Jânio de Freitas - Folha de S.Paulo
A construção de uma forte
barragem opositora, anunciada pelo senador Aécio Neves em seu festivo
retorno ao Senado, tem uma dificuldade para efetivar-se: oposição dá
trabalho. Desde a onda
do mensalão, com a CPI, os governos Lula e Dilma não precisaram
incomodar-se de fato com o PSDB, o DEM (o PFL travestido) e os
comerciantes que às vezes lhes fizeram companhia. Mesmo na CPI do
mensalão, os representantes desses partidos já recebiam tudo mastigado,
cabendo-lhes apenas fazer o espetáculo.
De então para cá, os
oposicionistas nem se deram ao trabalho de ser ao menos palavrosos. O
PSDB deixou ao senador Álvaro Dias a tarefa de fazer uma declaração a
cada ato do governo, mais ou menos a mesma sempre, e o DEM entregou a
tarefa ao senador José Agripino Maia. Duas pessoas educadas, portanto
impróprias para fazer pela oposição maior disfarce do que umas acusações
ligeiras e vazias.
Há tempos as bancadas do
PSDB e do DEM foram aqui chamadas de oposição preguiçosa. Não mudaram.
Ambas deixaram que os meios de comunicação trabalhassem por elas,
considerando suficiente --por comodismo ou incompetência-- dar algum eco
ao novo padrão do jornalismo brasileiro, de mínimos rigores e
noticiário com feições políticas indisfarçáveis. Mas o futuro desse
sistema não levaria a boas paisagens.
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