Escrito por Paulo Nogueira do blog DCM:
Moro tem um problema.
Ele virou prisioneiro, como tantas outras pessoas que ele mandou para a cadeia na Lava Jato.
A única diferença é que ele é prisioneiro de si mesmo.
É o que podemos chamar de MJB, Maldição de Joaquim Barbosa.
JB
construiu uma reputação de Batman e logo se tornou ídolo do que há de
mais obscuro, reacionário e primitivo na sociedade brasileira.
Desde o começo, os progressistas viram com desconfiança, e depois com franca antipatia, a transformação de JB num justiceiro.
Hoje,
merecidamente, ele é abominado e desprezado por todas as correntes de
esquerda. Não é um sentimento limitado aos petistas, ao contrário do que
JB gostaria.
Moro é o novo JB.
Quem realmente está com
ele? Basta ver a triunfal recepção que integrantes do ultradireitista
MBL lhe ofereceu numa recente passagem por São Paulo.
Flores, gritos histéricos, pedidos de selfies, nada faltou.
Pausa
para registrar o objetivo da visita a SP. Era para prestigiar o
lançamento de um livro do qual ele escreveu, com a mulher, o prefácio.
É
um livro sobre o médico tarado que se aproveitou de tantas mulheres que
buscavam engravidar. O autor é, ele mesmo, um representante do atraso
do atraso mental, Claudio Tognolli, pena de aluguel de Lobão, Tuma Jr e
outros dinossauros.
Não poderia haver causa menos nobre para pisar em solo paulistano.
Mas está claro que ele se viciou na adulação, no espaço interesseiro que a mídia lhe dá, exatamente como JB.
Agora repare nos efeitos da MJB.
O
que acontecerá com Moro caso ele passe a agir racionalmente, sem
promover o tipo de justiça partidária antipetista que tem sido sua
marca?
A festa vai acabar.
Aconteceu com Aécio. Bastou a ele dizer que impeachment não é coisa para tratar agora para a ultradireita pular em seu pescoço.
O MBL postou uma mensagem agressiva no Facebook quase no tom com que se refere ao PT.
Até
o Batman do Leblon se sentiu animado a deixar sua Gotham City
imaginária para gravar um vídeo em que Aécio é reduzido a nada.
E Aécio não fez mais que engavetar o impeachment.
Moro,
caso aja como juiz de verdade, vai enfrentar a mesma situação. Será
imolado em praça pública pelos mesmos que hoje querem erguer estátuas
para ele.
Sua vaidade extrema – que outra coisa poderia fazê-lo
aceitar um prêmio da Globo num evidente deslize ético para um
magistrado? – fará tudo para manter o tratamento de celebridade recebido
por alguns e intensamente repercutido pela imprensa.
Era um personagem desconhecido, de alcance local, e agora ele está se empanturrando com a glória nacional.
Não
é fácil lidar com isso, e muito menos renunciar aos holofotes, que
fatalmente se transformarão em pedras caso Moro saia da linha, a exemplo
do que ocorreu com Aécio, o “Arregão”.
É a Maldição de Joaquim Barbosa.
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