sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Eunício fecha caixão da reforma da Previdência

Josias de Souza
“No Congresso, o mais bobo tira a meia sem tirar o sapato.”
Embora a reforma da Previdência esteja jurada de morte, o Planalto continua fazendo de conta que ela está cheia de vida. Nesta quinta-feira, porém, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, fechou o caixão. Fez isso ao declarar a jornalistas que a reforma pode ficar para novembro.

Segundo a superstição de Michel Temer, seus apoiadores se equipam para aprovar na Câmara o que sobrou da reforma. Isso ocorreria no final de fevereiro. Ao insinuar que o Senado pode esticar o velório até novembro, Eunício como que autorizou os parlamentares a enviarem, desde logo, coroas de flores para o Planalto.
Um líder de partido governista na Câmara explicou ao blog por que o lero-lero de Eunício enterra a reforma:
“Ora, os deputados fogem da reforma previdenciária para não perder votos nas eleições de outubro. Se o presidente do Senado diz que os senadores podem deixar o assunto para novembro, por que os deputados deveriam se desgastar antes da eleição?  No Congresso, o mais bobo tira a meia sem tirar o sapato.”

Navio negreiro: 2 mil cartas de presos a Cármen Lúcia

Por indulto, defensoria envia duas mil cartas de presos a Cármen Lúcia
A Defensoria Pública da União enviou nesta quinta (8) à ministra Cármen Lúcia 12 caixas com 2.331 cartas de presos que “clamam por indulto“. A remessa foi encaminhada pelo defensor nacional de direitos humanos, Anginaldo Oliveira Vieira.

Em uma delas, um detento alega que há 17 presos dividindo oito camas, e que a comida é fornecida em quantidade insuficiente. Em outro relato, um interno diz sofrer agressões e afirma que a unidade prisional se nega a prestar atendimento médico por falta de escolta e de remédios.
No ofício que acompanhou o malote, Oliveira diz que “restringir o direito ao indulto, ou suspendê-lo, é infligir maior castigo a quem já é jogado num ambiente de doenças e morte e tenta sobreviver um dia após o outro”.
E questiona a ministra: “Se um preso com direito a indulto é morto na cadeia, quando já deveria estar fora dela, de quem é a culpa?”. Na terça-feira (6), Luís Roberto Barroso liberou a ação que suspendeu parcialmente o indulto para ser julgada no plenário do Supremo.  (Daniela Lima - FSP)

Donos do dinheiro: benevolentes com Bolsonaro?


Por que donos do dinheiro são benevolentes com Bolsonaro?
A questão é que está sobrando dinheiro barato no mundo

Não há muito espaço para mentiras nessa campanha eleitoral. 
Raquel Landim – Folha de S.Paulo
Nesta semana, investidores reunidos pelo banco BTG Pactual receberam com entusiasmo o presidenciável Jair Bolsonaro. Durante uma hora, o coronel, conhecido por suas posturas estatizantes, tentou convencer seus interlocutores de que se tornou um liberal. A julgar pelos aplausos que recebeu, parece ter conseguido.
A benevolência dos donos do dinheiro com o ex-capitão, que já declarou publicamente sua defesa à ditadura militar e à tortura, dá uma amostra da disposição do mercado financeiro em fechar os olhos para os problemas brasileiros.
Nem mesmo o fracasso da reforma da Previdência é capaz de reverter a tendência positiva. Passada a folia do Carnaval, o governo pretende fazer um último esforço para conseguir os 308 votos que precisa na Câmara. As chances, no entanto, são mínimas.
Políticos, analistas, banqueiros — ninguém espera que seja aprovado algo razoável. Meses atrás, isso seria considerado o apocalipse. Agora parece não fazer diferença.
Está difícil entender tamanho otimismo. É verdade que a economia deve crescer entre 2% e 3% neste ano, depois de uma das piores recessões da história, mas poucas vezes o futuro do país esteve tão indefinido.
Com a provável saída de Lula da disputa, não há líderes claros na corrida presidencial. A situação fiscal continua caótica. Sem a reforma da Previdência, o Brasil vai quebrar —pode não ser este ano, mas talvez já no próximo.
A questão é que está sobrando dinheiro barato no mundo. Por conta disso, os investidores estão dispostos a dar o benefício da dúvida a qualquer candidato que se disponha a terceirizar a economia para algum economista renomado —até mesmo Bolsonaro.
Mas quem conhece a cabeça do mercado lembra que ele é extremamente volúvel. Se houver alguma nuvem na economia global, o vento pode mudar e facilmente derrubar o Brasil, que já anda na corda bamba.
A atual calmaria não representa uma licença para que os candidatos prometam gastar um dinheiro que o país não tem. Ao contrário de 2014, não há muito espaço para mentiras nessa campanha eleitoral.
O futuro mandatário será duramente cobrado —pela população e pelos investidores— desde o momento em que vestir a faixa presidencial.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

O avesso das alianças


De Marisa Gibson, na sua coluna DIARIO POLÍTICO desta quinta-feira
Instrumento perfeito para juntar partidos em torno de um “programa”, cujo objetivo é a permanência de grupos políticos no poder, as alianças eleitorais têm um avesso perigoso: induz o eleitor a votar em candidatos que não lhes dizem nada, só porque o líder maior pediu.
Em Pernambuco, esse líder já foi Arraes, Jarbas, Eduardo e, agora, é Lula que volta com o canto da sereia.
Entre essas lideranças houve discordâncias ideológicas e programáticas que chegaram a  níveis inimagináveis, com ataques ásperos que chegavam ao eleitor como se verdades fossem. E assim permaneceram até o oportunismo eleitoral chegar buzinando para apagar o passado A isso, os políticos chamam de pragmatismo “sem traumas, sem raiva e sem rancor”, como ensina Lula.
Jarbas Vasconcelos (MDB), por exemplo, repetiu durante anos que o Bolsa Família era “o maior programa de compra de votos da história”. Agora, ele está prestes a se beneficiar desses votos.
Já o prefeito Geraldo Julio (PSB), entusiasta da nova aliança PT/ PSB, conclamava em 2014 o eleitor a “tirar aquela mulher” de Brasília, numa referência à presidente da República Dilma Rousseff (PT).
Até hoje tem petistas que não se conformam com o que consideraram uma ofensa, além do fato de o PSB ter votado pelo impeachment.
Mas o que fazer? Chegou a hora de se juntar de novo.

Lei Seca inicia Operação Carnaval


Com ações de fiscalização em todo o Estado durante a folia de Momo, a Operação Lei Seca em Pernambuco (OLS) dá início às 0h desta sexta-feira (09/02) ao esquema especial de Carnaval. O trabalho, que  vai até a quarta-feira de cinzas (14/02), contará com todo o efetivo nas ruas, totalizando 210 profissionais, entre policiais militares, agentes do Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE) e técnicos da Secretaria Estadual de Saúde – que coordena as ações da Operação. Ao todo, serão realizados 85 bloqueios de fiscalização itinerantes, em todos os turnos, com foco nos principais corredores de festas e acesso às praias. Os bloqueios acontecerão na capital, na Região Metropolitana do Recife e no interior pernambucano.

No total, a Operação Lei Seca irá às ruas com 12 blitzes educativas, com a presença de cadeirantes e muletantes vítimas de acidentes de trânsito, e 73 de fiscalização - o que representa um incremento de 15% em relação ao Carnaval do ano passado. Os profissionais envolvidos nos bloqueios irão distribuir peças informativas sobre o risco da mistura entre álcool e direção, camisinhas, cartilhas bilíngües (português – inglês) com orientações sobre a rede de atendimento disponível no SUS no Estado e dicas de saúde, além de folders sobre a febre amarela. 
"Nosso objetivo com as ações deste Carnaval é reforçar para toda a sociedade que bebida e álcool não combinam. Com o esquema montado, a Operação Lei Seca terá acesso aos principais corredores de festividades no Grande Recife e interior, além das praias, com ações durante todo o dia. Iremos às ruas para  reduzir o número de acidentados no trânsito pelo consumo de bebida alcoólica, ajudando a salvar vidas- esse é o nosso compromisso com os pernambucanos", ressalta o coordenador executivo da OLS, Fábio Bagetti.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Os votos mandrakes da Previdência

Por Helena Chagas no Blog Os Divergentes
“O Planalto nunca esteve perto de aprovar essa reforma, apesar do discurso para os ouvidos do mercado”
Nunca faltaram “apenas” trinta, ou quarenta, votos para aprovar a reforma da Previdência. Esse número sempre foi muito maior, e a narrativa do “estamos quase lá” era uma estratégia para ganhar tempo, uma conversa para boi dormir. Qualquer um com um mínimo de experiência parlamentar sabe que o Planalto nunca esteve perto de aprovar essa reforma, apesar do discurso para os ouvidos do mercado.

O governo foi empurrando o assunto ao longo do ano passado até sua hora da verdade, que deve ser na semana que vem, escondendo o que todo mundo sabia: depois de livrar a cara de Michel Temer em duas denúncias no plenário da Câmara  os deputados acham que estão quites e não devem mais nada a esse governo.
Agora, o maior problema das hostes governistas em relação a esse assunto é encontrar um culpado, de preferência o vizinho do lado. Em torno dessa versão a ser montada giram as divergências de hoje entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e os articuladores planaltinos. Maia não quer levar essa responsabilidade para casa, e por isso não quer submeter o projeto à votação, expondo a falta de votos na Câmara. Melhor não votar, diante da constatação de que não há votos – o que leva à conclusão de que o governo não conseguiu reuni-los.
No Planalto, porém  alguns acham que seria melhor deixar a bomba estourar no plenário, expondo os partidos e deputados da base inclusive Maia e seus aliados. O problema dessa estratégia – que até dia 20 deve ser descartada – é óbvio: ao submeter a PEC à votação, o governo corre o risco de expor seu verdadeiro tamanho no plenário da Casa, mostrando que é muito menor do que jamais se poderia supor com base nos números mandrakes que seus articuladores exibiram até agora.

Reforma: na contagem dos votos, quem mente melhor?

Talvez haja quem queira algo mais para votar
A bancada de apoio a Temer, aquela que ganhou cargos e ministérios, tem 346 deputados. A reforma da Previdência precisa de 308, mas ninguém tem certeza da aprovação. Talvez haja quem queira algo mais para votar.

Os comandantes da luta pela reforma calculam ter entre 250 e 270 votos.
Esperam conseguir os restantes com apoio de governadores aliados, hoje alheios ao problema, mas que talvez se mexam em troca de bons acordos.
Enquanto isso, depois de 45 dias de férias (calma, caro leitor: não imagine que Nossas Excelências vão morrer de tanto trabalhar.)
Em julho há folga de mais 30 dias, e depois disso vêm as férias informais, o “recesso branco”, para que possam se dedicar à campanha eleitoral), o Congresso retomou as atividades.
Mas sem exageros: dos 513 deputados, compareceram 65. O trabalho normal só recomeça depois do Carnaval, no dia 20, ou talvez 21.(Do Blog de magno Martins)

Lula, maior perseguição desde Getúlio, diz Pertence

'Sou apenas mais um defensor de Lula', diz ex-ministro do STF
Na opinião de Sepúlveda Pertence, Lula tem sido submetido a uma "perseguição",  "a maior desde Getúlio"
Letícia Casado e Marina Dias – Folha de S.Paulo

O ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Sepúlveda Pertence afirmou nesta terça-feira (6) que é "apenas mais um defensor" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que não tem o estilo "agressivo" do advogado Cristiano Zanin Martins, que hoje comanda a equipe de defesa do petista.
Após a posse do ministro Luiz Fux na presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Sepúlveda confirmou que foi contratado pela defesa de Lula, como mostrou a Folha, e disse que ainda precisa combinar a estratégia que adotará diante dos recursos que tramitam nos tribunais superiores de Brasília.
O jurista antecipou apenas que não deve adotar a postura de enfrentamento ao Judiciário, até agora exercida por Zanin. "Não é meu estilo", afirmou Sepúlveda.
Ele declarou ainda que não sabe se será possível reverter a condenação do petista em segunda instância com os recursos no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e no STF (Supremo Tribunal Federal), mas ressaltou que está acostumado a esses tribunais "há mais de 50 anos".
"Sou apenas mais um dos defensores do ex-presidente", disse Sepúlveda. "Ele é um velho amigo", completou sobre sua relação com Lula.
Na opinião do jurista o petista tem sido submetido a uma "perseguição". "A maior desde Getúlio Vargas", declarou.
Nesta terça (6), a Folha revelou que o criminalista aceitou fazer parte da defesa de Lula como um reforço para a atuação da equipe diante dos recursos que tramitam em Brasília.
Desde que o ex-presidente foi condenado por unanimidade pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), em 24 de janeiro, aliados e integrantes da cúpula do PT pressionavam por um reforço na equipe de defesa do petista.
O principal argumento era o de que, na fase de recursos na terceira instância, seria necessário um nome mais técnico e com trânsito nos tribunais superiores. Além disso, auxiliares de Lula cobravam por um perfil de menos embate e mais conciliação.
O ex-presidente não quis abrir mão de seu atual advogado e ele e Sepúlveda, que resistia em aceitar o convite, devem trabalhar juntos daqui para a frente.
De acordo com aliados de Lula, havia resistência do lado de Sepúlveda, que já defendia o banqueiro André Esteves o que poderia implicar algum conflito de interesse, mas também entre integrantes do próprio PT, que avaliavam a postura do advogado como difícil de ser decifrada.
Lula foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão em regime fechado por lavagem de dinheiro e corrupção passiva em segunda instância --ele já havia sido condenado pelo juiz Sérgio Moro, do Paraná-- e poderia recorrer da decisão no STJ e no STF.
Já houve recurso ao STJ, onde o habeas corpus foi negado em caráter liminar (provisório), mas ainda é possível discutir o caso.
A defesa de Lula também já entrou com pedido de habeas corpus preventivo no STF, encaminhado ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, que tem negado liberdade provisória a condenados na operação.
A expectativa é de que o caso seja discutido na segunda turma do STF, cujos ministros têm perfil garantista (a favor do réu cumprir a pena depois de esgotados os recursos) ou levar o assunto para o plenário do Supremo a fim de mudar o entendimento do tribunal sobre prisão após condenação em segunda instância.

Nestor Cerveró progride para regime semi-aberto

Ele decidiu que não vai procurar emprego e segue em prisão domiciliar
Um dos primeiros condenados na Operação Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró progrediu para o regime semi-aberto e já pode sair para trabalhar, das 10h às 20h.

Cerveró, no entanto, não está usufruindo do benefício. Ele decidiu que não vai procurar emprego e segue em prisão domiciliar.
Ex-diretor da área internacional da Petrobras,  Cerveró foi preso preventivamente por atrapalhar as investigações em janeiro de 2015. A decisão foi revogada em junho de 2016 .  (Mônica Bergamo – Folha de S.Paulo

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Doutor Calças fica nu ao falar de auxílio-moradia


Josias de Souza

O nome dele é Manoel de Queiroz Pereira Calças. Desembargador, acaba de assumir a presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo. Embolsa auxílio-moradia de R$ 4.377,73. “Eu acho pouco”, declarou, antes de admitir que não é, digamos, um sem-teto: “Tenho vários imóveis, não um só.” Em entrevista, reagiu como se considerasse uma falta de educação o questionamento dos repórteres sobre o tema. ''Auxílio-moradia é previsto na lei da magistratura nacional. Ponto!''.
Na administração pública, toda encrenca, no início, é um ponto. Ponto de partida, não ponto final, como deseja o desembargador Calças. Há um ponto fraco na sua argumentação. A lei da magistratura anota que, além dos vencimentos, os doutores “poderão” receber vantagens como o auxílio-moradia (quando forem transferidos para outras cidades, por exemplo).
Pingando-se os pontos nos is, verifica-se que a coisa virou tunga quando uma liminar do ministro Luiz Fux, do STF, estendeu o mimo a todos os juízes e procuradores. Ponto de exclamação.
As corporações não dormiram no ponto. Rapidamente, o contribuinte começou a sentir as pontadas no bolso. Levantamento da consultoria do Senado revela a que ponto chegamos: a conta do auxílio-moradia de juízes e procuradores somou R$ 96,5 milhões entre janeiro de 2010 e setembro de 2014, quando Fux expediu sua liminar. De outubro de 2014 até novembro de 2017, o espeto saltou para R$ 1,3 bilhão.
Com pose de pontífice, o desembargador Calças pontificou: ''Na verdade, o auxílio-moradia é um salário indireto. Ele tem o nome de auxílio porque na lei orgânica da magistratura é previsto como tal. E tem uma decisão da Suprema Corte que está prevendo para todos os juízes''. Ai, ai, ai. Meu Deus… Três pontinhos.
Quando escuta um presidente de tribunal tratando uma grossa anormalidade como algo normal, o brasileiro que frequenta ponto de ônibus e ainda não fez fortuna no ponto lotérico ou no ponto do bicho fica desapontado. Mas não é hora de entregar os pontos. Ao contrário.
Se há um ponto pacífico em toda essa história é o seguinte: os privilégios pendurados nos contracheques de magistrados e procuradores empurram o Judiciário para dentro da mesma frigideira em que ardem o Executivo e o Legislativo. Com seu lero-lero, o doutor calças ficou, por assim dizer, nu. Foi às manchetes de ponta-cabeça.
Passou da hora de exigir que o Supremo Tribunal Federal retire do ponto morto a decisão liminar (provisória) do ministro Fux. De preferência ontem, não num ponto futuro.

Se aprovar reforma, Temer pode mudar nome para MacGyver


Apesar de desânimo geral, governo quer fazer crer que ainda acredita que terá êxito
Ranier Bragon – Folha de S.Paulo

Os mais antigos não vão precisar de descrição. Ele dava nó em pingo d'água com o que tivesse à mão. Bastavam quatro palitos de fósforo, um graveto e duas marias-moles e ele era capaz de montar um fuzil para dizimar os inimigos.
MacGyver foi um sucesso nos anos 1980 e 1990 em seu "Profissão Perigo", nome que o enlatado norte-americano ganhou por aqui.
Mesmo que não tenha nenhum palito, graveto ou maria-mole à mão, se Michel Temer conseguir aprovar a reforma da Previdência pode mudar o nome para MacGyver.
Praticamente nenhum político em Brasília leva a sério, hoje, a hipótese de a Câmara dos Deputados dar aval ao pacote na volta do Carnaval.
É preciso ter pelo menos 60% dos votos, um caminhão de 308 cabeças dispostas a se colocarem na guilhotina a oito meses das eleições. O próprio governo diz ter um deficit de apoio na casa dos 60 votos.
Isso sem falar que, depois dos deputados, seria preciso enfrentar o imponderável no Senado.
Falando sério: a reforma da Previdência teve sua última chance de ser aprovada no ano passado, após Temer barrar as denúncias contra ele e ganhar uma injeção de ânimo.
Não foi possível. Em vez de promoverem as exéquias naquela época mesmo, resolveram manter os tubos no paciente até agora, sabe-se lá por que exatamente. Medo da reação do mercado, crença em Papai Noel, não é possível precisar.
Temer quer, em suas palavras, entrar para a história como o presidente reformista. Quer também promover ampla campanha de marketing para reduzir sua rejeição a apenas 60% —hoje está em 70%. Como bem lembra o chavão, política é como nuvem, muda a todo momento.
Mas se conseguir dar o pretendido "tapa" na imagem e aprovar as antipáticas alterações na Previdência a poucos meses da eleição, às vésperas de deixar o poder e com aprovação de 6%, pode mandar fazer a placa: Temer, o presidente MacGyver.



06/02

2018

Doutor Calças fica nu ao falar de auxílio-moradia

Josias de Souza

O nome dele é Manoel de Queiroz Pereira Calças. Desembargador, acaba de assumir a presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo. Embolsa auxílio-moradia de R$ 4.377,73. “Eu acho pouco”, declarou, antes de admitir que não é, digamos, um sem-teto: “Tenho vários imóveis, não um só.” Em entrevista, reagiu como se considerasse uma falta de educação o questionamento dos repórteres sobre o tema. ''Auxílio-moradia é previsto na lei da magistratura nacional. Ponto!''.
Na administração pública, toda encrenca, no início, é um ponto. Ponto de partida, não ponto final, como deseja o desembargador Calças. Há um ponto fraco na sua argumentação. A lei da magistratura anota que, além dos vencimentos, os doutores “poderão” receber vantagens como o auxílio-moradia (quando forem transferidos para outras cidades, por exemplo).
Pingando-se os pontos nos is, verifica-se que a coisa virou tunga quando uma liminar do ministro Luiz Fux, do STF, estendeu o mimo a todos os juízes e procuradores. Ponto de exclamação.
As corporações não dormiram no ponto. Rapidamente, o contribuinte começou a sentir as pontadas no bolso. Levantamento da consultoria do Senado revela a que ponto chegamos: a conta do auxílio-moradia de juízes e procuradores somou R$ 96,5 milhões entre janeiro de 2010 e setembro de 2014, quando Fux expediu sua liminar. De outubro de 2014 até novembro de 2017, o espeto saltou para R$ 1,3 bilhão.
Com pose de pontífice, o desembargador Calças pontificou: ''Na verdade, o auxílio-moradia é um salário indireto. Ele tem o nome de auxílio porque na lei orgânica da magistratura é previsto como tal. E tem uma decisão da Suprema Corte que está prevendo para todos os juízes''. Ai, ai, ai. Meu Deus… Três pontinhos.
Quando escuta um presidente de tribunal tratando uma grossa anormalidade como algo normal, o brasileiro que frequenta ponto de ônibus e ainda não fez fortuna no ponto lotérico ou no ponto do bicho fica desapontado. Mas não é hora de entregar os pontos. Ao contrário.
Se há um ponto pacífico em toda essa história é o seguinte: os privilégios pendurados nos contracheques de magistrados e procuradores empurram o Judiciário para dentro da mesma frigideira em que ardem o Executivo e o Legislativo. Com seu lero-lero, o doutor calças ficou, por assim dizer, nu. Foi às manchetes de ponta-cabeça.
Passou da hora de exigir que o Supremo Tribunal Federal retire do ponto morto a decisão liminar (provisória) do ministro Fux. De preferência ontem, não num ponto futuro.

Polícia Civil recebe reforço de 1.241 novos profissionais


O governador Paulo Câmara participou nesta segunda-feira (5) no Teatro Guararapes, do Centro de Convenções, da solenidade de boas-vindas aos 1.214 novos profissionais aprovados em concurso público para reforçar os quadros das Polícias Civil e Científica.
São delegados, agentes, escrivães, peritos, médicos legistas e auxiliares, que vão começam a trabalhar imediatamente em vários municípios do Estado.

O governador deu os parabéns aos aprovados e os conclamou a participar do esforço que o governo vem realizando para reduzir os índices de violência no Estado.

“Estamos completando agora uma nova fase (na política de segurança) com a posse desses novos policiais civis. Cada delegacia de Pernambuco terá pelo menos um delegado, seis agentes e um escrivão. Com isto a gente vai ter condições de investigar mais, de da mais celeridade às demandas da sociedade e instalar novas unidades que são fundamentais para aquilo que vem sendo o maior mal em relação à segurança do nosso Estado: o tráfico de drogas”, disse o governador.

Com a nomeação desses novos profissionais, as nove Delegacias de Repressão ao Narcotráfico, criadas por lei em dezembro de 2017, começarão a funcionar de imediato.

Elas vão atuar no combate ao tráfico de drogas, já que mais de 50% das mortes violentas registradas em Pernambuco têm relação direta com este tema.

Os novos profissionais irão trabalhar também nas novas unidades regionais de Polícia Científica nos municípios de Nazaré da Mata, Palmares, Garanhuns, Arcoverde, Afogados da Ingazeira e Ouricuri, além da unidade de Salgueiro que já possui um Instituto de Criminalística funcionando e terá também uma unidade do IML (Instituto de Medicina Legal) e outra do IITB (Instituto de Identificação Tavares Buril).

Ao todo, foram nomeados no dia 27 de janeiro 822 policiais civis, sendo 139 delegados, 597 agentes e 86 escrivães; 392 servidores da Polícia Científica, sendo 36 médicos legistas, 64 auxiliares de legista, 123 auxiliares de perito, 44 peritos papiloscopistas e 125 peritos criminais.

Marília Arraes: 'Vamos ganhar a eleição'

Marília Arraes
Marília ArraesFoto: Felipe Ribeiro/Folha de Pernambuco
A vereadora do Recife, Marília Arraes (PT), está mais confiante do que nunca na sua candidatura ao Governo do Estado, neste ano. Em entrevista à Rádio Folha 96,7 FM, nesta segunda-feira (05), afirmou que sua postulação tem mostrado viabilidade e não faz sentido “voltar atrás”. Além disso, colocou que acha difícil uma aliança entre PT e PSB, baseada na “troca de favores e cargos”. “Quem vai para os segundo turno somos nós do PT e vamos ganhar a eleição”, cravou.

Ao falar sobre a especulação em torno da aproximação entre o PSB e o PT, Marília destacou que “nenhuma liderança nunca assumiu essa posição de aliança com o PSB”. "Até porque o povo não aceita mais esse tipo de aliança. De opositores que se combatem todos os dias e de repente fazem uma conta de que é melhor para eleger A, B ou C, ou fazer uma composição em troca de favores e de cargos, e de repente saírem de mãos dadas se apoiando, arrumando justificativas políticas para se apoiar. Isso não funciona mais. Eu aposto que a gente precisa fazer política diferente. Por isso que entrei no PT e aceitei essa missão de ser candidata”, pontuou.

Questionada sobre as recentes manifestações de membros da oposição, que observam sua candidatura como a oportunidade para provocar o segundo turno, a petista se mostrou confiante de que irá vencer o pleito. “Se eles gostam ou não da nossa candidatura não faz diferença para a gente. Agora se estão achando que a nossa candidatura vai ajudar um deles a ir para o segundo turno estão muito enganados. Quem vai para os segundo turno somos nós do PT e vamos ganhar a eleição. É para isto que a candidatura está posta. Não é para provocar segundo turno. Não é para marcar posição”, garantiu.

Na sua visão, a retirada de sua postulação “seria uma agressão à militância e todos que estão acreditando no projeto”. “Acredito que hoje com a situação política que o País vive e com essa tentativa de criminalização do PT, seria muito complicado retirar uma candidatura como a nossa, que tem ganhado força. E as pessoas estão acreditando. Só tem a crescer. Não teria sentido retirar uma candidatura com viabilidade como a nossa, por qualquer outro motivo que não seja ideológico e sim pragmático”, opinou a petista, que já começou a colher as assinaturas para registrar a sua pré-candidatura.(Do Blog da Folha)

PF achou ligações suspeitas entre Temer e seu operador


A Polícia Federal encontrou ligações telefônicas entre Michel Temer (MDB) e o coronel aposentado da PM João Batista Lima Filho – amigo de décadas e ex-assessor do emedebista.

As chamadas são citadas em relatório da Operação Patmos sobre o celular do coronel. Segundo o documento, Temer e Lima tiveram 12 conversas telefônicas entre abril de 2016 e maio de 2017. As informações foram publicadas pelo Blog do Fausto Macedo.
A operação foi deflagrada com base na delação da JBS, que atingiu em cheio Temer. Em consequência desta delação, ele foi denunciado por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução judicial. Mas o Congresso não autorizou o Supremo Tribunal Federal a investigá-lo.
No relatório, a PF disse que Lima conversou sobre repasses com duas pessoas desconhecidas. Em uma das trocas de mensagens, de abril de 2017, ele diz: "Recebeu pouco. Nas minhas contas deveria ter recebido 120 mil. Estão 'garfando' o coitado".
Ainda no âmbito da 'Patmos', investigadores encontraram no aparelho contatos de Joesley Batista, do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, e de Jose Yunes, advogado e também amigo de Temer. O período das ligações aconteceu entre abril de 2016 e 12 de maio de 2017, seis dias antes da operação.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

PT: Com auxilio moradia, Dallagnol é mais um moralista sem moral


247 - O coordenador da Lava Jato no MPF, procurador Deltan Dallagnol, assim como os juízes federais Sérgio Moro e Marcelo Bretas, também recebe auxílio-moradia, mesmo tendo imóvel próprio.

O procurador recebe R$ 6.659,73 de verbas indenizatórias por mês, dos quais R$ 4.377,73 são de auxílio-moradia. O restante dos penduricalhos é composto por R$ 884,00 de auxílio-alimentação e R$ 1.398,00 de auxílio-pré-escola.

Além de ter imóvel próprio, Deltan chegou a comprar dois apartamentos em um prédio do Minha Casa Minha Vida, programa do Governo Federal de financiamento de imóveis com juros mais baixos. Os imóveis foram comprados à vista, sem financiamento do programa.

"Só falta um PowerPoint p/ mostrar o absurdo e imoral privilégio mensal, que vale mais de quatro vezes o salário mínimo", criticou a página do PT na Câmara no Twitter. O deputado Decio Lima também questionou se o benefício do procurador também não seria corrupção. 

"Isso não é roubar do povo brasileiro? Precisa de powerpoint para a resposta?", questionou o deputado Décio Lima. 

Segundo a ONG Contas Abertas, desde 2014 já foram empenhados R$ 5,4 bilhões com o benefício para membros do Judiciário e do Ministério Público em todo o país.

A direita quatrocentona paulistana


Por Apolo da Silva no Blog Os Divergentes

Governador Geraldo Alckmin
A direita paulistana, com seus asseclas, está tensa. O seu partido, o PSDB, enfrenta dificuldades inesperadas nestas eleições. Em todas as pesquisas, o seu candidato, Geraldo Alckmin, aparece em terceiro lugar. O governador paulista está atrás de Lula (PT), de Jair Bolsonaro (PSL), de Marina Silva (Rede) e empatado com Ciro Gomes (PDT). Quando Lula não consta do cardápio, ele fica, na maioria das consultas, atrás de Bolsonaro, Marina e Ciro.

Analistas dirão que é muito cedo e que a população, depois de 14 anos do PT e da esquerda no poder, está com saudades da direita paulistana. Pode ser? Hoje, as enquetes mostram que a direita está fortalecida, mas o escolhido para representá-la parece ser Bolsonaro. Quanto à direita paulistana, continua com o apoio da elite, dos economistas liberais e de comentaristas eternamente apaixonados. O fato é que a direita está dividida e que, provavelmente, na primeira fase da campanha, haverá uma luta para uni-la.

O alvo imediato da direita quatrocentona paulistana é o candidato Jair Bolsonaro. Ela navegou nas águas da antipolítica no petrolão. Como se sabe, a direita não gosta de política, gosta de esmagar os que pensam diferente. Mas quem acabou ficando com a bandeira foi o ex-capitão. Não é à toa que se quer saber se os eleitores têm conhecimento de que ele teria ficado rico durante a carreira política. Pois é, a maioria não sabe e isso mostra que há um largo espaço para turbinar sua rejeição. Essa desinformação pode levar a direita paulistana, e seus porta vozes, a abandonar temporariamente a fúria contra “Lula-PT-esquerda” e voltar seus canhões contra o estorvo Bolsonaro.

O cenário eleitoral é diferente em 2018, dos que existiam em 2010 e 2014. O Sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) não é mais voto cativo da direita paulistana. Bolsonaro tem uma relevante votação nessa região do país. Essa divisão fragiliza os quatrocentões. Hoje, ela racha aquela votação que antes era quase exclusiva. No Sul, ela ainda têm que vencer outro problema, sobretudo no Paraná, com a candidatura de Álvaro Dias (Podemos). Até mesmo no seu território, São Paulo, há a ameaça concreta de perda de votos para Bolsonaro e outros (como o presidente Michel Temer).

O candidato do PSL, o do Podemos, ou aquele outsider Luciano Huck, que se preparem. Vão levar muita bordoada pela frente, de cima a baixo, pelos lados e por trás. Quem acompanha o merecido massacre, contra Lula e o PT, é capaz de ter uma ideia do que pode vir por aí. Cassetada aberta e fechada. Bordoada no papel, nos sites e nas redes. A história política da direita paulistana, depois de 1945, foi assim: Adhemar de Barros dançou; Jânio Quadros se perdeu no caminho; Fernando Henrique Cardoso venceu; José Serra e Geraldo Alckmin decepcionaram. Agora, os quatrocentões reabilitam Alckmin e lhes dão uma segunda chance.

E para encerrar, é adequado dizer que a direita paulistana não gosta de ser chamada de direita e se serve, às vezes, de gente mais arejada, como FHC, Serra e Aécio Neves. A direita paulistana não gosta de revelar o que fará no poder. Já teve candidato ilusionista. Já teve até candidato sem programa. No governo FHC, o ministro Paulo Renato (Educação) teve que enfrentar o ministro Pedro Malan (Fazenda) para implantar o Bolsa Escola. Os quatrocentões são contra a Zona Franca de Manaus; querem acabar com o Banco do Nordeste; estrangular o Bolsa Família; e, extinguir o programa das cotas universitárias. É só ler os seus ideólogos. Na política também existe o “domínio do fato”. Não precisa proclamar, defender ou anunciar. Basta um dos seus insinuar. E mais uma coisinha: a direita paulistana gosta de ser chamada de centro. Acha mais simpático.

Maia quer engavetar texto da reforma da Previdência

Deputado se irritou com declarações de Temer e não deve agendar nova data para votação
Marina Dias – Folha de S.Paulo

Sem previsão de que o governo conseguirá os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pretende engavetar o projeto e transferir o ônus da derrota para o Palácio do Planalto. Maia não deve agendar nova data para a apreciação da proposta caso não haja apoio de 308 dos 513 deputados para aprová-la em 20 de fevereiro, para quando está prevista a votação em plenário. Seu plano é dizer que o texto ficará como "legado" para ser votado em 2019 pelo novo presidente da República que será eleito neste ano.
O deputado se irritou com as declarações do presidente Michel Temer sobre "ter feito sua parte" para que a reforma avançasse no Congresso, e estuda fazer um discurso duro, com críticas à articulação do Planalto, caso não haja votos suficientes para aprová-la na data prevista.
A conta de Maia é a seguinte: quanto mais Temer e sua equipe tentarem transferir aos deputados a culpa por não terem dado aval ao projeto, mais agressiva deve ser sua fala quando a reforma naufragar por completo. A aliados, o presidente da Câmara disse que isentará os parlamentares —os deputados resistem em aprovar mudanças no sistema previdenciário em ano de eleição— e enumerará os motivos pelos quais, na sua opinião, o governo não conseguiu apoio. Ele avalia que o Planalto gastou boa parte de seu capital político no ano passado para enterrar as duas denúncias contra Michel Temer.
Maia admite que a derrota da Previdência já é prevista por políticos, empresários e investidores, mas acredita que propostas como a reoneração da folha de pagamento, a privatização da Eletrobras, entre outras, podem ser uma forma de acalmar o mercado. Com a Previdência fora da pauta, esses projetos terão um caminho mais livre para avançar no Congresso. Temer e seus auxiliares, por sua vez, não querem reconhecer que a batalha terminou e ainda articulam para que o texto —já bastante desidratado em relação ao original— consiga o aval da Câmara este mês.
REUNIÃO
Neste domingo (4), por exemplo, Temer se reuniu no Palácio do Jaburu com o relator, Arthur Maia (PPS-BA), e os ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Moreira Franco (Secretaria-Geral), para debater os pontos que ainda podem ser negociados na tentativa de vencer as resistências dos deputados indecisos.
Pedidos de alterações foram feitos, inclusive, pelo presidente da Câmara, que, apesar de estar bastante pessimista quanto à aprovação —a conta do governo hoje é de cerca de 250 votos a favor da reforma—, não quer passar a ideia de que desistiu por completo da proposta.
Nas suas articulações, Rodrigo Maia vai tentar conquistar votos diretamente com governadores e prefeitos que têm projetos a serem votados na Câmara e podem pressionar os deputados de sua base a apoiarem a medida.
Entre o que está sendo negociado está a criação de um sistema de transição para servidores públicos que ingressaram antes de 2003 e a retirada da proposta de limitação a dois salários mínimos para o acúmulo de pensão e aposentadoria. Na reunião deste domingo, o governo ficou de fazer as contas para ver se será possível flexibilizar esses pontos.
CÁLCULO ELEITORAL
A postura que vem adotando durante o debate e a votação cada vez mais próxima da reforma da Previdência é também um cálculo eleitoral do presidente da Câmara. Há pelo menos três meses, ganhou forma —e articulação— sua pretensão de se candidatar ao Planalto nas eleições de outubro.
Maia aparece apenas com 1% das intenções de votos na última pesquisa Datafolha e sabe que a Previdência é uma bandeira pouco popular. Sua estratégia agora é colocar em pauta na Câmara propostas de segurança pública e saúde, com mais apelo junto à sociedade.
Auxiliares do ministro da Fazenda avaliam que Maia poderia tentar culpar Meirelles pelo fracasso da reforma. Ambos disputam o posto de candidato da centro-direita como uma alternativa a Geraldo Alckmin (PSDB), e, inicialmente, avaliavam que obter protagonismo à frente da medida era essencial para o sucesso das candidaturas.
Maia, no entanto, diz que não pretende transferir o ônus da derrota para o ministro. O deputado acredita que, caso o Planalto decida lançar um candidato do governo, o próprio Temer poderia ser esse personagem.
Com aprovação baixíssima, o presidente nega que disputará a reeleição. Segundo o Datafolha, 87% das pessoas não votariam em alguém indicado por ele.