Do Congresso em foco |
O presidente Michel Temer está disposto a repartir com estados e
municípios o dinheiro arrecadado com a cobrança de imposto e multas na
regularização do patrimônio de brasileiros no exterior e não declarado
ao Fisco – a chamada repatriação de recursos.
A decisão atende às reivindicações do Fórum dos Governadores e será
oficializada no encontro com os chefes dos Executivos estaduais do
Norte, Nordeste e Centro-Oeste na próxima terça-feira (22).
Temer revelou reservadamente sua decisão ao presidente Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), durante jantar com senadores
realizado ontem (quarta, 16), no Palácio da Alvorada, para tratar da
proposta de emenda à Constituição que limita gastos públicos por 20
anos. Nesta quinta-feira (17), Calheiros avisou a decisão do presidente
ao governador do Piauí, Wellington Dias, coordenador do Fórum.
Com a decisão, todas as ações impetradas
por mais de 20 governadores no Supremo Tribunal Federal (STF) perderão o
objeto. Em alguns casos, a ministra Rosa Weber já tinha tomado decisão provisória
concordando com a tese, constante de todas as ações, de que os estados
têm direito a compartilhar o dinheiro arrecadado pela Receita Federal
na regularização de patrimônios ilegais no exterior.
Nas ações impetradas no STF, os governadores alegam que o artigo 160
da Constituição obriga a repartição de qualquer arrecadação de tributos e
multas com estados e municípios. “É um gesto e tanto do presidente,
reconhece o direito dos estados e municípios e evita uma disputa
judicial”, disse Wellington Dias.
O governador piauiense tinha sugerido a Renan Calheiros que sondasse
Temer sobre a divisão dos recursos e foi avisado da decisão do
presidente por telefone, em conversa com o presidente do Senado. A
partilha dos recursos seguirá o mesmo critério do dinheiro repassado aos
Fundos de Participação dos Estados e dos Municípios.
Até o último dia útil de outubro o Tesouro Nacional arrecadou R$ 50,9
bilhões de imposto e multa para regularizar R$ 169,9 bilhões,
patrimônio de 25 mil contribuintes – pessoas físicas e jurídicas – que
estavam escondidos em bancos no exterior. O Congresso pode votar uma
nova lei de repatriação criando novo prazo, a partir do próximo ano,
para que outros contribuintes possam regularizar seu patrimônio não
declarado no exterior.
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