No Paraná, há outro réu ansioso. Ele se chama Eduardo Cunha e já pagou honorários ao novo ministro do Supremo.
Há
nove dias, a ministra Cármen Lúcia validou as delações de 77 executivos
da Odebrecht. A visão do tsunami levou o governo a acionar o plano de
emergência. A partir de agora, vale tudo para reforçar os diques e
proteger os aliados do avanço da Lava Jato.
A
primeira medida foi tomada na sexta-feira (3), com a criação de um
ministério para dar foro privilegiado a Moreira Franco. A segunda é a
indicação de Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal.
Ao
escolher um subordinado para a corte, Michel Temer deixou claro que não
está preocupado com cobranças éticas. Moraes não é técnico nem
discreto, para citar duas qualidades que costumavam ser atribuídas ao
ministro Teori Zavascki. Suas virtudes são outras, a começar pela
lealdade canina aos superiores.
O
futuro das investigações que ameaçam o novo regime está nas mãos do
Supremo. Nos próximos meses, a corte vai se deparar com ao menos duas
encruzilhadas: o que fazer com réus condenados em segunda instância e
como lidar com os habeas corpus que chegam de Curitiba.
As
respostas a essas questões vão determinar se a Lava Jato será mesmo
diferente ou repetirá o enredo de operações como a Castelo de Areia e a
Satiagraha, que ameaçaram poderosos até serem fulminadas nos tribunais
superiores de Brasília.
Até
a morte de Teori, o tribunal se mostrava inflexível com os réus do
petrolão. O ministro Gilmar Mendes, sempre ele, acaba de sinalizar uma
possível mudança de ventos. "Temos um encontro marcado com as alongadas
prisões que se determinam em Curitiba", disse, nesta terça (7).
A
fila de interessados numa guinada da corte seria suficiente para dar a
volta na Praça dos Três Poderes. O cordão de delatados atravessaria as
duas Casas do Congresso e escalaria a rampa do Planalto até o gabinete
presidencial. No Paraná, há outro réu ansioso. Ele se chama Eduardo
Cunha e já pagou honorários ao novo ministro do Supremo.
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