sábado, 5 de agosto de 2017

A crise não acabou para Temer

O ministro da Saúde,Ricardo Barros (Foto:  Aloisio Mauricio / Fotoarena / Agência O Globo)
VAI QUERER QUANTO?
O ministro da Saúde, Ricardo Barros. No dia da votação de Temer, Barros montou gabinete na liderança do PP na Câmara para liberar recursos a deputados (Foto: Aloisio Mauricio / Fotoarena / Agência O Globo)

Época
Na tarde da quarta-feira (2), o presidente Michel Temer estava sentado no sofá da ampla sala de estar de seu gabinete no Palácio do Planalto. Acompanhava o que acontecia dentro da Câmara pela televisão de 72 polegadas e ao telefone, pelos relatos dos ministros que enviou ao plenário para convencer deputados – a todo custo – a livrá-lo de ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva. Ficou satisfeito ao acompanhar o desempenho da primeira bancada, de Roraima. O elixir da velha política, composto de liberação de emendas e cargos, surtia efeito. Em junho e julho, Temer havia liberado para cada um dos roraimenses até R$ 10 milhões em emendas. Dos oito integrantes da bancada, obteve apenas um voto contrário. Mas veio a bancada do Rio Grande do Sul para azedar o humor, com xingamentos de “Temer corrupto”, e, o pior, as traições.

O deputado Luis Carlos Heinze, do aliado PP, assumiu o microfone e, para surpresa do presidente, votou por seu julgamento. “Ele esteve aqui comigo! Não vou ficar mais vendo isso”, disse Temer, entre chocado e irritado. Levantou-se do sofá resmungando que não queria mais acompanhar o voto a voto. Deixou na sala alguns correligionários que lhe faziam companhia, como o ministro Sergio Etchegoyen, do Gabinete de Segurança Institucional, e Torquato Jardim, da Justiça. Foi para uma sala privada, contígua à sua, menor – e sem TV. Heinze havia estado cara a cara com o presidente, a última visita delas em julho, às vésperas da votação, e jurou-lhe fidelidade. Integrante da bancada ruralista, beneficiada dias antes com uma renegociação de dívida de produtores, o deputado havia tratado com o governo a transferência de R$ 7,8 milhões para suas emendas somente nos últimos dois meses. “Ali é o seguinte. Este voto foi um caso específico. Mas eu voto com o governo. Eu estive com ele, fui ao Banco Central, Planejamento, Conab, mas tudo em nome dos produtores de arroz. Não é nada para mim”, disse, às gargalhadas, ao saber da reação do presidente.

Temer só saiu do isolamento por volta das 20 horas, quando foi avisado que já havia conseguido os 172 votos redentores. Foi um alívio. Ele permanecerá no cargo por pelo menos mais um mês. A próxima batalha deverá acontecer em setembro, quando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviará nova denúncia à Câmara, desta vez por obstrução da Justiça. Mesmo com um placar mais modesto do que governistas anunciavam – 263 votos favoráveis e 227 contrários –, a vitória custará caro aos brasileiros. Só no mês de julho, foram empenhados mais de R$ 2 bilhões para deputados gastarem em suas bases eleitorais. Nunca foi tão fácil: todo parlamentar que pediu levou. Os acertos seguiram ainda com a votação em curso, a fim de convencer quem ainda se mostrava indeciso. Naquela tarde da quarta-feira, dia 2, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, que não foi exonerado do cargo para votar pelo presidente e, portanto, estava investido do poder de chefe da Pasta, transferiu seu gabinete da Esplanada para dentro da liderança do PP na Câmara. “Em vez de receber [parlamentares] lá, eu recebo aqui, ué”, disse a ÉPOCA. E armou ali seu balcão de atendimentos. O deputado Paulo Henrique Lustosa (PP-CE) chegou ao “puxadinho” de Barros no PP e comentou com funcionários: “As coisas estão caminhando. Tem de insistir sempre, não é?”. Em resposta, ouviu de um servidor: “O líder [Arthur Lira] já falou com ele [Barros]. Está tentando liberar tudo”. O ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy (PSDB-BA), também foi enviado ao Parlamento para desempenhar o mesmo papel. Circulou dentro do plenário com uma planilha nas mãos conferindo pleitos dos deputados e computando votos. Negociou ali mesmo, a céu aberto

Outra denúncia para derrubar Temer? Ilusão

Ilusão de que Temer possa cair por outra denúncia de Janot é só ilusão
Andrei Meireles – Blog Os Divergentes
Tem gente vendendo e comprando a ilusão de que a votação na Câmara sobre a autorização para uma segunda investigação sobre Michel Temer poderia ser diferente. Balela. As faturas à vista e a prazo foram liquidadas na noite da quarta-feira (2).
Se a mala de dinheiro entregue a Rodrigo Loures, em vídeo exibido à exaustão, pouco efeito causou na hora do vamos ver na Câmara, a expectativa é de que a segunda denúncia — a ser apresentada por um Rodrigo Janot que já está tomando café morno — será recebida com igual desdém.
A bem da verdade, como a gente cansou de escrever por aqui, foi um jogo de cartas marcadas em que os principais players dos partidos governistas e de oposição e o grande empresariado – exceto a Globo – queriam manter Temer no cargo.
Há tempos se sabe do acordo tácito entre Lula, Alckmin e Aécio — com as bênçãos da Fiesp e o faz de conta dos movimentos sociais – para segurar Temer na cadeira presidencial.
Nesse balaio, cabe de tudo um pouco. Das perspectivas eleitorais na sucessão presidencial no ano que vem aos mais variados interesses empresariais com a agenda da equipe econômica de Temer.
Isso vem sendo dito por alguns em alto e bom som e por outros a meia voz. Teve igual peso no apoio a Temer o que apenas se sussurra: a busca de alternativas para salvar o pescoço dos principais caciques políticos flagrados pela Operação Lava Jato e por outras investigações.
Como é sabido, já há uma fórmula para manter Lula, Temer, Dilma, Sarney e Collor longe do juiz Sérgio Moro. É estender o foro privilegiado aos ex-presidentes da República.
A dúvida é sobre quem sequer esquentou a cadeira presidencial, sentou-se lá na condição de interinos, como Renan Calheiros, Rodrigo Maia, Eunício Oliveira….
Mas tem muito mais gente lutando para conseguir embarcar nesse e em outros bondes da impunidade. Ainda não desistiram da tal anistia ao Caixa 2 e a outras cositas mas…
Como Helena Chagas registrou por aqui, é bem provável que essa história seja melhor contada nas próximas semanas.
A conferir.

Previdência: conta vai ficar muito pesada para Temer

Os deputados Arthur Maia (relator) e Carlos Marun (presidente) na comissão de reforma da Previdência
Os deputados Arthur Maia (relator) e Carlos Marun (presidente) na comissão de reforma da Previdência
Aprovar reforma da Previdência terá conta pesada, diz relator
Folha de S.Paulo – Laís Alegretti
O presidente Michel Temer terá que arcar com uma conta "pesada" para atender as exigências que os parlamentares apresentarão em troca de apoio à reforma da Previdência, diz o relator da proposta na Câmara, Arthur Oliveira Maia (PPS-BA). Por isso, segundo ele, a opção de aprovar uma reforma com muitas alterações "não vale a pena", visto que não resolveria o problema do crescimento insustentável do rombo previdenciário.
"Os deputados, para votar, têm exigências em relação ao governo. Você vai para uma série de desgastes que o governo vai atender e vai acabar saindo uma conta ainda mais pesada que a própria Previdência", disse à Folha.
Na votação que barrou a tramitação da denúncia contra Temer por corrupção, o governo negociou vários pleitos dos deputados, como cargos na máquina federal e liberação de verbas para emendas que os parlamentares fazem ao Orçamento.
No caso da Previdência, parlamentares da base de Temer defendem uma reforma reduzida, que contaria apenas com a imposição de idade mínima para a aposentadoria. Na avaliação de vários deputados, esse piso etário é um ponto mais fácil de ser defendido.
A posição do relator segue a linha do que tem defendido a equipe econômica de Temer, que quer ver aprovado o mesmo texto que passou pela comissão. "Não vejo excesso no relatório. Vai tirar o quê?", afirma Maia. O deputado diz ainda que, para construir um entendimento pela aprovação do relatório na comissão especial, ele alterou inclusive pontos que é pessoalmente contra, como a diferenciação na idade mínima de homens e mulheres.
Temer enviou a proposta ao Congresso, em dezembro do ano passado, com a exigência de pelo menos 65 anos para todos se aposentarem. O texto que foi aprovado pela comissão reduziu a idade da mulher para 62 anos. Para aprovar as mudanças nas regras de aposentadoria, o governo precisa do apoio de ao menos 308 deputados.

Centrão ataca Temer por voto a seu favor

O centrão deu prazo até segunda-feira (7) para que Michel Temer informe qual o tratamento dispensará a partidos que se dividiram na votação de sua denúncia. Miram ministérios destinados não só ao PSDB, mas também ao PV (Meio Ambiente) e ao PPS (Defesa). Dizem que o comportamento do Planalto agora vai sinalizar se “vale a pena, ou se tanto faz ser leal” e ressaltam que as infidelidades não se deram em uma votação qualquer, mas na que valia a cabeça do presidente.

Dirigentes de siglas desse grupo dizem que não são os únicos a se sentirem “injustiçados” e que o PMDB, partido de Temer, também não foi contemplado com espaços no governo como merece.
Dirigentes do centrão afirmam que é “irracional” deixar os tucanos com a articulação política e mais três ministérios, sendo que a ala do PSDB que apoia o governo só conseguiu 22 votos contra a denúncia de Temer na Câmara. Indagam se o governo acha razoável destinar “um ministério para cada cinco deputados”.  (Painel - Folha de S.Paul)

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Após chuvas, barragem do Bálsamo 'sangra' em Bom Conselho



Por G1 Caruaru

Reservatório é a principal fonte de água de Bom Conselho (Foto: Divulgação/Compesa)

A barragem do Bálsamo, em Bom Conselho, "sangrou" após as chuvas registradas no Agreste. De acordo com a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), o reservatório atingiu 19 milhões de m³ de água.


Ainda segundo a Compesa, este volume de água permite que o racionamento chegue ao fim no município e também garante o abastecimento da população até o próximo período de chuvas, em 2018.


Além do Bálsamo, que corresponde a 60% da água distribuída no município, o sistema de abastecimento de Bom Conselho conta com a contribuição de outros cinco mananciais: as barragens Caboge (153 mil metros cúbicos de água) e Bolandim (112 mil metros cúbicos) estão vertendo, enquanto que Baixa Grande, Mata Verde e Caixa D’Água tiveram os níveis regularizados pelas chuvas.


"A Barragem do Bálsamo é o principal manancial que atende a população da cidade, cerca de 30 mil pessoas. Além do bom nível do Bálsamo, também conseguimos retirar Bom Conselho do rodízio com a retomada da captação na Barragem de Mata Verde, que estava em colapso", explicou o gerente de Unidade de Negócios da Compesa, Igor Galindo.


Antes das chuvas, o município estava sendo abastecido com o calendário de cinco dias com água e dez dias sem

Lula cresce mesmo após caçada judicial e vence facil em 2018, aponta pesquisa da Vox


247 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva segue líder absoluto nas intenções de voto para o Planalto em 2018, apesar da caçada judicial de que tem sido vítima. 
A nova rodada da pesquisa CUT-Vox Populi, realizada entre os dias 29 e 31 de julho, mostra que o ex-presidente Lula lidera as intenções de voto para presidência da República no segundo turno nos quatro cenários pesquisados: contra Jair Bolsonaro (PEN-RJ) ou João Doria (PSDB-SP), Lula alcança 53% das intenções de voto; se os candidatos forem Geraldo Alckmin (PSDB-SP) ou Marina Silva (Rede-AC), Lula bate ambos com 52% dos votos.
Nesses cenários imaginados pela pesquisa, Bolsonaro teria 17% dos votos. Já Alckmin, Doria e Marina alcançariam, no máximo, 15% do total de votos, cada um.
A intenção de voto espontânea em Lula também aumentou depois que o juiz Sérgio Moro condenou o ex-presidente, sem nenhuma prova, por crime de corrupção passiva no caso do tríplex do Guarujá. Em junho, antes da sentença, 40% dos entrevistados disseram que votariam no ex-presidente. No fim de julho, o percentual aumentou para 42%.
Para Marcos Coimbra, diretor do Instituto Vox Populi, vários dados pesquisa podem explicar porque Moro não acabou com as intenções de voto positivas no ex-presidente.
“Um deles, muito importante, é que, para 42% dos entrevistados, Moro não provou a culpa de Lula no caso do tríplex do Guarujá. Para 32%, Moro provou e, outros, 27% não souberam ou não quiseram responder”.

Outros candidatos

No cenário em que os entrevistados não recebem cartela com nomes e citam espontaneamente em quem pretendem votar para presidente da República em 2018, o segundo colocado é Bolsonaro, com 8% das intenções de voto.
Marina vem em terceiro, com 2%; e, embolados com apenas 1% dos votos aparecem Moro (sem partido), Ciro Gomes (PDT-CE), Joaquim Barbosa (sem partido), Doria, Fernando Henrique e Alckmin.
Aécio Neves (PSDB-MG) zerou novamente, como havia zerado em junho, após as denúncias de corrupção feitas pela PGR – Procuradoria Geral da República.

Intenção de voto estimulada

No cenário em que a intenção de voto foi estimulada com Alckmin, o tucano atinge 6% das intenções de voto e Lula, 47%. Bolsonaro tem 13%, Marina, 7%, e Ciro, 3%.
Na estimulada com Doria, Lula tem 48% das intenções de voto, Bolsonaro manteve os 13%, Marina subiu para 8% e o prefeito de São Paulo empatou com Ciro Gomes, com 4%.
O pessimismo dos brasileiros com o momento econômico e político atual e o descrédito no governo Temer, aliados as lembranças de um passado recente de que a vida era melhor nos governos do PT, ajudam a explicar porque as intenções de voto no presidente Lula são as que mais crescem em todos os cenários da pesquisa”, analisa Coimbra.
Segundo ele, outros dados da pesquisa CUT-Vox, ajudam a entender essa tese. Um deles é o aumento de 49% para 55%, entre junho e julho deste ano, do percentual de entrevistados que apontam Lula como o melhor presidente que o Brasil já teve - o outro nome lembrado é o de Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP), com 15%.
Além disso, 58% dos brasileiros consideram Lula um bom administrador, 65% dizem que ele é trabalhador e 61% afirmam que a vida melhorou nos 12 anos de governos do PT.
> Já o presidente da CUT, Vagner Freitas, ressalta que o pessimismo dos brasileiros com o governo Temer vem aumentando rapidamente mês a mês por causa do desemprego recorde – mais de 13,5 milhões de trabalhadores estão desempregados – e das medidas de arrocho salarial, previdenciário e social.
Para Vagner, isso explica dados da pesquisa como os de que, com Temer, a vida piorou para 61% dos entrevistados – em junho o percentual era de 52%.
Aumentou também o pessimismo e a descrença quanto a capacidade de Temer de controlar a inflação – em junho, 62% achavam que a inflação ia aumentar. Em julho, esse percentual pulou para 75%. Cresceu também o percentual dos que acham que vai aumentar o desemprego no Brasil - de 68% em junho para 72% em julho.
“O povo quer votar em quem tem compromisso com a classe trabalhadora tanto para voltar a ter uma vida melhor, quanto para reverter as medidas que Temer tomou para acabar com a CLT e a aposentadoria, entre tantas outras desgraças desta gestão golpista”, conclui Vagner.
A pesquisa UT/Vox Populi, realizada nos dias 29 e 31 de julho, entrevistou 1999 pessoas com mais de 16 anos, em 118 municípios, em áreas urbanas e rurais de todos os estados e do Distrito Federal, em capitais, regiões metropolitanas e no interior.

A margem de erro é de 2,2 %, estimada em um intervalo de confiança de 95%.

As malas de dinheiro da JBS destinadas a Temer e Aécio

Época Online
"Quem é que fica andando com 500 mil de um lado para o outro?!", perguntou, entre nervoso e espantado, o empresário Frederico Pacheco ao lobista Ricardo Saud, da JBS, na tarde do dia 12 de abril deste ano. Fred, como é conhecido o primo do senador Aécio Neves, estava no escritório de Saud, em São Paulo, para apanhar a segunda parcela de R$ 500 mil dos R$ 2 milhões acertados entre o presidente do PSDB e Joesley Batista dias antes.
Fred fora designado para a tarefa por Aécio, como registrado em áudio pelo próprio senador: "Um cara que a gente mata antes de fazer delação". A Polícia Federal monitorava o encontro – uma ação controlada, autorizada pelo ministro Edson Fachin, relator do caso no Supremo Tribunal Federal. Fred estava desconfortável. Não aceitou água nem café.
Diante dele, numa mesa da sala de Saud, havia uma mala preta abarrotada de pacotes com notas de R$ 50, amarrados com liguinhas de plástico. Fred parecia verbalizar, um atrás do outro, todos os pensamentos que lhe assaltavam: "Onde eu tô me metendo, cara?". A mala fora providenciada por Florisvaldo de Oliveira. Ele sempre auxiliava Saud nas entregas de dinheiro e mantinha um pequeno estoque delas à disposição.
Para entregas a partir de R$ 500 mil, a mala preta era a mais adequada. Acomodava bem meio milhão de reais, até quase R$ 1 milhão em notas de R$ 50, se observado o método correto de organização de maços. Florisvaldo ajudara a recolher o cash para a propina de Aécio na central da JBS que reunia dinheiro vivo de clientes da empresa, como supermercados e distribuidores de carnes – clientes que giravam bastante dinheiro vivo. Essa central era chamada internamente de "Entrepostos". Abastecia boa parte dos políticos que, como Aécio, pediam a sua parte em dinheiro vivo.
ÉPOCA reconstituiu a cena por meio de gravações autorizadas pela Justiça de entrevistas reservadas com participantes da ação controlada. Reconstituiu, também, as outras quatro entregas de dinheiro vivo acompanhadas pela PF entre abril e maio deste ano, na Operação Patmos, resultado das delações dos executivos da JBS. Os cinco pagamentos somaram R$ 2,4 milhões. Foram três entregas de R$ 500 mil destinadas a Aécio, uma de R$ 400 mil destinada ao doleiro Lúcio Funaro e, por fim, uma de R$ 500 mil destinada ao presidente Michel Temer – aquela da mala preta com rodinhas, que cruzou velozmente as calçadas de São Paulo graças às mãos marotas de Rodrigo Rocha Loures, o "longa manus" do peemedebista, nas palavras da Procuradoria-Geral da República.
A reportagem teve acesso, com exclusividade, a dezenas de imagens das malas, pastas e bolsas de dinheiro da JBS sendo estufadas com notas de R$ 50 e de R$ 100. Algumas poucas já eram públicas e outras estavam reproduzidas, em preto e branco, quase que como borrões, em processos no Supremo. O restante do conjunto, no entanto, permanecia inédito. A força da íntegra desse material reside na exposição visceral e abundante do objeto que mobiliza o desejo e os atos dos corruptos, políticos ou não, no Brasil ou fora dele: notas, muitas notas, de dinheiro. Amarelas ou azuis. Em malas ou pastas. Recolhidas por familiares ou assessores. Dois meses após a delação da JBS, após semanas e semanas de discussões jurídicas e políticas sobre a crise que se instalou no Brasil, esse elemento tão primário, tão fundamental, do que define os casos de Temer e de Aécio, ficou convenientemente esquecido.
Fred buscou todas as parcelas de R$ 500 mil de Aécio. Começou no dia 5 de abril, voltou no dia 12, já sob monitoramento da PF, e manteve o cronograma nas semanas seguintes: encontrou Saud, no mesmo local, também nos dias 19 de abril e 3 de maio. Cumpria a tarefa enquanto o Brasil conhecia o teor das delações da Odebrecht; enquanto o país assistia aos depoimentos dos executivos da empreiteira, que tanto incriminavam Aécio. "Eu durmo tranquilo", disse Fred no segundo encontro, logo após racionalizar os crimes que cometia como um ato isolado, que não o definia. "Se eu te contar uma coisa, você não vai acreditar: a única pessoa com quem eu tratei em espécie foi você. A única pessoa que pode falar de mim é você." Saud deixou-o à vontade para desabafar. "Como é que eu não faço? Tenho um compromisso de lealdade com o Aécio", disse, antes de começar a contar o dinheiro:
– Um, dois, três, quatro, cinco... Ih, fiz a conta errada. Peraí. O que tem em cada pacotinho desses?
– Eu te ajudo a fechar aqui [a mala].
– Cem, 200, 300...
Naquele mesmo dia, relatórios do Conselho de Controle das Atividades Financeiras, o Coaf, registram operações com suspeita de lavagem envolvendo empresas e um assessor do senador Zeze Perrella, aliado de Aécio. Mendherson Souza trabalhava no gabinete do senador e tinha procuração para movimentar contas dele. Já aparecera em outras operações bancárias em cash, com suspeitas de lavagem. Acompanhava o primo de Aécio, como seu ajudante. No mesmo dia, também, Fred telefonou para um conhecido doleiro de São Paulo, de modo a buscar formas de esquentar o dinheiro.
Enquanto conferia os valores e colocava parte dos bolos de dinheiro numa bolsa que levara a São Paulo, o primo de Aécio não parava de falar sobre os riscos aos quais estava submetido. "Amanhã eu vou estar com Aécio na fazenda, em Cláudio, e vou falar que já fiz duas e faltam duas. [Fala como se estivesse se dirigindo a Aécio] 'Só para você entender: estamos nos cercando de cuidados, mas não é uma operação 100% sem riscos." Ele bolava maneiras de se proteger. E se fosse parado numa blitz? O que diria? "Pensei em fazer um contrato de compra e venda de uma sala, só para andar com um documento na pasta. 'Não, acabei de vender uma sala. O cara quis pagar em dinheiro'..." Saud só assentia. Prosseguiu Fred: "O país está num momento esquisito. Se eu tiver de voltar aqui, eu faço uma promissória para você, uma mise-en-scène. Mas Deus vai nos proteger". Antes de sair com a mala, insistiu: "Não tem perigo de filmar aqui? Vocês fazem varredura?". "Sim, duas vezes por semana. Tranquilo", disse Saud. A PF registrara tudo.
No terceiro encontro, Fred já estava mais à vontade. Pudera. Apesar do discurso, fora ele, segundo as planilhas de propina da JBS, que buscara R$ 5,3 milhões em cash para Aécio, durante a campanha de 2014. Desta vez, as notas eram de R$ 100 – seis pacotões numa mochila cinza. Após repassar a dinheirama para o assessor de Zeze Perrella, ficou para almoçar com Saud. Traçou uma picanha importada, enquanto falava de política e negócios. Lá pelas tantas, Fred perguntou: "Tem alguma chance de Joesley fazer delação? Se fizer, acaba o Brasil. Tem de inventar outro". Saud só riu.
No dia seguinte, Florisvaldo teve mais trabalho. Saud precisava entregar R$ 400 mil a Roberta Funaro, irmã do doleiro. Era o mensalinho para manter Funaro, parceiro de negociatas do grupo, em silêncio dentro da prisão.
Florisvaldo arrumou uma pasta preta; como as notas eram de R$ 100, seria possível preencher os R$ 400 mil nela. Saud entregou o dinheiro à irmã de Funaro num Corolla. Pediu à filha pequena de Roberta, que acompanhava a empreitada, para esperar num táxi que aguardava as duas: "Deixa o tio conversar com a mãe um pouquinho". O lobista se sentiu mal com a situação, mas não havia jeito. Era preciso liquidar o assunto. Ele abriu a pasta e pediu que ela contasse o dinheiro. Roberta dispensou. Disse que não era necessário. Agradeceu e embarcou no táxi – e, minutos depois, num Jaguar que a levou para casa.
Uma semana depois, Florisvaldo pôs-se a trabalhar novamente. Mais uma mala preta. Mais R$ 500 mil. Daquela vez, em notas de R$ 50. Era a primeira entrega da semanada acertada entre Saud e Rocha Loures, em troca de um benefício ilegal no Cade a uma empresa do J&F que detinha contrato com a Petrobras. Temer havia delegado a Rocha Loures, em conversa gravada com Joesley, a prerrogativa de "falar sobre tudo". Durante semanas, sobre tudo falaram, em conversas em mensagens gravadas.
Como Joesley já investira, conforme revelou ÉPOCA, quase R$ 22 milhões em Temer ao longo dos anos, todos sabiam o que esperar das tratativas: era corrupção pura. As gravações de conversas entre Saud e Rocha Loures, que antecederam a entrega dos R$ 500 mil, encadeadas nas demais provas, não dão margem à dúvida razoável sobre a razão do pagamento e da própria existência das conversas entre os dois lados. Foi então que, no começo da noite, após giros por São Paulo, Rocha Loures apanhou a mala – o mesmo tipo de mala ordinária com a qual os outros também receberam dinheiro da JBS – e saiu com ela de uma pizzaria. Carregou-a num passo apertadinho que jamais abandonará os olhos de quem viu a cena.
O crime de corrupção é formal. Pela lei, bastariam os indícios de autoria e materialidade do pedido de propina do presidente, mesmo que indireto, para tipificá-lo na denúncia que viria a ser apresentada pela PGR. Trata-se de uma etapa necessária para investigar o crime – e não condenar, desde já, o acusado. Mas havia mais. Havia pilhas e pilhas de notas de R$ 50, arrumadas com esmero por Saud e Florisvaldo, à espera de Temer e seu "longa manus". As fotos exibidas agora ilustram a materialidade amarela, cheia de liguinhas, ofertada ao presidente e coletada por seu assessor de confiança. Repita-se: juridicamente, não era necessário provar que Temer, apontado como chefe da organização criminosa do PMDB da Câmara, tivesse embolsado diretamente os pacotes de dinheiro em algum momento entre a entrega no dia 28 de abril e a operação no dia 18 de maio. Como indicam outros casos, Temer, segundo as evidências disponíveis, valia-se de operadores, como o coronel João Baptista Lima, e políticos de confiança, como Eduardo Cunha, para cuidar do dinheiro sujo que lhe era devido.
A farra das malas da JBS encerrou-se no dia 3 de maio. Foi a vez de Fred, o primo de Aécio, apresentar-se para sua derradeira missão. Florisvaldo cumpriu antes a sua: arranjou uma mala preta semelhante à usada nas entregas anteriores. Separou seis bolos de notas de R$ 100, perfazendo pela quarta vez R$ 500 mil. No total, R$ 2 milhões ao presidente do PSDB, em troca da promessa de obstruir a Lava Jato e de obter favores ilegais na Vale, onde detém influência, ao grupo J&F. Usou-se o mesmo método das operações anteriores. O primo de Aécio já parecia se acostumar com o papel de mula. Desempenhou-o com serenidade e competência.
Quando a operação foi deflagrada, as mulas que botavam a mão no dinheiro da JBS foram presas, a pedido da PGR e por autorização de Fachin. Rocha Loures, Fred, o assessor de Perrella, a irmã de Aécio (que também organizara os pagamentos) – todos presos. A irmã de Funaro foi levada a depor. As semanas se passaram, e as solturas, tão criticadas por aqueles que combatem e estudam crimes de colarinho branco, não tardaram. Fachin concedeu prisão domiciliar a Rocha Loures – e este conseguiu furar a fila por uma tornozeleira.
A Primeira Turma do Supremo, sob relatoria do ministro Marco Aurélio Mello, concedeu domiciliar para os demais envolvidos. O primo de Aécio ganhou domiciliar. A irmã de Aécio ganhou domiciliar. O assessor que ajudou Aécio ganhou domiciliar. Todos estão, hoje, no conforto de suas casas. Não há um investigador experiente que acredite na eficácia da medida; é simplesmente muito fácil comunicar-se com outros investigados e dar ordens a subordinados, de maneira a embaçar as investigações.
Aécio foi afastado por Fachin do exercício do mandato de senador e denunciado pela PGR, mas o Supremo devolveu-o ao cargo – e ainda não analisou a denúncia. Marco Aurélio Mello disse que Aécio tem uma "carreira política elogiável". Até agora, o Supremo gastou mais tempo debatendo a validade das malas de dinheiro da JBS do que os casos daqueles que as receberam. Temer derrubou a primeira denúncia contra ele, por corrupção passiva, na Câmara. A mala com pilhas de notas de R$ 50 não pareceu um problema à maioria dos deputados.

Paulo autoriza recuperação da ponte de Itamaracá

O deputado federal Severino Ninho (PSB) acompanhou o governador Paulo Câmara (PSB), hoje, na assinatura da ordem de serviço para reconstrução da ponte Getúlio Vargas, que liga o município de Itamaracá à Itapissuma, também no Litoral Norte. A intervenção foi uma das 15 prioridades para a região indicadas por Ninho ao chefe do Executivo estadual, tendo como base uma pesquisa do Instituto Contexto.
"Essa obra que o governador autorizou hoje é prioritária para o Litoral Norte. A recuperação da ponte vai melhorar a infraestrutura viária da região, dinamizando a sua economia e seu potencial turístico", pontuou Severino Ninho. A intervenção, orçada em mais de R$ 4 milhões, tem previsão de ser concluída em 180 dias. Serão recuperados o guarda corpo e os passeios do equipamento de 380 metros.
LISTA – Entre as outras sugestões encaminharas por Ninho ao governador estão a realização de obras para a contenção dos alagamentos na PE-15; a drenagem da estrada que liga Caetés I à Aldeia; A implantação de uma estação de BRT no centro de Cruz de Rebouças e de Abreu e Lima; a restauração da estrada que liga Monjope à ETA Botafogo; além do recapeamento e sinalização da PE-35, no trecho entre Itapissuma e Itamaracá.
A lista segue com o pedido de conclusão da UPAE de Abreu e Lima; a implantação de um Batalhão de Polícia em Igarassu; a retirada dos presídios da Ilha de Itamaracá; a recuperação do acesso ao distrito industrial em Abreu e Lima; a regularização fundiária em Cruz de Rebouças; a implantação de um Expresso Cidadão no Litoral Norte; e a alteração da lei que autoriza a venda de terrenos pertencentes ao Estado em Itamaracá.
“Tenho certeza que o governador, que tem um olhar sensível pelo Litoral Norte, dentro das disponibilidades financeiras, vai atendendo aos reclames do povo. Essas obras e ações trarão benefícios a praticamente todos os municípios da região, melhorando a vida de quem mora lá”, destacou Ninho.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

O fujão

De todos os votos da bancada de Pernambuco na sessão de ontem da Câmara, que arquivou o pedido de investigação do presidente Temer, o que mais está gerando comentários jocosos nas redes sociais é o de João Fernando Coutinho, dissidente da bancada do PSB. Aliás, o não voto dele. Ninguém entendeu a razão dele ter sumido do plenário. Foi chamado pelo presidente Rodrigo Maia por duas vezes, mas não apareceu. O pior disso tudo é que ele passou a sessão inteira em plenário e seu voto era dado como certo pelo arquivamento da denúncia.

ENCHA O TANQUE E AJUDE TEMER A PAGAR PELOS DEPUTADOS QUE COMPROU

247 – Sempre que parar para abastecer seu carro, lembre-se: você estará ajudando Michel Temer a pagar pela compra dos deputados que o salvaram na sessão de ontem no Congresso Nacional.
Um levantamento feito pelo jornal Valor Econômico aponta que a vitória de Temer custará pelo menos R$ 13,2 bilhões, entre emendas e outros favores concedidos aos setores que os parlamentares representam, como o ruralista.
É mais do que os R$ 10 bilhões que serão arrecadados com o tarifaço na gasolina, que produziu o maior aumento dos combustíveis nos últimos 13 anos.
Embora o pretexto para o golpe fosse a questão fiscal, Temer já estourou a meta de rombo de R$ 139 bilhões e, provavelmente, terá que aumentar outros impostos. É também possível que a meta seja revista para cerca de R$ 170 bilhões.
"A vitória obtida ontem pelo presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados teve um custo alto para os cofres públicos e doerá no bolso do setor privado. Apenas três iniciativas de um "pacote de bondades" recente para agradar aos parlamentares - a liberação de emendas, o refinanciamento de dívidas de produtores rurais e o aumento dos royalties da mineração - somam uma conta de R$ 13,2 bilhões. O enfraquecimento político do governo também pode gerar frustrações na arrecadação federal, com um atraso na reoneração da folha de pagamento e mudanças no projeto do Refis", diz a reportagem de Daniel Rittner e Fernando Torres.
"Mais de 95% dos R$ 4,15 bilhões dos empenhos de emendas parlamentares ocorreram entre junho e julho. O período coincide com as vésperas da votação da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, logo em seguida, no plenário da Câmara. Nos primeiros dois dias de agosto, o valor empenhado supera toda a liberação de janeiro a março."

Maia em prantos: não derrubou Temer por ter "caráter"

Um dos artífices da vitória de Michel Temer desta quarta (2), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chorou diante de seus colegas de bancada ao fazer um balanço dos últimos meses, quando vislumbrou a possibilidade de se tornar o mandatário da República, mas escolheu recuar. Aos aliados, confessou ter se sentido pressionado, mas disse não se arrepender de nada. Deixou claro que, se quisesse, poderia ter derrubado o peemedebista. Não o fez, afirmou, por ter “caráter”.

Maia fez o desabafo em jantar com deputados do DEM, na noite desta terça (1º), véspera da votação da denúncia. Pessoas próximas ao presidente da Câmara avaliam que ele “sai maior do que entrou na crise” e admitem que ele mira voos mais altos em 2018
Passada a votação da denúncia, o DEM se debruçará sobre os debates a respeito de sua refundação. Os parlamentares que estão à frente das discussões querem colocar na rua, na próxima semana, o mote do novo partido: “Desenvolvimento econômico para garantir o desenvolvimento social”.
O Democratas vai mesmo mudar de nome. Cogita a sigla MUDE: Movimento de Unidade Democrática.(Painel - Folha de S.Paulo)

Votação contra Temer provoca avarias no PSDB

Folha de S. Paulo  - Por Painel

A votação da denúncia contra Temer provocou avarias profundas no PSDB. No saldo final, a maioria da sigla votou a favor do presidente, com 22 votos a 21 — quatro deputados faltaram à sessão. O resultado deve dar força à decisão de Tasso Jereissati (PSDB-CE) de deixar a presidência da sigla.
O anúncio do líder do PSDB, Ricardo Trípoli (SP), de que encaminharia voto a favor da denúncia foi visto como um erro crasso. Ele acabou mobilizando a ala afeita ao governo a trabalhar para garantir maioria. Antes de fazer o pronunciamento, Tripoli falou três vezes com Geraldo Alckmin.
 
Como reação, ala do PSDB pró-Temer começou movimento para esvaziar a possível candidatura de Alckmin ao Planalto, ventilando o nome de Marconi Perillo (GO) como opção.

Danilo: "Arquivamento da denúncia foi tapa na sociedade”


Para o deputado Danilo Cabral (PSB-PE), o arquivamento da denúncia contra o presidente Michel Temer pela Câmara Federal mostra que a Casa está de costas para o povo. Segundo ele, o que o povo brasileiro deseja era simplesmente saber a verdade sobre os graves fatos denunciados pela Procuradoria-Geral da República. “Ao negar a abertura do processo contra o presidente, o Parlamento está dizendo que nem todos são iguais perante a lei, como preconiza a Constituição Federal. Foi um tapa na cara da sociedade”, opinou o parlamentar.

Por outro lado, segundo Danilo Cabral, a decisão pode despertar a sociedade do estado de imobilismo em que se encontra. "Faltou o calor das ruas e a pressão sobre os parlamentares, que se sentiram à vontade para trocar seus votos por benesses e emendas. Novas denúncias contra o presidente Temer chegarão ao Congresso. A Reforma da Previdência também voltará à pauta. Se a sociedade não despertar, o Brasil não mudará”, avaliou o deputado.
Danilo Cabral foi o 478º parlamentar a votar na sessão realizada nesta quarta-feira (2). Antes mesmo da votação ser encerrada, os governistas garantiram o arquivamento da denúncia contra o presidente Temer. Ao discursar, o deputado afirmou que seu voto foi em respeito ao povo de Pernambuco, que entende que ninguém está acima da lei, que a Justiça deve ser igual para todos, que os fatos denunciados são graves e devem ser investigados. “Voto não em respeito ao povo pernambucano e à decisão do meu partido, o PSB”, disse no Plenário.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

“Trabalhamos de forma planejada e sem parar”, diz Governador


“É preciso honestidade, responsabilidade, zelo com a coisa pública e, acima de tudo, presença no dia a dia das pessoas, para ouvir e poder olhar, de cabeça erguida, para o povo. Eu posso assegurar que estamos trabalhando com afinco, de forma planejada e sem parar". Esta foi a mensagem central que o governador Paulo Câmara passou, ontem, na reabertura das atividades da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), na área Central do Recife, realizada no novo plenário – batizado com o nome do ex-governador Eduardo Campos.

Durante o reinício dos trabalhos legislativos, o governador citou os avanços da gestão, e destacou o papel do Poder Legislativo na discussão de políticas públicas e na aprovação de projetos importantes para o povo pernambucano. Na ocasião, o governador pontuou que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2018 será mais conservadora em virtude do cenário fiscal do Brasil. “Fizemos uma LDO para 2018 pé no chão porque assim exigem os tempos, mas que prevê os recursos para a Saúde, para a Educação, para questões de funcionalismo público e investimentos. Nosso Plano de Segurança também está totalmente garantido”, esclareceu. Paulo Câmara destacou que, diferentemente de outros estados, Pernambuco tem conseguido realizar investimentos, tendo aplicado, em dois anos e meio, mais de R$ 3,5 bilhões. “A gente espera ter condições de, em 2018, investir algo em torno de R$ 1,5 bilhão”, pontuou.
Durante o discurso, o gestor afirmou que os resultados das ações de governo já começaram a fazer parte da vida das pessoas. Um dos destaques é a educação. Pernambuco é o primeiro lugar tanto do IDEB como no ranking nacional com apenas 1% de taxa de abandono. O Governo também contratou mais de 2.600 professores e possui a menor diferença qualitativa entre o ensino público e privado.
O governador frisou, ainda, que o Plano de Segurança está em plena execução, no qual estão sendo investidos R$ 290 milhões na realização de várias ações estratégicas. O gestor destacou que o combate à seca também é um foco da administração, que já investiu mais de R$ 300 milhões em infraestrutura hídrica. “É preciso honestidade, responsabilidade, zelo com a coisa pública e, acima de tudo, presença no dia a dia das pessoas, para ouvir e poder olhar, de cabeça erguida, para o povo”, ressaltou.
Com relação à retomada das atividades da Alepe, Paulo Câmara frisou que as novas instalações serão revertidas em ações importantes na busca diária do interesse público. “Eu tenho plena confiança no trabalho dos deputados e deputadas, e sei que vou contar com eles para que, juntos, possamos ter condições de avançar por um Pernambuco que precisa oferecer serviços melhores para a população”.

Barragem Gurjão que abastece Capoeiras e Caetés acumula 38% de água após chuvas


As chuvas caídas no município de Capoeiras nos dois últimos meses tirou a barragem Gurjão do colapso total em que estava. Manancial utilizado pela Compesa para abastecer de água os moradores das cidades de Capoeiras e Caetés, a Barragem Gurjão, nesta terça-feira, 01/08/2017, estava com 38% da sua capacidade de acumulação, segundo informações de servidores da Companhia de abastecimento; o volume acumulado corresponde a cerca de 1.450.000 metros cúbicos de água.


Atualmente a Compesa abastece as cidades de Capoeiras e Caetés em regime de revezamento: Caetés, da manhã da segunda-feira até a manhã da quinta-feira; Capoeiras, da manhã da quinta-feira até a manhã da segunda-feira. Isso semanalmente.


Como as chuvas de inverno continuam caindo na região, e o Rio Una e os riachos estão com água correndo, a expectativa é de que a Barragem Gurjão continue acumulando o precioso liquido por mais algum tempo, e assim elevando ainda mais o nível da barragem.


Nas imagens, a Barragem Gurjão; fotos captadas nesta terça-feira (1º/08), por Wilson Valença. (Do blog capoeiras)

Xadrez da prova que sumiu da Lava Jato, por Luís Nassif



Luis Nassif no GGN


É curiosa a maneira como porta-vozes midiáticos da Lava Jato justificam a ausência de provas que têm marcado os inquéritos, depois que viram denúncias.

Alegam que crimes financeiros são mais complexos, organizações criminosas são mais estruturadas, por isso mesmo não se pode esperar provas simples, como no caso de um homicídio.

Fantástico! Significa que em outros países as investigações também chegam ao final sem a apresentação de provas substanciais porque, por princípio – segundo eles – crimes complexos não têm soluções racionais, mas apenas convicções?

Justamente por não ser uma investigação trivial, a Lava Jato contou com um conjunto de facilidades inéditas na história das investigações criminais do país.

Contou com o poder de pressionar mais de uma centena de delatores, dispostos a entregar até a mãe por uma redução da pena. Premiou os maiores criminosos com a quase extinção da pena. Contou com ampla colaboração internacional, do Departamento de Justiça dos Estados Unidos aos Ministérios Públicos suíço e espanhol, rastreando contas em paraísos fiscais. Internamente, teve acesso integral aos bancos de dados da Receita Federal, do COAF, dos cartórios, das remessas ao exterior. Ganhou até o poder de torturar psicologicamente suspeitos, afim de pressioná-los a delatar. Provavelmente apenas a luta contra o terror, nos EUA, conseguiu suspender tantas normas constitucionais de direitos individuais.

Nenhum dos álibis da má investigação – má vontade do Judiciário, excesso de recursos – vale para a Lava Jato. Certamente foi a investigação que consumiu mais recursos do Ministério Público Federal e da Polícia Federal e que dispôs de mais poder institucional, mais influência, em relação aos juízes e advogados de defesa.

Depois de todo esse aparato, surge a cândida explicação: a opinião pública cobra provas por ser desinformada e não saber que, em investigações de crimes de colarinho branco, não é fácil levantar provas.

O que a Lava Jato expõe, com a falta de provas, é a supina incompetência tanto dos procuradores quanto dos policiais federais da força tarefa, em trabalhar com eficiência os dados levantados.

Entraram na investigação com viés ideológico, mais preocupados em alimentar a imprensa com declarações de réus confessos, sem a preocupação de conferir as provas, porque para a imprensa só interessa a perfumaria. E havia a preocupação de gerar manchetes diárias, de acordo com a receita formulada em 2005 por Sérgio Moro ao analisar a operação “mãos limpas”.

A preocupação em transformar a Lava Jato na “maior investigação do planeta” - como a definiu a procuradora deslumbrada de São Paulo – engoliu a capacidade de investigação da turma, que já não deveria ser das mais experientes.

Em vez de concentrar nos casos centrais e formular narrativas condizentes com os dados delatados e levantados, comportaram-se como repórteres principiantes, primeiro criando a narrativa, depois juntando declarações que coubessem nela, sem a preocupação de checar a consistência dos fatos ou reformular as narrativas à luz dos dados levantados.

Será conhecida, no futuro, como uma operação malcuidada, cujo único objetivo foi contribuir para um golpe de Estado e conferir fama – e os ganhos provenientes dela – aos seus protagonistas. E tudo isso se vangloriando de estar enfrentando as forças mais temíveis da Nação – na verdade, um governo mais indefeso do que freira carmelita em cabaré. Quando finalmente estiveram frente a frente com o poder, dançaram. Estão sendo comidos com pão e farofa.

Nem se culpe a arrogância de procuradores e delegados da Lava Jato, quando se consideraram donos da cocada preta. São apenas funcionários públicos que se deslumbraram da mesma maneira que um anônimo quando contemplado pela loteria.

A culpa é de um país que, em nome de um combate a um partido, aboliu regras jurídicas, respeito à democracia e às instituições

PSDB não sabe se casa ou se compra uma bicicleta

Rudolfo Lago – Blog Os Divergentes
Com os sinais provavelmente invertidos, os dilemas do PSDB quanto a permanecer ou não apoiando o governo Michel Temer lembram o episódio no qual os tucanos discutiram se deveriam entrar ou não no governo Fernando Collor, antes do irmão do presidente, Pedro Collor, dar uma entrevista ao jornalista Luís Costa Pinto, então na revista Veja, e detonar um dos maiores escândalos da história política brasileira, o caso PC Farias.

Esse foi um dos episódios que reforçou a história de que o PSDB é um partido eternamente no muro, com uma dificuldade imensa em determinar com clareza de que lado estará e o que irá fazer. O ex-governador de São Paulo Orestes Quercia costumava dizer que um tucano, caso entrasse num banheiro com dois mictórios, faria pipi na calça diante da incapacidade de decidir por qual optaria.
Com seu governo em crise, Collor pretendeu aposentar a República de Alagoas, como se apelidou o grupo de desconhecidos amigos que inicialmente ele levou para o governo, e montar o que se chamou de “Ministério de Notáveis”, numa tentativa de obter mais apoio e aval político. Nesse sentido, era então importante para ele tentar atrair o PSDB. Então, o partido era ainda o produto de uma dissidência no antigo PMDB, que saíra da legenda de Ulysses por discordar dos rumos distorcidos que ela tomou, inchando, agigantando-se e descaracterizando-se depois de ter chegado ao poder no governo José Sarney.
Os tucanos discutiam a hipótese de adesão de forma envergonhada com Collor. Um dos “notáveis”, Jarbas Passarinho, que era então ministro da Justiça, contava de uma reunião que teve com o então senador Fernando Henrique Cardoso. Como queria manter a conversa em sigilo, Fernando Henrique propôs que ela acontecesse na casa de Passarinho, no Lago Norte. Mas os jornalistas descobriram a reunião e foram para a porta da casa do ex-ministro. Como Fernando Henrique não queria de jeito nenhum aparecer, Passarinho negou que ele estivesse dentro da sua casa. E ele contava que Fernando Henrique ficou lá dentro esperando até o final da noite, até que o último repórter se cansasse e desistisse, para sair.
Na época, o ex-governador Mario Covas foi o personagem definidor para que o PSDB recusasse o convite para entrar no governo Collor. Numa tensa reunião que durou horas numa sala do Senado, ele repetia que era um absurdo o partido emprestar o aval que tinha a um governo contestado e desgastado. E que o partido pagaria o resto da vida caso tomasse uma decisão errada. O PSDB não aderiu a Collor e, algum tempo depois, ele é que deixava o Palácio do Planalto condenado num processo de impeachment.
Agora, de novo o PSDB não sabe se casa ou se compra uma bicicleta. Informa Maria Lima em reportagem publicada nesta terça-feira em O Globo que o senador Tasso Jereissati (CE) pretende devolver a presidência do partido ao senador Aécio Neves (MG). Aécio foi afastado do comando do partido depois que surgiu a denúncia do irmão Friboi Joesley Batista, de que pagava propina ao senador mineiro.
A denúncia levou à época ao afastamento de Aécio do Senado e à prisão temporária de sua irmã, Andrea Neves, e de seu primo Frederico Pacheco de Medeiros, o Fred. Quando Aécio se afastou, havia um entendimento de que Aécio convocaria uma reunião extraordinária da Executiva Nacional do PSDB para a escolha de um novo presidente, dado o desgaste sobre ele com a denúncia.
Mas Aécio retornou ao Senado, sua irmã e seu primo não estão mais presos, e ele é um dos articuladores da permanência do PSDB no governo Temer no que parece ser uma espécie de apoio mútuo. Como Temer julga estar mais fortalecido – apesar da popularidade baixíssima, provavelmente vai escapar de ter a abertura de um processo contra ele aprovada pela Câmara –, Aécio parece sentir-se mais fortalecido também. Tasso acha que Aécio já voltou a agir como presidente do PSDB de novo, à frente das articulações no lugar dele. E diz, segundo Maria Lima, que então é melhor que volte à presidência dos tucanos e “assuma a responsabilidade”.
Há hoje, então, no PSDB a turma de Aécio, a turma de Tasso, a turma de Dória, a turma de Alckmin… Não é nem um dilema mais… É um trilema… Ou um quatrilema