O
deputado Fernando Giacobo, do PR, é um homem de sorte. Em 1997, ele
ganhou 12 vezes na loteria num intervalo de apenas 15 dias. A feliz
coincidência lhe rendeu R$ 443 mil, em valores atualizados. A Polícia
Federal abriu inquérito para investigar o caso, mas o parlamentar não se
abalou. Ele atribuiu a sequência de prêmios à graça divina. "Existe
Deus, ele deu uma olhadinha lá e uma benzida", disse.
Dezenove
anos depois, o acaso voltou a sorrir para o deputado. Segundo
vice-presidente da Câmara, ele cuidava de tarefas burocráticas como o
ressarcimento de despesas médicas dos colegas. Em maio, Eduardo Cunha
foi afastado e o vice Waldir Maranhão se inviabilizou. A cadeira da
presidência sobrou para o afortunado Giacobo, que passou a comandar as
sessões no plenário.
O
deputado André Moura, do PSC, é outro homem de sorte. Réu em três ações
penais, sob a acusação de desviar verbas públicas, ele continua a
desfrutar das mordomias do mandato. Sua ficha ainda inclui três
inquéritos, um deles por tentativa de homicídio. Para completar, ele foi
condenado por improbidade após usar verba pública num churrasco.
Numa
democracia madura, um político com esse currículo não ocuparia nenhum
cargo relevante enquanto não fosse inocentado de todas as acusações. No
Brasil de 2016, Moura conseguiu ser promovido a líder do governo na
Câmara.
Na
quarta à tarde (6), Giacobo abriu a ordem do dia com a leitura de
mensagens presidenciais. Encaminhados por Moura, os textos retiraram a
urgência na tramitação de um pacote de projetos contra a corrupção. Com
isso, o Planalto adiou a votação de medidas como a criminalização do
caixa dois e a tipificação do crime de enriquecimento ilícito.
Se
a manobra ocorresse em outro governo, o país seria varrido por uma onda
de protestos e panelaços. Mas as mensagens foram assinadas por Michel
Temer, que também é um homem de sorte.
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