Cresce,
e mais crescerá, o debate sobre a necessidade de profunda revisão no
pacto federativo. Do jeito que está, não dá mais. Os Estados
encontram-se à beira da falência, se é que alguns já não faliram. Somos
uma Federação de mentirinha. Sem a União, isto é, o poder central, que
também vai de mal a pior, a Federação se desmancharia.
Será
sempre bom lembrar que o golpe de 37 implantou no Brasil o Estado
Unitário, com a nova Constituição centralizando todo o poder nas mãos do
presidente da República. Textos e fotos de velhos jornais nos remetem
ao final daquele ano, quando no Largo do Russel, no Rio, formados
militarmente, centenas de estudantes das escolas públicas confluíam para
o centro da praça. Lá fora montada uma pira de grandes proporções. Uma
escola após outra, os batalhões de rapazes marchavam levando as
bandeiras de 21 Estados, que logo eram incineradas. Meninas garbosas
vinham a seguir, trazendo nas mãos as partituras dos hinos estaduais,
que também viravam cinzas. Getúlio Vargas discursou que dali em diante
uma só bandeira seria hasteada no país, a brasileira. E apenas um hino
entoado, o nacional.
De
tabela, tinham sido demitidos os governadores, chamados de presidentes
dos Estados, substituídos por interventores nomeados pelo presidente. O
fascismo dominava a Europa e o Brasil não ficou atrás. O singular é que
não se disparou um tiro. Leis trabalhistas de rara sensibilidade levaram
os trabalhadores a um apoio unânime ao novo regime, no caso, de justiça
social e de exaltação à ditadura, pois o Congresso, as assembleias
legislativas e os partidos políticos haviam sido fechados. Era o fim da
Federação, estabelecido o Estado Unitário. O tempo passou, voltaram a
democracia, mais tarde a ditadura, outra vez, e agora fomos até
rebatizados de República Federativa.
Só
que ela não funciona. Os Estados andam em frangalhos. O Poder Central,
quase isso. É preciso tomar cuidado, pois muitos desiludidos e outro
tanto de patetas não demoram a pregar a queima das bandeiras e das
partituras.
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