247 - O impeachment da presidente Dilma Rousseff,
encampado pelo PSDB e outras siglas da oposição, interessa somente às
grandes companhias de petroleo, aos agentes nacionais que têm a ganhar
com a saída da Petrobras da exploração de petroleo.
A visão é do sociólogo Adalberto Cardoso, 53, diretor do Instituto de
Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro,
em entrevista à Folha de S. Paulo deste domingo, 25. Para ele, é
ingenuidade não identificar interesses externos na crise política.
"Trata-se da segunda maior jazida do planeta. Existem interesses
geopolíticos de norte-americanos, russos, venezuelanos, árabes",
lembrou.
"A Lava Jato está mexendo com profundos interesses empresariais e
políticos. Aqueles que estão clamando pelo impeachment estão querendo
impedir que essa limpeza continue. O impeachment hoje serve aos
corruptores e aos corruptos. A história recente mostra que há um certo
viés na ação anticorrupção, principalmente no Paraná", diz Alberto
Cardoso.
O sociólogo, autor de dez livros, critica a atuação do juiz da
Operação Lava Jato, Sérgio Moro. "Só petista ou próximo ao PT vai para
cadeia. Há uma profunda revisão do que é o nosso capitalismo e o agente
desse processo é o governo. Nenhum outro governo jamais fez isso. Está
agindo sobre o coração do capitalismo brasileiro, que é inteiramente
corrupto. É essa imbricação entre o público e o privado que está sendo
desvendada hoje. Infelizmente, pelo viés antigovernista dos agentes da
PF, não se investigou nada da época do FHC. Sergio Moro é um juiz ligado
de muitas maneiras ao PSDB. Sua esposa é assessora do PSDB. Por um viés
da radicalização política, está se colocando na cadeia membros do PT.
Esse processo vai ter um impacto de longo prazo no partido", afirmou.
Sobre a aprovação pela Câmara do projeto que amplia a terceirização
de trabalhadores, Alberto Cardoso diz que metade da Câmara é composta
por empresários, que apoiam o projeto e têm muito a ganhar com ele, sem
exceção. "Ele precariza as relações de trabalho e gera redução de
custos. Vai haver uma pressão muito grande por parte do lobby
empresarial e financeiro. Mas haverá também povo na rua fazendo barulho.
Político preocupado com sua sobrevivência ouve a rua. Político
preocupado com sua reeleição ouve quem paga a campanha. Isso vai criar
uma tensão séria no Congresso", afirmou.
Cardoso classificou como um "suicídio político" para qualquer partido
[apoiar o projeto]. "No caso do PMDB é mais grave porque ele foi o
patrono da Constituição de 1988. O projeto da terceirização é um tiro no
peito da Constituição de 88, pois destrói direitos sociais e do
trabalho no Brasil. O custo para os partidos será muito alto se isso
passar e isso foi percebido. Paulo Pereira da Silva deu um tiro na
cabeça com esse projeto", afirmou.
Leia aqui na íntegra a entrevista do sociólogo Alberto Cardoso.
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