247 -
Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, faz a seguinte anotação
na sua agenda: "J&F 20/10/12. Consultoria Paulo (100%) Success fee
75% Paulo 25% Franklein. 3% empresa. 3% J&F". Foi o bastante para
que a Polícia Federal conectasse o grupo J&F, que controla o
frigorífico JBS, ao escândalo da Operação Lava Lato. Agentes da PF
intuíram que "Franklein" seria Agenor Franklin Martins Medeiros,
executivo da OAS preso na Lava Jato. E passaram a desconfiar que ele
seria um agente responsável por repassar propinas, em nome da J&F.
A partir dessa conclusão, a história
vazou para o jornal Estado de S. Paulo, que publicou uma manchete com
tintas escandalosas: 'Planilha sugere acordo de J&F com ex-diretor
de estatal'. Resultado: a conexão Friboi-Lava Jato, com óbvias
conotações políticas, se espalhou pelas redes sociais, afetando até as
ações do frigorífico na BM&FBovespa.
O problema, no entanto, é que a
história é completamente diferente. O tal "Franklein", da anotação de
Paulo Roberto Costa, é Franklin Mandim Pereira, publicitário de Goiás,
que mantém boas relações com a família Batista, controladora da J&F.
Em 2012, ele apresentou Costa ao empresário Joesley Batista. E o
ex-diretor da Petrobras ofereceu ao grupo a compra de uma empresa
chamada Astromarítima.
Como é comum em transações desse
tipo, haveria uma comissão de sucesso, a chamada "success fee", de 6% do
valor da transação (metade paga pelo comprador, metade pelo vendedor).
Desta comissão, Paulo Roberto Costa ficaria com 75% e Franklin Mandim
Pereira com 25%. Simples assim.
"Conheci o Paulo Roberto Costa,
apresentei ao Joesley, ele levou um projeto de investimento e a ideia
foi recusada", disse o verdadeiro Franklin ao 247. "Era uma operação
normal, de mercado, que não tem nada a ver com esse outro Franklin da
OAS".
No entanto, antes mesmo de apurar a
história, a Polícia Federal vazou fragmentos de uma anotação na agenda
de Paulo Roberto Costa para o jornal Estado de S. Paulo. Na pressa de
gerar um novo escândalo, o que se conseguiu, apenas, foi manchar a
reputação de um grupo empresarial e derrubar suas ações.
Leia, abaixo, a nota publicada pela J&F:
Mais uma vez, com muita indignação, a
J&F Investimentos vem a público responder outra reportagem que
agride a reputação da empresa, não respeita nossos 60 anos de história
nem as marcas que fazem parte do grupo. De forma precipitada, a matéria
do Estado de S. Paulo sugere, por meio de informações falsas,
incompletas e frágeis, conexão da J&F Investimentos com a operação
Lava Jato.
Esclarecemos mais uma vez que:
1- A J&F Investimentos reafirma
que não há, nem nunca houve, nenhum contrato assinado ou qualquer
relação entre o grupo e o senhor Paulo Roberto Costa.
2- Na tentativa de oferecer à
J&F Investimentos a Astromarítima para venda, negócio cujo interesse
foi declinado imediatamente, o senhor Paulo Roberto Costa foi
apresentado à nossa empresa pelo senhor Franklin Mandim Pereira,
ex-diretor da Blow-up Produções, e não pelo senhor Agenor Franklin
Magalhães Medeiros, executivo da OAS, como sugere erradamente a
reportagem do jornal.
3- A J&F enfatiza ainda que não
se responsabiliza por anotações feitas em cadernetas pessoais do senhor
Paulo Roberto Costa, com quem não tem qualquer relacionamento.
4 - A J&F Investimentos - um
dos maiores grupos privados do Brasil, presente em mais de 50 países -
preza pela transparência e segue rigorosas regras de governança no
Brasil e no exterior.
5- A J&F sempre esteve e estará pronta para prestar quaisquer esclarecimentos adicionais às autoridades competentes.
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