo
seja ampliado adiante para incluir outras 18 aeronaves da fabricante
brasileira.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
financiará a exportação dos pedidos chineses à Embraer no montante de
até 1,3 bilhão de dólares.
Em outra frente, o chinês Bank of Communications anunciou a compra de
cerca de 80 por cento do banco brasileiro BBM por estimados 525 milhões
de reais, marcando a primeira aquisição do grupo no exterior.
"A proposta de aquisição do Banco BBM é a primeira compra do Bank of
Communications no exterior. Também marca o primeiro passo da expansão do
banco na América Latina", disse o banco chinês em comunicado, lembrando
que a China vem sendo o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009.
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