Elio Gaspari – Folha de S.Paulo
No
mesmo dia em que mandou uma mensagem ao Congresso dizendo que "é hora
de encarar sem rodeios as grandes reformas de que o Brasil precisa", o
presidente Michel Temer nomeou seu bom amigo Wellington Moreira Franco para a função ministerial de secretário-geral da Presidência da República
A
promoção, que poderia ser vista como um passo para "as grandes reformas
de que o Brasil precisa", foi apenas uma blindagem do parceiro. Moreira
é citado 34 vezes numa
só colaboração de um diretor da Odebrecht. Numa planilha da
empreiteira, ele é chamado de "Angorá". Feito ministro, ganhou foro
especial, livrando-se de juízes como Sergio Moro e Marcelo Bretas.
Eunício
Oliveira assumiu a presidência do Senado desejando que a Casa "não
perca essa corrente contemporânea da luta contra a corrupção neste
país". Na mesma planilha de "Angorá", Eunício é referido como o "Índio".
Rodrigo
Maia, chamado de "Botafogo", assumiu a presidência da Câmara prometendo
uma Casa "reformista" e aborreceu-se quando ouviu que há parlamentares
"enrolados" na Lava Jato. "Citados", corrigiu. De fato, há os citados e
os "enrolados", como Renan Calheiros. O "citado" de hoje pode ser o
Sérgio Cabral de amanhã.
A
jornada reformista de Temer, Maia e Eunício foi abafada pelo estrondo
da blindagem de Moreira. Não é o interesse pelas reformas que move o
governo. É o medo do que vem por aí na Lava Jato. A agenda liberal é uma
grande máscara, atrás da qual se escondem os velhos e bons oligarcas.
Fizeram isso durante o mandarinato de Fernando Collor e deu no que deu.
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