Levy saiu-se melhor que a encomenda
Do blog Tijolaço
Aproveitou o fato de ser apontado
como “a esperança do mercado” para deixar claro que o ajuste nas contas
públicas não será feito, como espera esta gente, nem com recessão, nem
com o corte nos gastos sociais do Governo:
“A gente tem capacidade de alcançar
com um impacto mínimo na economia e garantindo a continuidade de todos
os programas (sociais) que são essenciais. Eu não tenho muita dúvida
sobre isso”.
E sinalizou que ” haverá ajustes” dos tributos, como a gente havia mencionado , há mais de um mês, quando aqui se escreveu:
“Na minha modesta capacidade de previsão, a primeira ação de Joaquim
Levy será frear esta “reforma tributária” sem “reforma tributária”
representada pela renúncia fiscal do Governo Federal. Se houver alguma
desoneração, a partir de agora, será extremamente seletiva e avara”.
Hoje, as palavras do ministro sobre isso foram estas:
“Não podemos procurar atalhos e benefícios que impliquem em redução
acentuada de tributação para alguns segmentos por mais atraentes que
elas sejam sem considerar seus efeitos na solvência do Estado”.
Tradução: redução de IPI,
desonerações da folha, alíquota zero na Cide e reduções de IOF, em
princípio, deixam a pauta da Fazenda.
Refis para inadimplentes? Não
aparece no horizonte de Levy e os escritórios de advocacia tributária se
preparem para um endurecimento grande nas brechas para a elisão fiscal e
“planejamento tributário”, dois primos da sonegação de impostos que
costumam saltar das leis e decretos.
No campo das despesas, podem
escrever que haverá um corte nas despesas de custeio dos Ministérios e
demais entes da administração. Há gordura para queimar neste quesito e é
um problema em que, pressionados ou não pelas estruturas internas, os
dirigentes têm dificuldade de enfrentar: negar passagens, diárias,
prestadores de serviços terceirizados é sempre penoso e difícil.
Deus sabe o que passei, no
Ministério do Trabalho, negando viagens, diárias, afastamentos com ônus,
recepcionistas em profusão e outros penduricalhos. Sem contar com
aquelas tais “divisões disso” do “departamento daquilo outro” sem razão
de ser numa máquina onde falta gente para o atendimento de ponta.
Ter a cobertura de “foi ordem da Fazenda” (e do Planejamento, claro) é um santo remédio para estes cortes.
Chamo a atenção, por fim, para a declaração feita hoje pelo Ministro:
“O equilíbrio fiscal em 2015… será fundamento de um novo ciclo de
crescimento, assim como a responsabilidade fiscal exercitada na primeira
metade da década dos anos 2000 foi condição indispensável para o Brasil
ter sucesso na política de inclusão social de milhões de brasileiros”.
Esta é a equação que Dilma pediu a Joaquim Levy para ajudar a resolver.
Dilma precisa dos resultados que
Levy pode ajudar a trazer. Mas Levy sabe que, para isso, precisa mostrar
o mais completo alinhamento com as prioridades de Governo
Porque, como disse no título do post de novembro passado, “cofre não faz necessariamente política social mas, vazio, a arruina”.
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