Valdo Cruz - Folha de S.Paulo
De repente, o mar ficou revolto para o presidente Temer nesta reta de final de ano. O cenário brasileiro mudou com a vitória de Donald Trump e a proximidade da delação da Odebrecht. Dois fatores que lançam incertezas e vão obrigar o governo a fazer ajustes de rotas.
O
Palácio do Planalto confiava num encerramento de ano mais tranquilo,
com a aprovação do teto dos gastos públicos, nova redução da taxa de
juros e uma economia já dando sinais de crescimento.
Pois
bem. Antes mesmo da vitória do republicano, a equipe econômica já havia
alterado suas previsões. Saiu de cena um crescimento de 1,6% do PIB em
2017. Entrou no seu lugar a esperança de que seja de 1%.
Depois
da eleição de Trump, ficou pior. A receita do futuro presidente dos
Estados Unidos é inflacionária. Ele quer aumentar gastos e reduzir
impostos. Resultado: o Federal Reserve, o banco central de lá, terá de
reagir. Os juros americanos podem subir mais do que o esperado.
Efeito
aqui: dólar em alta, pressões inflacionárias e dúvidas sobre o ritmo de
queda da taxa de juros no Brasil. Péssima notícia para o presidente
Michel Temer, que conta com a redução dos juros para vitaminar o
crescimento brasileiro.
Enquanto
isso, a delação da Odebrecht, com seu potencial estrago no mundo da
política, fez investidores pisarem no freio. O pessoal que estava
disposto a investir aqui depois que Temer virou presidente efetivo
voltou a dar uma parada estratégica, péssima para o crescimento.
Para
piorar, a crise fiscal dos Estados deve provocar um atraso em cascata
do pagamento do 13º salário em boa parte do país. Daí, se hoje temos
protestos e confusões no Rio, em dezembro isso pode se alastrar.
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