No artigo, abaixo, intitulado “O campo perdeu seu grande líder”, o
presidente da Fetape, Doriel Barros, presta uma homenagem ao ex-deputado
Manoel Santos (PT) que morreu em São Paulo, há pouco mais de uma semana, vitimado por um câncer no esôfago.
Confira:
Confira:
É impossível iniciar uma homenagem a Manoel Santos sem falar de
sua liderança incontestável. Um homem que nunca fugiu à luta e que, por
isso, conquistou o respeito de lideranças politicas, mas, especialmente,
de lideranças populares, uma gente pela qual ele dedicou toda a sua
vida.
Manoel tinha o desenvolvimento sustentável do campo como o seu grande ideal. E era por isso que lutava todos os dias.
Como líder, participou de todos os espaços do Movimento Sindical
Rural. Foi delegado de base, presidente do Sindicato de Serra Talhada,
da Fetape e da Contag. Sempre com um jeito simples e ético, amava sua
missão, desempenhando, com maestria, cada um dos cargos que ocupou.
Ele viveu momentos difíceis. Nas diversas trincheiras da luta,
nunca encontrou facilidades. Porém, sem medo, superou os preconceitos e
fez história.
Manoel Santos foi determinante na articulação e proposição de
políticas públicas que hoje asseguram dignidade a milhões de brasileiros
e brasileiras. Por meio de suas articulações e mobilizações, foi criado
o Ministério de Desenvolvimento Agrário – MDA, o Programa de
Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF, a Lei da aposentadoria
rural dos homens aos 60 anos e das mulheres aos 55, bem como o
salário-maternidade. Ele participou também da criação da Articulação no
Semiárido Brasileiro – ASA – e foi um dos fundadores do Partido dos
Trabalhadores e da CUT em Pernambuco.
Manoel estimulou o debate sobre a necessidade de o movimento
sindical rural brasileiro eleger trabalhadores e trabalhadoras para
cargos no Legislativo e Executivo em níveis municipal, estadual e
federal.
Um homem que nunca quis ser, mas foi convocado, e elegeu-se
deputado estadual em 2010, sendo o primeiro trabalhador rural a ocupar
um assento no Parlamento de Pernambuco. A renovação do seu mandato se
deu com mais de 55 mil votos, resultado de uma crescente consciência de
classe da nossa gente.
Manoel se orgulhava da sua condição de trabalhador rural e essa
era sua marca. Com chapéu de coro na cabeça, dizia: “Você pode ocupar
qualquer espaço, porém nunca esqueça suas raízes, nunca esqueça que você
é, acima de tudo, um agricultor”.
Com seu jeito simples e humilde, mostrava a sua grande liderança.
Não precisava de mandado para ser líder. Sua sabedoria e experiência
acumulada durante sua trajetória lhe colocava não apenas como líder da
classe rural, mas da classe trabalhadora. Por tudo isso, é preciso
destacar uma das qualidades essenciais de Manoel Santos: a formação de
novas lideranças, distribuindo tarefas, acreditando nas pessoas e
entendendo que tudo tem seu tempo, e que só se constrói um mundo melhor
com a participação de todos.
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