A ditadura militar de 1964 deixou sequelas até hoje não superadas
pela sociedade brasileira. Familiares de mortos, vítimas que
sobreviveram, presos, torturados, exilados e desaparecidos não
enterraram esse passado. Uma página que não foi virada na história do
Brasil.
Cinquenta e dois anos depois, um novo golpe está para se materializar
no país. Agora, não mais pelas armas, mas, pelo Parlamento. Um golpe
parlamentar contra uma presidente legitimamente eleita por 54 milhões de
brasileiros. Um golpe parlamentarista sobre o nosso presidencialismo.
Se em 64 a direita utilizou a força, em 2016 é a política menor que
frauda a Constituição, utilizando-se de uma maioria forjada no Congresso
exclusivamente para destituir uma presidente, ao manipular a Carta
Magna para respaldar a interpretação inverídica sobre crime de
responsabilidade. Uma interpretação espúria.
A presidente Dilma Rousseff vai ao Senado Federal, dia 29 deste mês,
para se defender. O que tem feito desde a aceitação da farsa intitulada
de pedido de impeachment pelo inominável Eduardo Cunha, um dos líderes
do bando multidenunciado do PMDB.
Dilma dá mais uma prova da sua valentia e da sua inocência. Irá se expor - como presidente da República e como mulher - ao escracho, deboche e zombaria para os quais estão se preparando grande parte dos opositores e detentores do ódio.
Dilma dá mais uma prova da sua valentia e da sua inocência. Irá se expor - como presidente da República e como mulher - ao escracho, deboche e zombaria para os quais estão se preparando grande parte dos opositores e detentores do ódio.
Nada se provou contra a presidente. Dilma é inocente, não cometeu
nenhum crime. Os senadores estão sendo cruéis, estão consolidando um
golpe parlamentar contra Dilma e contra 54 milhões de votos. Os
senadores irão tomar o mandato e tornar a presidente Dilma inelegível
por oito anos.
O mais vergonhoso é que alguns desses senadores que executarão o
golpe estiveram com a presidente em seu governo, eram ministros e são
testemunhas de que ela nunca aceitaria uma conversa não-republicana. São
traidores. Entrarão para a história como um Rubião e um Silvério dos
Reis.
"Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se
novamente...", denunciou Getúlio Vargas, em 1954, em sua
carta-testamento. "A história se repete, a primeira vez como tragédia e a
segunda como farsa", interpretou Karl Marx no século 19.
É um grande golpe que está em seu curso final. Políticos que não
venceram ou não se elegeram pelo voto, em 2014, juntam-se a outros que
nunca chegariam ao poder pelo voto - porque não têm voto, como Michel
Temer -, e mais a um punhado de outros que não tiveram seus desejos
atendidos pelo governo.
O povo vai às ruas. Não vamos permitir o massacre final de uma mulher
inocente. Não vamos deixar se consolidar esse golpe parlamentar contra a
presidente Dilma. Não se pode tirar presidente da República do seu
cargo em razão de crise econômica ou vindita política no Congresso.
Passaram um ano e meio boicotando a economia, conspirando contra o
governo, obstruindo propostas de reforma e medidas para recuperar a
economia, sem se importarem com os danos de seus gestos sobre o povo
trabalhador e sobre a vida das empresas. Quatro meses depois do
afastamento, os dados econômicos pioraram. E ainda querem se postar como
salvadores da pátria.
São traidores. A história não os perdoará. Estarão nos livros como Rubião e Silvério dos Reis.
* Deputado federal
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