sábado, 17 de março de 2018

Lula admite: poderá ser 1º preso político no século 21

Segundo ele, objetivo da Lava Jato é 'execrar e condenar pessoas antes do julgamento' 
José Marques – Folha de S.Paulo

À espera de decisão sobre seu recurso na segunda instância da Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na noite desta sexta (16) que, se mantida a condenação, será “o primeiro preso político do país no século 21”.
Em discurso ao lado de aliados políticos e apoiadores no sindicato dos químicos em São Paulo, Lula atacou a Lava Jato e disse que está animado, apesar de condenado pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) a 12 anos e um mês de prisão. 
Segundo ele, o objetivo da operação é “execrar e condenar as pessoas antes do julgamento”. “Eu tenho consciência de que os que me condenaram não têm a consciência tranquila da inocência, que eu tenho, porque eles acham que mentiram”, afirmou, antes de criticar imprensa, Ministério Público e Justiça pelo processo do tríplex em Guarujá (SP).
"O jornal O Globo mentiu quando disse que eu era dono do apartamento, a Polícia Federal mentiu quando fez o inquérito, o Ministério Público Federal mentiu quando fez a acusação, o [juiz Sergio] Moro mentiu quando me condenou e o TRF-4 mentiu quando manteve a pena e ainda aumentou.”
Para Lula, isso tudo aconteceu porque “a desgraça de quem conta a primeira mentira é passar a vida mentindo para poder justificar a mentira que eles contaram”. Essa mentira seria, segundo o ex-presidente, de que ele era o líder do esquema de corrupção na Petrobras.
O evento encheu o auditório do sindicato no centro de São Paulo, onde ocorreu o lançamento do livro “A Verdade Vencerá: O Povo Sabe Por Que Me Condenam” (ed. Boitempo), em que Lula diz estar “pronto para ser preso” e afirma que não fugirá.
No livro, Lula é entrevistado por quatro pessoas, incluindo o jornalista e colunista da Folha Juca Kfouri, que discursou antes do evento. 
Kfouri afirmou que a obra pretendia expor “a verdade do presidente Lula” e que cabe ao leitor ficar ou não convencido dela, mas acrescentou que os entrevistadores “ficaram convencidos de que a verdade do presidente Lula é a verdade”.
Na entrada do evento, eram vendidos camisetas e bottons estampados com a imagem de Lula e bottons. Foram distribuídos panfletos que diziam que a condenação do ex-presidente foi fraudulenta.
Uma mulher no palco pediu para que não fossem distribuídos adesivos que diziam “Não à prisão de Lula” por causa da conotação anti-publicitária da palavra “prisão”. Em vez disso, pediu que fosse dito “Lula inocente, Lula presidente”.
MARIELLE E DELFIM
No palco, Lula ainda fez menção à morte da vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL) morta na quarta (14) em, segundo ele, “uma barbaridade política” por “um bando de imbecis”.
“Pela morte daquela companheira, que muita gente nem conhecia, hoje no brasil inteiro depois do assassinato dela surgiram milhares e milhares de Marielles”, disse, citando pessoas que defendem os mais pobres e os direitos humanos.
Logo depois, afirmou que ligou para o ex-ministro Delfim Netto, alvo da última fase da Lava Jato, para prestar solidariedade.
“Peguei o telefone e liguei em solidariedade ao Delfim Netto porque eu não posso admitir que um homem como o Delfim Netto, aos 90 anos de idade, seja acusado de corrupto por fazer uma consultoria.”
Lula elogiou a capacidade de Delfim para discutir projetos.
A fala do ex-presidente, de meia hora, foi muito aplaudida pelo público, exceto no trecho em que ele citou Delfim –que ocupou ministérios em governos da ditadura militar.
Além do processo do tríplex, o ex-presidente é réu em mais seis ações criminais na Lava Jato, ainda sem sentença.

Juízes federais fazem greve hipócrita e irrealista

Paralisação defendeu mordomias e privilégios
Blog do Kennedy

Além da controversa legalidade de greve de magistrados, a paralisação de ontem dos juízes federais mostrou desconexão com a sociedade e irrealismo fiscal.
A Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) fez um balanço. Segundo a entidade, houve adesão de 62% dos associados. O movimento foi convocado para defender o auxílio-moradia e reivindicar reajuste salarial de 40%.
Segundo alguns advogados e professores de direito, seria ilegal juiz fazer greve. Mas, mesmo que magistrados tivessem tal direito, as reivindicações são absurdas.
A defesa do auxílio-moradia, um penduricalho para ultrapassar o teto constitucional, não tem fundamento ético. Também é um pagamento controverso do ponto de vista legal _uma forma de descumprir o teto constitucional, como salário indireto, disfarçado.
O pior, porém, é invocar o combate à corrupção para defender esse privilégio, como se acabar com essa mordomia fosse uma perseguição ao trabalho dos juízes. É uma mistura de hipocrisia e esperteza usar esse argumento.
Justamente porque há um maior combate à corrupção no Brasil, a sociedade não tolera mais determinadas práticas. O combate à corrupção é um motivo a mais para acabar com o auxílio-moradia.
Aliás, será preciso acompanhar com lupa a decisão que o STF tomará na semana que vem a respeito desse assunto. Não pode resultar apenas num julgamento para restringir o auxílio-moradia, mas numa determinação para acabar com uma farra criada por liminar do ministro Luiz Fux. O Supremo não pode ceder ao pior tipo de corporativismo.
O pedido de reajuste de 40% não faz nenhum sentido. O atual salário já é fruto da incorporação de diversos penduricalhos feitos no governo Lula, mas a farra foi voltando ao longos dos anos.
Essa reivindicação é uma afronta à sociedade. Demonstra gula econômica. O Brasil vive enorme crise fiscal. Mais uma vez, uma parcela da elite, uma casta de funcionários públicos, comporta-se como se fosse dona do Estado, com direito a privilégios e mordomias.
Juízes não ganham pouco. Magistrados, com seus supersalários, são exemplos do patrimonialismo brasileiro. Gastos sociais importantes em saúde e educação sofreram queda. Falta dinheiro para políticas públicas destinadas aos mais pobres. Não há dinheiro sobrando para a educação e a saúde, mas os juízes querem ganhar mais. Em que país vivem esses magistrados?
A elite tem responsabilidade maior numa hora de crise. Deveria fazer sacrifícios em vez de defender o indefensável. Seria importante que vozes importantes, como as do juiz federal Sergio Moro e do procurador da República Deltan Dallagnol, fossem ouvidas a respeito disso. Afinal, os dois têm opinião sobre diversos assuntos e exercem uma liderança no Judiciário que é paralela à do STF.
Ontem, enquanto milhares de pessoas protestavam contra o assassinato da vereadora Marielle Franco e choravam a morte covarde dela, juízes federais se comportaram como Marias Antonietas, para usar uma definição adequada do jornalista Fernando Brito. Ontem foi realmente o dia da vergonha no Brasil, com privilegiados defendendo sem pudor os seus brioches, mas o país real era e é o de Marielle Franco.

Muito além do arco-íris

Aécio Neves precisa explicar venda de emissora de rádio à irmã
Juliana Sofia – Folha de S.Paulo
Sob o escudo da legalidade, o senador Aécio Neves deixa de dar explicações convincentes ao eleitor sobre o caso da rádio Arco Íris, revelado pela Folha nesta semana. Em uma operação familiar, o tucano vendeu as cotas que tinha da emissora, avaliadas em R$ 700 mil, por vultosos R$ 6,6 milhões.

A negociação envolveu, na origem, uma dívida com sua mãe, antiga proprietária; seis anos depois, a participação do parlamentar na rádio foi vendida por uma fortuna a outra sócia, curiosamente sua irmã, Andrea Neves. Na triangulação milionária, o débito do filho foi perdoado.
Todos os valores foram declarados de forma regular à Receita Federal e ficariam resguardados pelo sigilo fiscal não fosse a determinação do STF para quebrar a confidencialidade dos dados do senador em um inquérito em que ele é investigado. Nos documentos públicos —disponíveis na Junta Comercial de Minas Gerais—, o tucano não registrou, porém, os montantes informados ao fisco. O negócio da China foi resumido a modestos R$ 88 mil —ato que não é ilegal.
Aécio se desfez das cotas da Arco Íris seis meses antes de ser gravado, sem ter conhecimento, em um hotel em São Paulo pedindo ao empresário Joesley Batista (JBS) R$ 2 milhões para pagar sua defesa na Lava Jato.
O “Mineirinho”, como o parlamentar era conhecido pelos executivos da Odebrecht, foi citado nas delações da empreiteira por participar do esquema que favoreceu o grupo nas obras da Cidade Administrativa e da usina de Santo Antônio. Marcelo Odebrecht, herdeiro condenado do império, orientava seus executivos a serem generosos nas doações de campanha ao tucano por ter grande potencial e capital político.
Aos 51 milhões de brasileiros que lhe confiaram o voto, o senador tem muito a esclarecer —inclusive por que mantinha em casa um bloqueador proibido de celular. Os advogados de Aécio dizem que o equipamento foi um presente.

Educação inicia Pactuação das Metas 2018


Acreditando na importância do diálogo permanente entre Governo e a comunidade escolar para o desenvolvimento do setor educacional no Estado, o governador Paulo Câmara acompanhou, na manhã de hoje, no município do Agreste Setentrional, o início da Pactuação de Metas 2018 da Secretaria Estadual de Educação (SEE-PE). Em sua primeira edição, a Caravana da Educação, que pretende mobilizar os públicos envolvidos através de um circuito de serviços pedagógicos e culturais,  esteve na EREM Professora Jandira de Andrade Lima (CERU). Todas as regiões de Pernambuco receberão a ação com previsão de conclusão em maio deste ano. As atividades ainda incluem áreas esportivas e orientações aos estudantes, durante um dia inteiro de trabalho. A solenidade de abertura da Pactuação de Metas 2018 foi realizada na Técnica Estadual José Humberto de Moura Cavalcanti, no bairro Cordeiros.

"Nós estamos, a cada ano, avançando e melhorando nessa área que é tão importante para o futuro das nossas gerações, do nosso Estado. Os professores, junto com a comunidade escolar, estão se comprometendo com essas metas. E isso é fundamental dentro do nosso planejamento para que a educação continue avançando e a gente possa corrigir o que precisa ser corrigido. Política Pública se faz assim: com avaliações todos os anos, com pactuação de metas e fazendo o acompanhamento permanentemente. Então, essa é mais uma oportunidade da gente discutir o que está dando certo e o que pode melhorar, para que tenhamos um ano de 2018 onde a educação avance e Pernambuco continue sendo a melhor educação pública do Brasil", destacou o governador.
Tendo como objetivo aproximar a escola da população e fortalecer ainda mais o protagonismo dos jovens da Rede Estadual, a Pactuação de Metas é um importante momento de diálogo e interação entre a Secretaria de Educação e as escolas, em parceria com a Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado, com foco no aprimoramento do Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco (IDEPE).  "A Caravana está começando hoje, aqui na Regional do Vale do Capibaribe, a que possui os melhores resultados do Estado. Semana que vem, a gente segue para Timbaúba e, ao longo das próximas semanas, nós vamos percorrer todo o Estado para pactuar as metas, dialogar com os estudantes e envolver toda a comunidade escolar. Ainda temos muitos desafios pela frente, mas com união e muito trabalho a gente vai conseguir cumprir com o nosso planejamento e oferecer uma educação cada vez melhor e mais transformadora em Pernambuco", pontuou o secretário estadual de Educação, Fred Amâncio. .
Uma série de atividades da Caravana da Educação foi realizada, simultaneamente, em outras unidades de ensino de Limoeiro. As ações estão divididas em três polos – Esportivo, Cultural e Central, envolvendo centenas de estudantes da Rede Estadual. Atividades como competições esportivas, apresentações de dança e artes cênicas, doação de livros, recitais e atividades de leituras irão movimentar os Polos Esportivo e Cultural, localizados na Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Sebastião de Vasconcelos Galvão e na EREM Professora Jandira de Andrade Lima (CERU), respectivamente.
Ainda hoje à tarde, cerca de 800 estudantes de gestores escolares irão se reunir no Polo Central, localizado na EREM Jandira de Andrade Lima (CERU). A programação do espaço é voltada para estudantes do 3º ano do Ensino Médio e contará com a apresentação dos projetos “Enem Tá Ligado”, com foco na preparação para o exame, e “PE no Campus”, iniciativa lançada pelo Governo do Estado no final de 2017, que visa fortalecer ainda mais a educação pública de Pernambuco, por meio de um conjunto de ações de mobilização de estudantes e apoio financeiro, mediante bolsas, aos estudantes de baixa renda da Rede Estadual de Ensino que forem aprovados em instituições públicas de Ensino Superior.
"Essa iniciativa é uma forma de valorizar o trabalho realizado na gerência regional, dos professores, dos gestores. Estamos aqui com 37 escolas, que estão determinadas a oferecer cada vez mais uma melhor educação para os nossos alunos. E essa vinda do governador, sem dúvidas, levanta a nossa autoestima e nos impulsiona a ter mais energia e trabalhar muito mais para alcançar nossas metas", avaliou a gerente regional da GRE Vale do Capibaribe, Rejane Ribeiro. Sentimento também compartilhado pelo prefeito Joãozinho. "A gente fica muito feliz em receber o governador hoje, principalmente por ele ter escolhido Limoeiro para dar início à Caravana da Educação e ter assinado a Ordem de Serviço de uma obra estruturadora para o conforto e segurança dos alunos e de toda a comunidade escolar da nossa ETE, que atente não só o nosso município, mas que também recebe alunos de toda a região do Agreste Setentrional", frisou.

Desembargadora: “Marielle era envolvida com bandidos”

Marilia Castro Neves fez o comentário nesta sexta (16) no Facebook
“É cadáver comum”
Mônica Bergamo – Folha de S.Paulo
A desembargadora Marilia Castro Neves, do Rio de Janeiro, escreveu nesta sexta (16) no Facebook que a vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada nesta semana, "estava engajada com bandidos".

Afirmou ainda que o "comportamento" dela, "ditado por seu engajamento político", foi determinante para a morte. E que há uma tentativa da esquerda de "agregar valor a um cadáver tão comum quanto qualquer outro".
A magistrada fazia um comentário abaixo de um texto postado pelo advogado Paulo Nader na rede social em que afirmava entender a comoção gerada pela morte de uma "lutadora dos direitos humanos e líder de uma população sofrida".
A desembargadora então postou o seguinte texto: "A questão é que a tal Marielle não era apenas uma 'lutadora', ela estava engajada com bandidos! Foi eleita pelo Comando Vermelho e descumpriu 'compromissos' assumidos com seus apoiadores. Ela, mais do que qualquer outra pessoa 'longe da favela' sabe como são cobradas as dívidas pelos grupos entre os quais ela transacionava."
E seguiu: "Até nós sabemos disso. A verdade é que jamais saberemos ao certo o que determinou a morte da vereadora mas temos certeza de que seu comportamento, ditado por seu engajamento político, foi determinante para seu trágico fim. Qualquer outra coisa diversa é mimimi da esquerda tentando agregar valor a um cadáver tão comum quanto qualquer outro".
Um grupo de advogados que leu o texto começou a fazer campanha nas redes para que Marilia Castro Neves seja denunciada ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) por ter "ironizado" a morte de Marielle.
A desembargadora afirmou à coluna que apenas deu a sua opinião como "cidadã" na página de um colega já que não atua na área criminal. 
Ela afirma ainda que nem sequer tinha ouvido falar de Marielle até a notícia da morte. "Eu postei as informações que li no texto de uma amiga", afirma.


"A minha questão não é pessoal. Eu só estava me opondo à politização da morte dela. Outro dia uma médica morreu na Linha Amarela e não houve essa comoção. E ela também lutava, trabalhava, salvava vidas", afirma. 

sexta-feira, 16 de março de 2018

A armadilha do punitivismo e a mudança que precisamos


POR FERNANDO BRITO ·no Tijolaço


É fora de questão que os executores do assassinato da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes precisam ser responsabilizados, julgados e condenados com todo o rigor da lei.

Mas é uma armadilha ideológica reduzir a isso a questão, afirmando que é “a impunidade” a responsável por estas monstruosidades, porque elas são fruto de algo muito pior: um sistema em que a violência e a necessidade de reagir a ela nos faz perder o foco que devemos ter: o fato de isso é , essencialmente, fruto do atraso, da injustiça, da falta de direito à educação, ao trabalho, à saúde e, como corolário destes, também do direito à vida.

Não foi à toa que as ridículas máscaras do personagem “Anonymous” deram a tônica do embrião do golpe que passou a se desenvolver depois das tais “jornadas de junho” de 2013 se inspirassem no filme “V de Vingança”. Vingança, como se sabe, é a reprodução com sinal inverso, do que é injusto e que só produz a continuidade do ódio, até por gerações afora.

É, portanto, a vingança, o contrário da mudança.

O fundamentalismo que se expressa no cartaz que aparece na cena do filme – Fortes pela unidade, unidade através da fé – prestar-se-ia perfeitamente ao Exército Islâmico ou a qualquer movimento fascista.

O sentimento de vingança serve como pretexto para a continuidade do que é bruto, desumano, corrosivo. Pior, para seu agravamento, porque legitima os métodos autoritários, sem inibir aquilo em nome do “combate ao inimigo”. Ou não é a isso que nos levou o “lavajatismo” judicial, que aboliu a prudência, os direitos e as garantias individuais e acabou por lançar o país num caos do qual só com muito otimismo podemos ver a saída?

É o mesmo roteiro mental dos que acham que “vagabundo merece é bala”. O conceito de “vagabundo” pode ser usado contra qualquer um que não sejamos nós mesmos e nossos pares. Mas só quem tem o direito de dar concretude a ele é quem detém o poder: sejam as armas, sejam os tribunais.

Na lúcida entrevista que deu à Rádio França Internacional, o delegado de polícia Orlando Zaccone diz:

Então nós temos aí, na chegada da intervenção, um reforço do discurso de que temos que restringir direitos e garantias individuais para a manutenção de uma certa ordem. Nesse contexto, aqueles que se opõem a essa construção, passam a estar no outro campo político. A ideia que se constrói em relação aos que se opõem é que são criminosos – traficantes, milicianos – e aí você joga no mesmo pacote aqueles que defendem políticas de direitos humanos. Ou seja, você joga, ao lado de traficantes e milicianos, os defensores de direitos humanos. Aí você constrói esses últimos como inimigos. A partir do momento que você localiza interesses contrários à intervenção em grupos criminosos, sejam de traficantes de drogas, sejam de milicianos, e a partir do momento que você tem defensores de direitos humanos contra a forma com que está sendo construída a intervenção, é muito fácil você construir que os defensores de direitos humanos estão ao lado de criminosos.

Troque criminosos por corruptos e defensores dos direitos humanos por defensores da legalidade e veja como se parece com o fenômeno do “lavajatismo” que assolou nosso ordenamento jurídico e judicial.

Volto à questão: punir criminosos não é programa político, sejam corruptos ou traficantes. É algo que deve ser rotineiro, institucional, permanente, não uma cruzada. Programa político é ter desenvolvimento e justiça social, dois trilhos de uma mesma estrada por onde precisa caminhar a sociedade brasileira.

A vereadora Marielle certamente não morreu para que seus assassinos fossem punidos como “exemplos”. Além de uma tautologia, isso seria uma redução maldita do significado desta tragédia. Sua morte só rebeberá o tributo que merece se for pelos valores de sua vida: respeito, legalidade, civilidade no trato entre povo e poder.

Com força, com energia, com o preço de nossas vidas, como pagou ela, mas em nome dos valores da civilização, não nos da selva.

O resto é coisa de vingadores moralistas, onde a moral só importa, mesmo, como ferramenta e justificativa para o ódio.

Fatos arrastam Temer para agenda de delegado


Josias de Souza

O fuzilamento da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes, aconteceu no centro do Rio de Janeiro. Mas os efeitos dos disparos foram sentidos no Palácio do Planalto. Michel Temer descobriu da pior maneira possível o quão arriscado é fazer populismo com segurança pública. Ao decretar intervenção federal na segurança do Rio, Temer disse que seu governo prevaleceria sobre a bandidagem. Os criminosos ainda não lhe deram crédito. Pior: revelam-se dispostos a balançar o coreto de sua autoridade.
A essa altura, nem as almas mais ingênuas acreditam na lorota de que Temer devolverá a paz ao Rio até dezembro, quando termina o seu mandato. Primeiro porque o tempo é curto. Segundo porque falta uma certa  autoridade a Temer. Há duas décadas, um candidato a prefeito chamado Sergio Cabral dizia que a Rocinha era uma fábrica de marginais. Anos depois, eleito governador pelo PMDB, partido de Temer, Cabral chegou a anunciar que mandaria murar uma favela. Hoje, o aliado de Temer está preso dentro dos muros da cadeia paranaense que guarda os larápios da Lava Jato.
Rodeado por denúncias criminais e inquéritos por corrupção, Temer convive com o risco de ter um futuro à moda de Sérgio Cabral. Mas achou que poderia oxigenar o resto do seu mandato desafiando o crime organizado do Rio. Retirou o governador Luiz Fernando Pezão da linha de tiro. E atraiu para o gabinete presidencial, em Brasília, todas as mazelas da insegurança do Rio. Temer sonhou com a revitalização de sua autoridade de presidente. Mal sabia ele que a realidade o arrastaria para uma agenda de delegado de polícia

Juízes e moradia: também pela valorização da classe

Juízes dizem que mobilização não é só por auxílio, mas por valorização da classe
Magistrados buscam desvincular paralisação de pressão por benefício de moradia
Joelmir Tavares -  Folha de S.Paulo

Juízes federais em São Paulo que participam das manifestações organizadas pela classe nesta quinta-feira (15) adotaram o discurso de que a mobilização é para pedir a valorização da categoria e disseram que a manutenção do auxílio-moradia é apenas uma das várias reivindicações. Inicialmente, o protesto foi visto como uma pressão da classe pela manutenção do benefício. Lideranças dos magistrados e dos procuradores federais reunidas em uma das sedes do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), na avenida Paulista, evitaram chamar o movimento de paralisação ou de greve, já que, segundo eles, o trabalho não parou.
Quando a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) anunciou o protesto, no dia 1º de março, nota oficial da entidade dizia que os associados haviam decidido "pela realização do movimento com paralisação no próximo dia 15 de março". Nesta quinta, a entidade disse à Folha que "mantém o posicionamento de que é paralisação".
Segundo os porta-vozes na capital paulista, os servidores do Judiciário se ausentaram do trabalho só no momento do encontro no auditório do tribunal, que durou aproximadamente uma hora e meia, no meio da tarde. Cerca de 150 pessoas, algumas com adesivos na roupa com alusão à paralisação, foram ao local e ouviram discursos de sete representantes de organizações de classe.
De acordo com balanço da Ajufe, houve adesões ao movimento em dez estados e no Distrito Federal. Dos 1.796 juízes federais do país, cerca de 800 participaram dos atos, disse a entidade.

Aniversário: bandidos melam 1º mês de intervenção

Bandidos colocam sangue no chope que comemoraria o 1º mês de intervenção 
Josias de Souza
Estava tudo programado. Michel Temer voaria para o Rio de Janeiro para celebrar no domingo o aniversário de um mês da intervenção federal, completado nesta sexta-feira (16). Ao assassinar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes, a bandidagem derramou sangue no chope do governo. O presidente já não sabe se viajará ao Rio. Se viajar, substituirá a pompa de um balanço festivo por uma reunião de trabalho circunspecta, seguida de apresentação dos “resultados” e da reafirmação do compromisso de elucidar o duplo assassinato, punindo os responsáveis

A euforia do governo com a intervenção foi abatida a tiros. Morreu junto com a vereadora que, na véspera do seu fuzilamento, indagara no Twitter: “Quantos ainda vão ter que morrer?” Muitos morreram, mesmo depois que o general-interventor Braga Netto passou a governar a insegurança fluminense no lugar de Luiz Fernando Pezão. Mas todo o staff da gestão Temer está convencido de que o cadáver de Marielle desceu à crônica da intervenção como um desses símbolos que fazem a opinião pública despertar do sonambulismo.
Um dos operadores políticos de Temer definiu a mudança de cenário assim: “Iniciamos a semana programando o aniversário da intervenção. E chegamos ao dia da festa tendo que nos livrar do ‘Efeito Amarildo’.” Referia-se ao pedreiro Amarildo de Souza, um pai de seis filhos que, no dia 14 de julho de 2013, foi levado para a Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha e desapareceu. Deu origem a um coro em forma de interrogação que compôs a trilha sonora da ruína do governo de Sérgio Cabral: “Cadê o Amarildo?”
O receio do governo é o de que Temer passe a ser perseguido por uma pergunta análoga: “Cadê os assassinos de Marielle?” No Planalto, imagina-se que o pior seria evitado se a resposta fosse fornecida pelos investigadores nas próximas 48 horas. Isso permitiria ao presidente, a quem o interventor Braga Netto está vinculado por força de decreto, exibir a elucidação do crime como uma evidência da serventia de sua intervenção.
Na dúvida, autoridades do governo começam a temperar o discurso. ''Imbecil é quem imaginou que em 30 dias nós teríamos solucionado a questão da violência no Rio de Janeiro”, disse, por exemplo, o ministro Carlos Marun, coordenador político do Planalto. “Essa nunca foi a nossa pretensão. Nós temos um trabalho de longo curso, ele será realizado. Se esse assassinato tinha o objetivo de nos assustar, de nos retirar do nosso rumo, esses bandidos se engaram.''

Caravana da Educação chega a Limoeiro

O governador Paulo Câmara acompanha, hoje, o início da Pactuação de Metas 2018 da Secretaria Estadual de Educação (SEE), que será realizada no município de Limoeiro, Agreste Setentrional do Estado. Este ano, a iniciativa contará também com o novo projeto Caravana da Educação: um circuito de atividades pedagógicas, culturais, esportivas e de orientações aos estudantes. A novidade irá contemplar todas as regiões do Estado, da Região Metropolitana ao Sertão, e surge com o objetivo de aproximar a escola da população e fortalecer o protagonismo dos jovens da Rede Estadual.
A Pactuação de Metas é um momento importante para discutir as metas a serem traçadas para o ano de 2018 entre a Secretaria de Educação e as escolas, em parceria com a Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado (SEPLAG), para que todas conheçam suas metas com foco no Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco (IDEPE). O encontro, que acontece na Escola Técnica Estadual José Humberto de Moura Cavalcanti, contará com a presença de todos os gestores das escolas jurisdicionadas à Gerência Regional de Educação Vale do Capibaribe.

quinta-feira, 15 de março de 2018

Marilia emite nota sobre afastamento de João Paulo


Nota de esclarecimento

É com surpresa que tenho acompanhado o surgimento de uma série de notícias e especulações atribuindo a mim, e a pessoas de minha proximidade dentro do Partido dos Trabalhadores, supostas ações de enfrentamento/críticas/acirramento contra o ex-prefeito João Paulo, o que segundo fontes – que não mostram o rosto ou a voz – teria motivado o pedido de afastamento do partido, oficializado por João Paulo, na última terça-feira.
Sou militante da esquerda desde jovem e a figura de João Paulo sempre foi, para mim, uma inspiração. Muito mais que isso, sua liderança histórica no PT, seu trabalho revolucionário no comando da Prefeitura do Recife, sua atuação aguerrida como parlamentar na Câmara Municipal do Recife, na Assembleia Legislativa de Pernambuco e na Câmara Federal são um exemplo para qualquer militante ou parlamentar que tenha compromisso com as causas populares e a justiça social.
A disposição de me lançar pré-candidata ao Governo do Estado, nascida a partir do estímulo da base partidária do próprio PT – não pode ser confundida ou transformada, por pessoas costumam atuar para desagregar, em algo diferente do que é: uma proposta legítima, sempre submetida ao debate interno. O PT é um partido conhecido pela pluralidade de opiniões e pela ampla democracia interna, no qual as divergências são tratadas como degraus de uma construção coletiva. Vivemos momentos graves na Política nacional e local, com a fragilização de nossa jovem democracia e o retrocesso de direitos e conquistas históricas. E é exatamente para tentar tirar o foco de nossa verdadeira luta, que forças aliadas ao que há de mais retrógrado e nocivo na política brasileira, querem dispersar nossas atenções e energias. 
Sigo com a certeza e a tranquilidade de quem cumpre seu papel de parlamentar, mulher, militante e cidadã pernambucana e sempre à disposição para o debate e a construção coletiva de um País e de um Pernambuco melhor para todxs.
Marília Arraes – PT/Vereadora do Recife

Velório de vereadora vai virar um ato político contra intervenção



POR FERNANDO BRITO ·No Tijolaço


Já há um grande número de pessoas diante da Câmara dos Vereadores, no centro do Rio de Janeiro, esperando para velar a vereadora Marielle Franco.

Não é difícil adivinhar que. logo mais, haverá uma multidão revoltada contra o assassinato dela e do motorista que conduzia seu carro.

E que haverá um grande ato político ali, no qual os ânimos exaltados, se os pretenderem controlar à base de tropa da choque, levará, provavelmente, a conflitos e enfrentamentos.

Na berlinda, o general Braga Netto e a intervenção que lhe coube executar.

Exatamente onde os assassinos de Marielle o queriam colocar.

O crime, no Rio de Janeiro não está, senão secundariamente, onde querem e mandam que o Exército vá buscar.

Os comentários brutais nos sites dos jornais, onde a postura de defensora dos direitos humanos da vereadora, de seu partido e da esquerda, mostram a cegueira de ódio que domina o debate sobre segurança pública e o da política.

Espera-se que os interventores tenham a lucidez de prevenir um confronto, do qual eles próprios sairão mais feridos.

Governo quer R$ 68,2 mi para Adutora do Agreste


O presidente da Companhia Pernambucana de Saneamento- Compesa, Roberto Tavares, apresentou, hoje, em Brasília, pleito do governador Paulo Câmara junto ao Ministério da Integração Nacional para a liberação de R$ 68,2 milhões para a conclusão da primeira etapa útil da Adutora do Agreste. Na reunião entre o representante do Governo de Pernambuco e o Secretário Nacional de Infraestrutura Hídrica, Antônio de Pádua, e do diretor de Obras Hídricas, do MI, Stanley Rodrigues, o presidente da Compesa fez um balanço sobre ao andamento da Adutora do Agreste e mostrou que a obra está em ritmo acelerado e não pode ter descontinuidade, pois a ansiedade dos municípios do Agreste é grande e é justa.
Desde o início da obra da Adutora do Agreste, em 2013, até dezembro de 2017, o governo federal repassou R$ 804 milhões do total conveniado, de R$ 1,246 bilhão. Com os últimos repasses, realizados em dezembro do ano passado, a Compesa garantiu o pagamento de faturas em atraso e ganhou fôlego para tocar 26 frentes de trabalho. “Se forem liberados os R$ 68,2 milhões, além de concluir a obra de integração da Adutora do Moxotó com a Adutora do Agreste, iremos abrir outras frentes como a que vai para Aguas Belas e Iati, e a que vai para São Bento do Una e Lajedo”, afirma o presidente Roberto Tavares. Ele adianta que a antecipação da primeira etapa útil da Adutora do Agreste irá atender 10 cidades, partindo da cidade de Arcoverde, no Sertão, até São Caitano, no Agreste, beneficiando mais de 400 mil pessoas já nesse primeiro semestre de 2018.

Marielle um dia antes: Quantos precisarão morrer?


Folha de S.Paulo
Um dia antes de ser assassinada, a vereadora Marielle Franco, 38, (PSOL) postou um desabafo no twitter ao comentar a morte de Matheus Melo, 23. O jovem foi baleado na segunda (12) quando saía da favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio. A família acusa policiais pela morte do rapaz. Matheus era evangélico e trabalhava na Fundação Oswaldo Cruz. Marielle foi morta na noite desta quarta (14) no Estácio, zona norte do Rio.
Na rede social, a vereadora postou: “Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”, indagou a vereadora.
Ela e o motorista do carro foram baleados. A assessora da vereadora sobreviveu. A vereadora era aliada do deputado estadual Marcelo Freixo (Psol), que ficou em segundo lugar na eleição para prefeito do Rio.
Freixo disse que todas as características do crime são de execução e que vai cobrar providências.

Ela é nascida e criada no complexo de favelas da Maré, uma das regiões mais violentas da cidade.
Socióloga formada pela PUC-Rio e mestra em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Marielle foi a quinta vereadora mais votada do Rio na última eleição. Ela obteve 46.502 votos.
No mês passado, ela foi nomeada relatora da comissão que acompanhará a intervenção federal no Rio.
Marielle era contra a ação do governo federal. Em entrevista, ela disse que a intervenção militar era “farsa”. “E não é conversa de hashtag. É farsa mesmo. Tem a ver com a imagem da cúpula da segurança pública, com a salvação do PMDB, tem relação com a indústria do armamentismo”, disse a vereadora.

Gilmar recusa desculpas: processo em quem o ofendeu

O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), ajuizou uma ação por danos morais contra Cláudio Dantas, do site “O Antagonista”. Em dezembro, o repórter divulgou o número do telefone celular do magistrado no Twitter com a frase “Para quem quiser mandar aquele Feliz Natal”. Mendes pede reparação de R$ 100 mil. Dantas não respondeu à coluna.

Já o juiz Glaucenir de Oliveira, do Rio de Janeiro, enviou carta a Gilmar para se retratar de xingamentos divulgados depois que o magistrado concedeu habeas corpus para soltar Anthony Garotinho. Na ocasião, Oliveira disse “a mala foi grande”, insinuando pagamento de propina.
O ministro, que processa o juiz, não aceitou a retratação. (Mônica Bergmo – Folha de S.Paulo)

PT perde o controle

"Ou João Paulo ou Marília Arraes"
De Marisa Gibson, na coluna DIARIO POLÍTICO desta quinta-feira
Por essa, ninguém esperava. Referência máxima do PT pernambucano, João Paulo, ex-deputado e ex-prefeito do Recife, é uma liderança magoada com o partido que ajudou a fundar e a crescer no estado, e com correligionários que desejam que a legenda  tenha candidato a governador. O gesto de pedir licença do partido, “para  ver o que vai fazer”, demonstra o quanto o petista está se sentindo incomodado com o processo sucessório em que, mais uma vez, o PT perdeu o controle.

João Paulo, que era apontado eventual candidato a deputado federal ou estadual e até mesmo vice na chapa de Paulo Câmara (PSB), recebeu ligações do expresidente Lula e da presidente nacional da sigla, Gleisi Hofmann, que ficaram estupefatos com a decisão do companheiro. De quebra, João Paulo, assim como Lula, está ameaçado de ficar inelegível
 Esse é um problema sério, mas não tão grave quanto o afastamento do ex-deputado, que expõe uma fratura anunciada desde que a vereadora Marília Arraes (PT) lançou a sua candidatura ao governo do estado. E dividido, o PT não vai a lugar nenhum. Ninguém faz alianças com um partido em guerra. Além do mais, o pedido de licença do ex-deputado esticou bastante a corda.
É quase um ultimato: ou João Paulo, referência do partido, ou a neo-petista Marília Arraes. Alguém vai ter que ceder.

quarta-feira, 14 de março de 2018

Ministros começam a deixar governo na próxima semana

Blog do Valdo Cruz
Na próxima semana, alguns ministros já começam a deixar o governo para disputar as eleições deste ano. Um deles é Ricardo Barros, da cobiçada pasta da Saúde. Seu partido, PP, quer fazer o sucessor, mesmo neste momento sinalizando apoio à candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à Presidência da República.
O ministro disse ao blog que terá de sair antes do prazo final de desincompatibilização, dia 7 de abril, porque será indicado para presidir a Comissão de Orçamento.
Para isso, precisa reassumir seu mandato na Câmara na semana que vem. Barros afirmou que ainda não há uma definição sobre o nome que irá sucedê-lo, mas confirmou que seu partido quer manter o comando do Ministério da Saúde.
Inicialmente, o Palácio do Planalto havia avisado seus aliados que, para manter o controle sobre os atuais ministérios, eles teriam de garantir apoio ao candidato do governo à Presidência. Neste momento, Rodrigo Maia não conta com este aval do Planalto. Mesmo assim, Barros disse que seu partido, como parte da base aliada do emedebista, quer seguir à frente da pasta.
Apesar da resistência do Planalto, os aliados que ensaiam embarcar em outras candidaturas, que não contam com o aval de Temer, acreditam que vão conseguir manter o controle dos atuais ministérios porque o governo precisa dos votos da base aliada para aprovar projetos no Congresso Nacional.
E, neste momento, o presidente passa por mais um momento de desgaste e não teria como ficar sem o apoio no Legislativo.
Até o início de abril, até 11 ministros podem deixar seus cargos para disputar a eleição. Já começou, inclusive, uma disputa dentro da base aliada por algumas pastas. O Ministério de Minas e Energia, por exemplo, é uma delas.
Comandado atualmente por Fernando Coelho, deputado que era do PSB e pode migrar para o MDB, o ministério é reivindicado pelos senadores emedebistas. Eles controlavam, durante o governo Dilma Rousseff, a área e, com a reforma, querem voltar a controlar a pasta.
Só que Fernando Coelho, por causa de disputas regionais, pode acabar não se filiando ao MDB e migrar para o DEM, acirrando a disputa dentro da base pela área.
Outra área cobiçada pelo MDB é o Ministério da Fazenda, hoje sob comando de Henrique Meirelles (PSD). Nos últimos dias, o ministro intensificou uma agenda de exposição pública na busca de melhorar sua posição nas pesquisas de intenção de voto e, assim, tentar viabilizar sua candidatura a presidente da República.
Se sair, Meirelles quer que seu sucessor saia de sua equipe e já levou ao presidente Michel Temer os nomes de dois de seus secretários: Eduardo Guardia (secretário-executivo) e Mansueto de Almeida (Acompanhamento Econômico).
Meirelles, porém, enfrenta dificuldades partidárias. Seu atual partido, PSD, já sinalizou que fará aliança com o candidato tucano a presidente, Geraldo Alckmin. Restaria ao ministro da Fazenda mudar de partindo, filiando-se ao MDB, mas sem garantias de que seria o candidato do partido.
Nesta hipótese, caso sinta que suas chances são remotas, Meirelles deve seguir no posto