Quem
não quer ser amado? Todos querem. O presidente Michel Temer também
quer, por mais que diga, como voltou a repetir, ontem, em entrevista ao
programa Roda Viva, da TV Cultura, que se dará por feliz se ao fim do
seu governo o povo olhar para ele e disser:
- Esse sujeito aí colocou o Brasil nos trilhos. Não transformou na segunda economia do mundo, mas colocou nos trilhos.
Mas
Temer sabe que por melhor que seja seu desempenho no cargo,
dificilmente o deixará na condição de um líder amado pelos brasileiros.
Falta-lhe carisma para isso. Sua ascensão à presidência se deu ao cabo
de um processo político muito traumático.
De
resto, seu período de governo, além de curto, enfrentará graves
tormentas que, por ora, apenas se anunciam. Por mais que não queira, e
por mais que se esforce para disfarçar a situação, Temer é um presidente
acuado pelo acúmulo de dificuldades que enfrenta.
Foi
essa a impressão que me deixou ao longo de uma hora e meia da
entrevista durante o programa Roda Viva e de mais uma hora de
convivência amena e descontraída em torno de uma mesa de almoço na
última sexta-feira no Palácio da Alvorada.
Além
dos problemas que a economia lhe reserva, Temer está cercado por muitos
outros. A Lava-Jato é um deles. Se escapar de ser diretamente atingido
por futuras delações, Temer será obrigado a lidar com o incômodo de ver
ministros alcançados por elas.
Nesse
caso, como ele admitiu ao responder a uma pergunta, chamará um por um
para uma conversa a respeito. Estará aberta a porta por onde ministros
em estado terminal deverão sair. A substituição de ministros não é uma
tarefa fácil.
Às
futuras delações deverá se seguir a decisão do juiz Sérgio Moro sobre o
destino de Lula. Caso ele seja condenado, subirá a temperatura política
no país trazendo mais instabilidade para o governo. É por isso que
Temer não gostaria que Lula fosse preso.
Por
lhe faltar apoio popular, Temer é refém do Congresso. E ali, no
momento, é grande a insatisfação como o Poder Judiciário. Renan
Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, está disposto a confrontar o
Judiciário na tentativa de salvar a própria pele.
A
pele do próprio Temer poderá ser duramente arranhada, se não arrancada,
se o Tribunal Superior Eleitoral impugnar a chapa formada por ele e por
Dilma para disputar as eleições de 2014. O país ganharia um novo
presidente a ser eleito pelo Congresso.
É
uma combinação indigesta de fatores negativos à qual vem se juntar a
eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos. Qual será a
política externa de Trump? Como o protecionismo econômico defendido por
ele refletirá por aqui?
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