Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho
Aos que não se conformam até hoje
com a reeleição de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais, o modelo
adotado pelo governador tucano Beto Richa para enfrentar uma greve de
professores no Paraná, na última quarta-feira, dá uma boa ideia do que
poderia estar acontecendo no Brasil se Aécio Neves tivesse vencido as
eleições de 2014.
Os mais de 200 feridos ao final do
ataque desfechado pela Polícia Militar de Richa são o retrato em estado
bruto de uma forma de governar tornada padrão pelo PSDB, que já vimos
também aqui em São Paulo, durante os protestos de junho de 2013, contra o
aumento das passagens de ônibus.
As imagens de balas de borracha,
sprays de pimenta e jatos d´água usados contra cerca de 15 mil
manifestantes durante mais de duas horas, enquanto o governador
permanecia em seu gabinete e alguns colaboradores comemoravam os ataques
dos policiais, poderiam refrescar a memória dos que querem voltar ao
tempo em que protestar contra o governo era correr risco de vida.
Até agora, os caciques tucanos e
seus porta vozes acadêmicos e midiáticos, sempre tão falantes e
inquisidores quando se trata de criticar o governo da presidente Dilma
Rousseff, não se manifestaram para condenar a selvageria de Curitiba,
que a grande imprensa chamou de confronto, mas na verdade terminou num
massacre da PM contra os professores em greve. Cadê Aécio? Cadê FHC?
Cadê Serra? Cadê os seus juristas de plantão? Cadê a indignação cívica?
Candidamente, no melhor estilo
tucano, o governador Beto Richa alegou que a PM apenas reagiu aos
ataques de black-blocs que tentavam invadir a Assembléia
Legislativa. Para prender sete baderneiros – bem menos do que os 17
policiais presos por se recusarem a atacar os professores – colocaram em
risco a segurança de milhares de pessoas e assim, democraticamente,
conseguiram aprovar um projeto do governador que tira direitos dos
trabalhadores, às vésperas deste triste 1º de Maio, o mais melancólico
destes últimos anos.
Está ruim, mas poderia estar muito pior.
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