sábado, 3 de novembro de 2018

O pavio aceso

De Marisa Gibson, na coluna DIARIO POLÍTICO deste sábado
Até mesmo o ex-presidente Lula, a mais velha e mais sábia raposa política do Brasil, aconselhou o PT a esperar o carnaval para avaliar que tipo de oposição o partido fará a Jair Bolsonaro (PSL), o capitão que pode ser visto como o porco-espinho do verso atribuído ao grego Arquíloco: “A raposa conhece muitas coisas, mas o porco-espinho conhece uma grande coisa”.

Para Paulo Câmara (PSB), que vai comandar o estado sem a pressão de uma reeleição, o comedimento institucional do cargo será o instrumento a que deve recorrer sempre que lhe for exigido um posicionamento sobre o governo Bolsonaro. A medida do recrudescimento da oposição ou de um eventual recuo será dada pela base aliada no Congresso. E é nesse espaço onde o PSB, partido do governador, fará o seu jogo através da bancada socialista  e do seu mais novo integrante, o deputado federal João Campos (PSB).
Se o jovem socialista será uma estrela na cena nacional ou vai candidatar-se a prefeito do Recife em 2020, ainda não se sabe. Mas o que se vê no momento é que Pernambuco com um partido hegemônico no poder, o PSB, que fez campanha contra Bolsonaro, está sem raposas ou porcos-espinhos para o enfrentamento  que continua dividindo o país.
É sintomático, por exemplo, que na madrugada da quinta-feira, dia em que Sergio Moro foi confirmado superministro da Justiça, prometendo combate à corrupção e ao crime organizado, três agências bancárias tenham sido cinematograficamente explodidas por bandidos num município da grande São Paulo. Ao mesmo tempo, a oposição desconstruía com voracidade, a imagem de Moro, o juiz da Lava-Jato que prendeu Lula. Enfim, o pavio continua aceso sem que se vislumbre uma pacificação.

O general da repressão é Sérgio Moro

POR FERNANDO BRITO · no TIJOLAÇO


Escrevi aqui que ontem poderia ser considerado o dia da fundação do Estado Policial Brasileiro mas, desde já, tal como se trocou em 1964 o “Primeiro de Abril” pela “redentora Revolução de 31 de Março”, sugere-se que fique a data como sendo a de hoje: o Dia de Finados, pelo simbolismo em relação à morte dos direitos à privacidade, à presunção de inocência e à segurança no exercício de nossas liberdades.

A nomeação de Sérgio Moro não é apenas uma ‘jogada de marketing” do presidente eleito. Não acho sequer que esta decisão tenha sido ‘de agora’ ou que possa ter sido tomada sem a participação do “núcleo militar” do bolsonarismo.

Afinal, Moro será posto a comandar uma máquina sinistra, encarregada de promover a onda de perseguição política destinada a fazer aquilo que Bolsonaro prometeu no seu tristemente famoso discurso aos seus apoiadores da Avenida Paulista: “fazer uma limpeza nunca vista na história deste país” e dirigir uma polícia com “retaguarda para jurídica para fazer valer a lei no lombo de vocês”.

Para isso, não vai contar com pouco.

Terá o controle da Polícia Federal e, com ela, a capacidade de bisbilhotar, informalmente, todas as comunicações telefônicas e telemáticas.

Terá o controle do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, e com ele a capacidade de xeretar todas as movimentações financeiras de pessoas físicas e jurídicas do país.

Terá o controle do que já foi a Controladoria Geral da União, a CGU, e com ele a capacidade de conhecer cada detalhe dos atos dos gestores públicos, exceto nas áreas onde alguma “voz amiga” diga que ali “não vem ao caso”.

Moro será o general da repressão da neoditadura.

Muitos ainda estão pensando dentro da lógica do estado democrático e das funções institucionais de um Ministério da Justiça, mesmo numa versão avantajada.

Lamento dizer que não é este o caso.

É por isso que não houve, nem de Moro e nem de Bolsonaro, preocupação com o desgaste em questão de legitimidade e da imagem de isenção do Governo em relação à Justiça ou do que que ela fez para instituir este governo.

Legitimidade e isenção são bobagens que devem ser desconsideradas diante da “Cruzada Anticorrupção”, em nome da qual se promoverão os “pogrons” antiliberdades.

Infelizmente, nossos “republicanos” continuam querendo medir perdas e ganhos políticos de um jogo democrático.

Vamos entrar num regime de força e muitos ainda não o percebem.

Vaquinhas virtuais do PT para pagar as contas de Haddad

PT pede doações para pagar contas da campanha de Haddad"Vaquinhas" para campanhas podem ser feitas por pessoas físicas, por meio de plataformas online.
Manuela D'Ávila, Fernando Pimentel e Fernando Haddad durante campanha em BH (Washington Alves/Reuters)
Veja - Por Estadão Conteúdo 


O Partido dos Trabalhadores (PT) está pedindo, em seu perfil oficial no Twitter, ajuda dos eleitores para fechar as contas da campanha à presidência de Fernando Haddad e de sua vice Manuela D’Ávila (PCdoB), derrotados na eleição por Jair Bolsonaro (PSL). “Ajude a encerrar nossas contas e fortaleça a resistência”, diz a publicação.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as doações para campanhas podem ser feitas por pessoas físicas, por meio de plataformas online. As “vaquinhas” virtuais foram implementadas pela primeira vez nesta eleição. O PT recolherá doações até o dia 15 de novembro.

Palestinos atacam decisão de Bolsonaro sobre Jerusalém

Hamas chamou medida de 'hostil ao povo palestino', enquanto representante de Ramallah alerta para 'desestabilização regional'
Jamil Chade
Questionado, Bolsonaro disse que Israel deveria ter liberdade para escolher sua capital. "Quando me perguntaram, durante a campanha, se eu faria isso uma vez que me tornasse presidente, eu respondia que 'sim, cabe a vocês decidirem qual é a capital de Israel, não a outras nações'", declarou.

Nas redes sociais, o grupo Hamas, que está no poder em Gaza e é acusado de radicalismo, deixou claro que não vê com bons olhos a decisão do Brasil.
"Rejeitamos a decisão do presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, de mover a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém e pedimos que ele abandone sua decisão", declarou o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri. Para ele, a iniciativa é um "passo hostil ao povo palestino".

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Moro ajudou a eleger Bolsonaro agora vai governar diz Gleise



247 – A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirma que a escolha de Sergio Moro como ministro da Justiça comprova a fraude eleitoral e a perseguição ao ex-presidente Lula. Isso porque, na sua visão, Moro tirou Lula do jogo para eleger seu candidato, que, agora, o premia. "Moro será ministro de Bolsonaro depois de ser decisivo pra sua eleição, ao impedir Lula de concorrer. Denunciamos sua politização qdo grampeou a presidenta da República e vazou pra imprensa; qdo vazou a delação de Palocci antes das eleições. Ajudou a eleger, vai ajudar a governar", disse ela no twitter. Confira abaixo seu tweet e também o programa Giro das 11h, da TV 247, que tratou do tema:



Moro será ministro de Bolsonaro depois de ser decisivo pra sua eleição, ao impedir Lula de concorrer. Denunciamos sua politização qdo grampeou a presidenta da República e vazou pra imprensa; qdo vazou a delação de Palocci antes das eleições. Ajudou a eleger, vai ajudar a governar

Azenha: Privatização da previdência proposta por Bolsonaro é a volta ao Chile de 1981

                           

247 - O jornalista Luiz Carlos Azenha, do Viomundo, destaca que os argumentos utilizados em prol da privatização do sistema previdenciário pelos neoliberarais brasileiros, agora representados pelo governo do presidente eleito de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL), são os mesmos que foram empregados no Estados Unidos quando o governo de George W. Bush tentava convencer os norte-americanos a aceitar a privatização da Previdência Social. Na época, o modelo neoliberal adotado pelo Chile era citado como exemplo a ser seguido.

"Foi quando o influente economista Paul Krugman, mais tarde Prêmio Nobel, publicou um artigo na edição de 17 de dezembro de 2004 do New York Times", relembra Azenha. Ali, Krugman afirmou que a reforma chilena era um fracasso. "Hoje, os críticos do sistema chileno — e há muitos no país — confirmam o que escreveu Paul Krugman 14 anos atrás (isso dá uma ideia aos leitores de como os debates chegam atrasados ao Brasil, graças à omissão da grande mídia)", afirma.

"Ao contrário do que diz a mídia brasileira, a Seguridade Social brasileira como um todo é superavitária. O famoso "déficit da Previdência" é causado pelo fato de que os governos de turno não contribuem com sua parte, destinando o dinheiro a outras rubricas ou ao pagamento de juros da dívida interna — que beneficia os graúdos", observa o jornalista.

"Marco Kremerman, da Fundación Sol, lembra que 70% dos chilenos ganham menos do equivalente a 2 mil reais por mês, resultando em aposentadorias que, em média, ficam em 1.000 reais — um salário mínimo brasileiro. O Chile "modelo" de Paulo Guedes, portanto, é algo que só existe na cabeça dele", ressalta.

Leia a íntegra no Viomundo.

Fuzilar a petralhada: Lula é um preso político


Um ministro do Supremo diz que, só de se aproximar de Bolsonaro, Moro vai reforçar a ideia de que Lula é um preso político e alimentar as acusações de que atuou por motivações pessoais e de que deveria ter se declarado suspeito de julgar o ex-presidente.

A despeito de decisões de Moro questionadas pela defesa de Lula ou mesmo revistas por cortes superiores, o presidente eleito, com quem ele deve conversar nesta quinta (1º), pregou que o ex-presidente apodrecesse na cadeia, que era preciso varrer a bandidagem vermelha e também “fuzilar a petralhada”. (FSP)

STF no fim do mês julga a Escola Sem Partido

A ideia encontra resistências e deve ser derrubada pelo plenário da corte
Mônica Bergamo

O STF (Supremo Tribunal Federal) julgará no fim do mês propostas que criam a “Escola Sem Partido”. A ideia encontra resistências e deve ser derrubada pelo plenário da corte.
O STF já suspendeu liminarmente duas leis de estados e municípios que versam sobre a “doutrinação ideológica”. Em um dos casos, o ministro Luís Roberto Barroso afirmou que a norma era “inconsistente do ponto de vista acadêmico e evidentemente violadora da liberdade de ensinar”.
Segundo ele, a lei evidenciaria ainda “o propósito de constranger e de perseguir aqueles [professores] que eventualmente sustentem visões que se afastam do padrão dominante”.
Já o ministro Marco Aurélio Mello diz que “qualquer postura que a priori implique em obstáculo à troca de ideias, às discussões, é censura prévia”, vedada pela Constituição. O julgamento está marcado para o dia 28

Brasil recebe alerta da China

China faz alerta a Bolsonaro e diz que 'custo' pode ser grande ao Brasil
Estadão Conteúdo

A China fez um duro alerta ao presidente eleito Jair Bolsonaro e apontou que, se a opção do Brasil em 2019 for por seguir a linha de Donald Trump e romper acordos com Pequim, quem sofrerá será a economia brasileira.
A forma encontrada pela China para mandar o recado foi a publicação de um editorial em seu principal jornal estatal, com versão em língua inglesa. No China Daily, o texto não deixa dúvidas da irritação que Bolsonaro já criou em Pequim. O jornal é uma espécie de porta-voz ao mundo do governo chinês e usado para mandar mensagens a parceiros.
Segundo o editorial, as exportações brasileiras "não apenas ajudaram a alimentar o rápido crescimento da China. Mas também apoiaram o forte crescimento do Brasil". Para os chineses, portanto, criticar Pequim "pode servir para algum objetivo político específico". "Mas o custo econômico pode ser duro para a economia brasileira, que acaba de sair de sua pior recessão da história."
"Ainda que Bolsonaro tenha imitado o presidente dos EUA ao ser vocal e ultrajante para captar a imaginação dos eleitores, não existe razão para que ele copie as políticas de Trump", alertaram os chineses. O jornal admite que existem especulações sobre o futuro das relações entre os dois países.

Como os EUA veem o Brasil

Como os Estados Unidos de Trump veem o Brasil sob Bolsonaro? De modo não muito diferente daquele pelo qual a gestão Obama via a de Dilma.
Em sua coluna, hoje, no Estadão, William Waack mostra que o entusiasmo de Bolsonaro com Trump e a sugestão de que a semelhança de estilos pode ser benéfica para o Brasil são ilusórios: os Estados Unidos podem incluir o Brasil em futuras restrições comerciais e estão interessados numa pauta que se resume a comércio, defesa, a situação da Venezuela e o crime organizado, representado pelo PCC.(Do blog de magno martins)

Humberto destina R$ 15,4 mi em emendas para PE

O líder da Oposição ao governo Temer no Senado, Humberto Costa (PT-PE), passou a semana reunido com diversos prefeitos e vereadores de municípios do estado para fechar a programação de emendas parlamentares no orçamento de 2019. 
No total, o senador vai destinar R$ 15,4 milhões em emendas individuais às cidades pernambucanas no ano que vem.
A maior parte do montante será desembolsada em saúde, são R$ 7,7 milhões para estruturação de unidades de atenção especializada e para custeio dos serviços de atenção básica e de assistência hospitalar e ambulatorial; e R$ 5,2 milhões para projetos de desenvolvimento sustentável e de infraestrutura hídrica executados pelo Ministério da Integração Nacional, com a finalidade de combater a longa seca que prejudica severamente as cidades pernambucanas.
Outros R$ 2 milhões serão aplicados em ações adicionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos urbanos, pavimentação, calçamento de vias urbanas, transporte público e regularização fundiária e R$ 280 mil irão para estruturação da rede de serviços do Sistema Único de Assistência Social (Suas).
Além disso, o senador sugeriu R$ 250 mil para a implementação e modernização de infraestrutura para esporte educacional.
Na avaliação de Humberto, essa verba é fundamental para auxiliar os investimentos e os gastos promovidos pelos governos federal e estadual.
“O mecanismo de emendas parlamentares permite uma grande aproximação entre o dinheiro público disponível para benfeitorias e a real demanda das cidades brasileiras. Fizemos o maior esforço para concentrar a verba em áreas que realmente precisam de apoio, para melhorar a vida das pessoas e evitar desperdiçar os nossos recursos financeiros com pulverização”, explicou Humberto.

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Horário brasileiro de verão terá início no próximo dia 4

O horário brasileiro de verão terá início a partir de zero hora do primeiro domingo do mês de novembro (4), quando os relógios deverão ser adiantados em uma hora em 11 estados brasileiros.
Até o ano passado, o horário de verão se iniciava no terceiro domingo do mês de outubro. A partir deste ano, após solicitação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ainda em 2017, o início do horário de verão foi postergado para o primeiro domingo do mês de novembro, com o objetivo de evitar a mudança de horário entre o primeiro e o segundo turno da eleição, mantendo o critério único de início da aplicação da política a cada ano.
O término do horário de verão fica mantido para o terceiro domingo de fevereiro de 2019. Os relógios devem ser atrasados em uma hora na madrugada de sábado (16) para domingo (17), a partir da meia-noite.
Este horário que não economiza nada de energia e já deveria ter sido extinto pelo presidente Michel Temer, entrará em vigor nas seguintes unidades federativas: Distrito Federal (DF), Goiás (GO), Mato Grosso (MT), Mato Grosso do Sul (MS), Minas Gerais (MG), Paraná (PR), Rio de Janeiro (RJ), Rio Grande do Sul (RS), Santa Catarina (SC), São Paulo (SP) e Espírito Santo (ES).

Críticas de Bolsonaro à imprensa desagridaram aliados

As críticas à imprensa e as ameaças de Jair Bolsonaro (PSL) à Folha desagradaram integrantes de sua equipe. Na segunda (29), ele disse ao Jornal Nacional que vai cortar publicidade de jornaisque “espalharem mentiras”. Pegou mal principalmente entre generais.

A análise desse grupo é a de que, agora, o presidente eleito precisa entender que é “uma instituição”, não mais um candidato.
Nesta quarta (31), integrantes da oposição a Bolsonaro testarão sua força na comissão especial que analisa o projeto “Escola Sem Partido”. Nesta terça (30), deputados se articularam para comparecer em massa ao colegiado e impedir que a proposta avance.  (FSP)

O centrão e a reforma de Previdência de Bolsonaro


Líderes de partidos do centrão contrários à reforma da Previdência têm dito que, se quiser mesmo aprovar mudanças este ano, Bolsonaro deve subir à tribuna e defender as novas regras

“Ele quer terceirizar o desgaste. Como presidente eleito, tem que ser o comandante da reforma da Previdência na Câmara”, diz Paulinho da Força (SD-SP).
Medidas anunciadas pela equipe de Bolsonaro dividiram opiniões. Integrantes da área do comércio dizem que a fusão do Ministério da Indústria com o da Fazenda vai ajudar o setor a ter um tratamento mais plural. Industriais torceram o nariz.
Ex-ministros da Fazenda dizem que Paulo Guedes centralizou tantos poderes que não poderá partilhar nem seus acertos nem seus erros.  (FSP).

Grandes poderes e brigas de Guedes

Superministro terá força e alcance inéditos no governo da economia do Brasil
Vinicius Torres Freire
Jair Bolsonaro concedeu a Paulo Guedes poderes que nenhum ministro da Economia teve, com a exceção talvez de Delfim Netto, na primeira metade dos anos 1970, auge econômico e político da ditadura militar.

Uma grande diferença é que Delfim muito contribuiu para criar estruturas e modos de governo da economia que duraram até os anos 1990, dos quais sobrevivem restos arqueológicos. Guedes, por sua vez, pretende abalar as estruturas e encolher o Estado de modo inédito no Brasil.
Já é chamado de "czar" da economia, assim como o foi Delfim. Com grandes responsabilidades, virão grandes conflitos com:
1) defensores da Previdência tal como a conhecemos; 2) a indústria (já em revolta com o czar) e empresas do comércio exterior; 3) políticas industriais e proteções em geral; 4) servidores; 5) estatais.
Guedes foi indicado para chefiar o superministério da Economia, que incluiria as atuais pastas da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio Exterior. Os nomes burocráticos não impressionam?
Entre outras atribuições, a Fazenda define os gastos possíveis do Orçamento (diz se há dinheiro para liberar), administra os empréstimos do governo falido e a dívida pública, além da Receita Federal. Desde Michel Temer, ficou também com a Previdência.
O Planejamento elabora o Orçamento, é o RH do governo (trata de carreiras, salários etc.), controla estatais e os "bens do governo" (imóveis etc.). Tem sob seu guarda-chuva IBGE, BNDES e Ipea.
O Ministério da Indústria e Comércio Exterior (Mdic) é central para o interesse das empresas, muitas delas bem articuladas no Congresso.
Grosso modo, o Mdic decide quais empresas podem receber vários benefícios, além de dinheiro público, em programas com o objetivo de criar, desenvolver ou manter certos tipos de indústrias ou setores tecnológicos, de interesse em tese estratégico para o desenvolvimento do país. Empresas que, sem benefícios, em tese aqui não floresceriam, como as do setor automobilístico e de eletrônicos.
Além disso e muito mais, no Mdic se definem impostos de importação e exportação e seus regimes especiais, por meio da Camex, hoje controlada por oito ministérios (três agora sob Guedes. A Camex ficará intocada?).
Guedes não vai se tornar monarca absoluto de tais ministérios, claro, que têm políticas e tarefas institucionais definidas em lei. Mas o superministro ficou com o poder de formular planos e modificações em quase tudo de relevante na política econômica: Orçamento, gasto, dívida, impostos, poupança, comércio exterior e regimes especiais.
Como ficará o Conselho Monetário Nacional, ora composto por Fazenda, Planejamento e Banco Central, que decide normas que afetam juros, crédito e o sistema financeiro? Guedes será maioria, 2 a 1?
De crucial para política econômica, sobra apenas o BC, para o qual Guedes propõe autonomia ou independência legal, não se sabe bem.
Dado o ruído da conversa no governo de transição, é possível até especular que a política cambial, hoje nas mãos do Banco Central, também fique sob influência ou controle do superministro.
Note-se que Guedes tem tratado frequentemente do que fazer com os US$ 380 bilhões de reservas internacionais ou de como agir em crises cambiais (desvalorizações grandes do real, "alta forte do dólar").
Enfim, fica a dúvida: como um comando só vai ser capaz de dar conta de tantas políticas? Quem serão os duques desse império?

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Imprensa comprava tudo da lava jato, diz ex-assessora de Moro



247 – A jornalista Christianne Machiavelli trabalhou durante seis anos no prédio da Justiça Federal de Curitiba, de onde saem os despachos de busca, apreensão e prisão assinados pelo juiz Sérgio Moro. Ela trabalhava sozinha no departamento de comunicação da Lava Jato até agosto.

Em entrevista ao The Intercept Brasil, a jornalsita revela que o seu trabalho era a “ponta de uma estratégia costurada acima dela. A imprensa foi responsável pelo sucesso da Lava Jato. E isso não foi por acaso: Moro se inspirou na operação Mãos Limpas – que prendeu centenas de pessoas e mudou o cenário político da Itália – ao definir que, sem a imprensa, a operação morreria nos primeiros meses, como tantas outras antes dela”.

Christianne Machiavelli também afirma que a experiência adquirida na Lava Jato a fez repensar a forma como as pessoas investigadas foram tratadas pela operação e, em especial, pela imprensa. Para ela, houve exageros. “Era tanto escândalo, um atrás do outro, que as pessoas não pensavam direito. As coisas eram simplesmente publicadas”.

Abaixo alguns trechos da entrevista:

A Lava Jato manteve o interesse da mídia por anos. Era uma estratégia pensada?

Não acho que houve estratégia, pelo menos por parte da Justiça Federal. Mas a responsabilidade da imprensa é tão importante quanto a da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça. Talvez tenha faltado crítica da imprensa. Era tudo divulgado do jeito como era citado pelos órgãos da operação. A imprensa comprava tudo. Não digo que o trabalho não foi correto, ela se serviu do que tinha de informação. Mas as críticas à operação só vieram de modo contundente nos últimos dois anos. Antes praticamente não existia. Algumas vezes, integrantes da PF e do MPF se sentiam até melindrados porque foram criticados pela imprensa.

Para você, por que a imprensa comprou a Lava Jato sem questionar?

Era tanto escândalo, um atrás do outro, que as pessoas não pensavam direito, as coisas eram simplesmente publicadas. O caso da cunhada do [ex-tesoureiro do PT, João] Vaccari foi bem significativo. Os jornalistas foram na onda do MPF e da PF. Todo mundo divulgou a prisão, mas ela foi confundida com outra pessoa. Foi um erro da polícia. Quando perceberam o erro, Inês já era morta. O estrago já tinha sido feito. Acho que a gente vem de uma fase que remonta à ditadura, em que a imprensa foi violentamente cerceada. Na Lava Jato a imprensa tinha muita informação nas mãos, dos processos, e entendeu que era o momento de se impor.

Qual a responsabilidade da imprensa?

Vou dar um exemplo. O áudio do Lula e da Dilma é delicado, polêmico, mas e o editor do jornal, telejornal, também não teve responsabilidade quando divulgou? Saíram áudios que não tinham nada a ver com o processo, conversas de casal, entre pais e filhos, e que estavam na interceptação. A gente erra a mão em nome de um suposto bem maior.

Você já disse que a Lava Jato mudou a visão sobre o direito. Antes era legalista, que olha apenas o cumprimento da lei. Agora é garantista, em que a lei deve ser cumprida preservando direitos. Por quê?

Como jornalista, minha base era na cobertura policial. Os repórteres que acompanham a polícia querem a imagem do preso, a história dele. Quanto mais sensacionalista, mais cliques, mais as pessoas vão ler. Mas, depois da Lava Jato, eu entendi o quanto a privacidade e intimidade do criminoso são necessárias. Lembro quando o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral apareceu com algemas nos pés e nas mãos e a imprensa abusou da imagem. Eu passei a olhar pro réu de uma maneira mais humanitária. Também acho que a lei de execução penal tem que ser aplicada, deve ser a base para garantir o direito dele de ser humano. Eu acho que bandido bom é o bandido que pode ser recuperado, apesar de tudo. A lei deve ser aplicada sempre. A questão aí é o peso da mão, da caneta, da maneira que o réu é tratado, o preso é tratado.

Você acha que a Lava Jato influenciou as eleições deste ano? Por exemplo, o Moro ter levantado o sigilo da delação do Palocci na semana passada.

Só posso dizer que essa eleição é a mais atípica que vivi desde que tirei meu título. Quanto a colaboração do Palocci, entendo que quase a totalidade do termo divulgado já era se conhecimento público. Ele apenas deu nome aos bois, fato que também já teria sido mencionado pelo Paulo Roberto Costa e, se não me engano, por Youssef também. Portanto, não sei se influenciou. O que influenciou no resultado dessas eleições foram as notícias falsas, o ódio, o medo.

Armados e com trajes militares, bolsonaristas anunciam 'nova era' na USP

                                    
247-Estimulados pelo clima de ódio e pela eleição do candidato de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República, um grupo de alunos da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) ingressou nas dependências da instituição armado, vestindo trajes militares e com referências ao presidente dos EUA, Donald Trump; além de fotografarem salas de aula, eles anunciaram a chegada do que chamaram de "nova era" e fizeram ameças a outros estudantes: "as petistas safadas vão ter de tomar cuidado"

“Tá vendo essa negraiada? Vai morrer”, diz estudante

..apoiador de Bolsonaro em vídeo; fala causou demissão
Um estudante de Direito apoiador do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) perdeu o emprego no escritório de advocacia em que trabalhava após divulgar vídeo nas redes sociais dizendo que estava indo votar “ao som de Zezé, armado com faca, pistola, o diabo, louco para ver um vadio, vagabundo com camiseta vermelha e já matar logo”.

O filme, de pouco mais de 20 segundos, circulou em grupos de WhatsApp durante esta segunda (29), dia seguinte à vitória do capitão reformado. O rapaz se apresenta nas redes como Pedro Bellintani Baleotti, de 25 anos.
No fim do vídeo, ele filma duas pessoas negras em uma moto e afirma: “Tá vendo essa negraiada? Vai morrer! Vai morrer! É capitão, caralho”.
O vídeo chegou à cúpula do escritório DDSA, que desligou o jovem de seus quadros imediatamente. Procurado, Baleotti desligou as ligações quando a repórter se identificou como jornalista da Folha.  (FSP)

Para ver Lula apodrecer na cadeia

Aliados do ex-presidente Lula acreditam que ele usará o depoimento a Sergio Moro sobre o processo que apura a propriedade e reformas no sítio em Atibaia (SP), dia 14 de novembro, para fazer um forte discurso a respeito do resultado das eleições presidenciais.

Será a primeira vez que Lula sairá da carceragem da PF desde que foi preso. Auxiliares do petista dizem que ele usará os acenos de Bolsonaro a uma possível nomeação de Moro ao Supremo para questionar a imparcialidade do juiz.
Lula lembrará que o presidente eleito declarou publicamente que quer vê-lo apodrecer na cadeia. (Daniela Lima – FSP)

Gilmar e Barroso unidos pela primeira vez

Mônica Bergamo
Quando juízes eleitorais ordenaram que a polícia entrasse em universidades para retirar faixas e fiscalizar materiais, Gilmar Mendes e Barroso foram os primeiros integrantes do STF a se manifestarem a respeito.

Os dois quase sempre divergem em matérias criminais.

As jovens amarelas e amarelas


As jovens brasileiras votaram à esquerda do restante do eleitorado nesta eleição. Se dependesse das mulheres que têm entre 16 e 24 anos, Haddad seria presidente com 59% contra 41% dos votos, segundo pesquisa do Datafolha publicada no sábado (27).

Já entre os homens de mesma idade, Bolsonaro teria 60% contra 40% de Haddad. No total, o capitão reformado teve 55% dos votos, contra 45% do petista.
Em SP, as jovens elegeriam Márcio França (PSB) com 67% dos votos, contra 33% e João Doria (PSDB). No total Doria teve 52% e França, 48% dos votos.(Mônica Begamo))