Dilma
Rousseff estava mais bem humorada do que no último encontro. Essa foi a
impressão quase unânime de quem esteve nesta quinta-feira (18) no
Palácio da Alvorada para tratar do discurso que a presidente afastada
fará no Senado na próxima segunda-feira (29).
Será
uma espécie de interrogatório em que a petista vai se defender da
acusação de ter cometido crime de responsabilidade fiscal. E Dilma se
dizia tranquila.
"Se
me hostilizarem, não será problema meu", afirmou a aliados. "Se o
Senado quiser repetir a sessão da Câmara, é um problema do Senado",
completou em referência à votação de 17 de abril, em que deputados
autorizaram a abertura do processo de impeachment com saudações,
inclusive, ao torturador de Dilma, o coronel Carlos Brilhante Ustra.
Não
foi um trabalho fácil convencer a presidente afastada a comparecer ao
plenário do Senado. Ela estava reticente e ouviu todas as argumentações
de auxiliares antes de bater o martelo no início desta semana.
Agora,
afirmam pessoas próximas, "Dilma volta a ser Dilma" e dedica quase que a
totalidade de seu dia na preparação do discurso. Seu advogado, José
Eduardo Cardozo, vai começar a trabalhar na produção do texto neste fim
de semana.
Há
apenas uma linha geral definida, nada de muito diferente do que a
defesa vem apresentando durante todo o processo. Dilma se diz inocente,
afirma que não cometeu crime de responsabilidade e que seu impeachment,
da forma como está colocado, é "golpe".
A
petista deve também dar um tom autoral e emocional ao discurso. Mas
aliados afirmam que isso é bastante pessoal dela e que pode, inclusive,
sair de improvido durante alguma resposta.
Nesta
quinta (18), três senadores do PT estiveram no Alvorada e prometeram
mapear o Senado para Dilma e evitar surpresas: Humberto Costa (CE),
Paulo Rocha (PA) e José Pimentel (CE) conversaram com a presidente
afastada sobre o rito do julgamento final e marcaram nova reunião na
próxima semana para dar conselhos sobre o perfil dos senadores que farão
discursos e perguntas a ela.
Dilma
poderá fazer um pronunciamento de 30 minutos, prorrogáveis pelo
presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, que
estará à frente da sessão. Em seguida, acusação, defesa e os senadores
poderão fazer perguntas, contando com cinco minutos cada um.
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