Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
A
selvageria da PM do Paraná é mais uma prova de que o país ainda não
aprendeu a respeitar os professores. Na Pátria Educadora, escolher o
magistério continua a ser um ato de coragem.
As
imagens de Curitiba não deixam dúvida sobre o uso desproporcional da
força. Os policiais não economizaram em bombas de gás e balas de
borracha. Enquanto mães corriam para buscar crianças em uma creche
vizinha, a tropa de choque avançava sobre os grevistas. "Se precisar
usar a tonfa [cassetete], é por baixo", dizia um comandante.
A
pancadaria deixou ao menos 170 feridos. Principal alvo dos protestos, o
governador Beto Richa (PSDB) saiu em defesa da PM. "Ninguém pode ser
hipócrita de dizer que as cenas não são lamentáveis, mas os policiais
ficaram parados, protegendo o prédio público", disse.
O
prédio em questão era o da Assembleia Legislativa, onde aliados do
tucano aprovaram mudanças na previdência dos servidores. O governo
resolveu mexer na aposentadoria deles para tentar fechar o rombo nas
contas do Estado. Os atingidos pela ideia foram impedidos de acompanhar a
votação no plenário.
Alguém
precisa dizer a Richa que a violência contra professores não costuma
ajudar governantes em apuros. Em 2013, a PM do Rio protagonizou cenas
parecidas com as de Curitiba. A batalha na Cinelândia só fez engrossar
as manifestações contra Sérgio Cabral. A rejeição ao peemedebista
disparou, e ele acabou desistindo das eleições no ano seguinte.
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