Carlos Chagas
Até
algumas décadas era comum certos carros só pegarem no tranco. Parecia
normal, ninguém se escandalizava diante do vexame oferecido nas ruas. O
tempo passou, os automóveis se sofisticaram e poucos ainda se lembram
daqueles idos.
O
governo Temer, no entanto, manteve o costume. Só pega no tranco. Para
livrar-se de Alexandre de Moraes, o presidente necessitou da morte de
Teori Zavaski, fazendo manobra que em xadrez se chama de “roque”,
trocando o rei por uma torre.
Assim
foi feito com o ministro da Justiça, que virou ministro do Supremo
Tribunal Federal, abrindo vaga sabe-se lá para quem. Moreira Franco teve
seu ministério rebatizado para refugiar-se no abrigo da proteção
burocrática. Eliseu Padilha já subiu as escadas do cadafalso.
Enquanto
isso, Michel Temer continua desmanchando direitos sociais e
satisfazendo as elites em suas mínimas reivindicações. Cooptou a maioria
parlamentar e aprova tudo que for do interesse do andar de cima, dando
as costas para as reais necessidades populares.
Enquanto
isso, até a operação Lava Jato vai perdendo combustível, com cada vez
menos corruptos na cadeia, cumprindo pena em suas mansões.
O
escândalo verificado no Espírito Santo ameaça estender-se por outros
estados ao tempo em que o desemprego se multiplica e a população se
exaspera. Breve esse calhambeque deixará de transitar, não havendo
mecânico que dê jeito. De tranco em tranco, melhor voltar ao tempo das
carroças
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