JOSIAS DE SOUZA
Aécio
Neves e Eduardo Campos se equipam para tentar levar a disputa
presidencial de 2014 para o segundo turno. Além de lidar com a
antagonista Dilma Rousseff, a dupla terá de se livrar de algo que o
deputado gaúcho Beto Albuquerque, líder do PSB na Câmara, chama de
síndrome do Atlético Mineiro.
Representante
do Brasil no Mundial de Clubes da Fifa, o Atlético voou para o
Marrocos, palco da disputa, sonhando com o embate que travaria na final
contra o Bayern de Munique. Deu-se o impensável. Numa semifinal contra o
azarão marroquino Raja Casablanca, o Atlético perdeu por 3 a 1.
Na
analogia de Beto Albuquerque, Dilma já está na final. Campos e Aécio
terão de disputar num primeiro turno com cara de semifinal o direito de
travar contra presidente o jogo decisivo. Dito de outro modo: para se
manter vivos na competição, os dois rivais de Dilma terão de enfrentar
um ao outro.
Na
prática, esse embate entre os presidenciáveis do PSB e do PSDB já começa
a se esboçar. Para quebrar a sensação de que iria à disputa isolado,
Eduardo Campos atraiu para sua canoa o PPS, roubando de Aécio Neves, por
assim dizer, um aliado tradicional do tucanato.
Há
dez dias, ao lançar o esboço do que será sua plataforma eleitoral, Aécio
Neves apresentou-se como “a mudança de verdade.” Com isso, insinuou que
Campos, até bem pouco um aliado de Dilma, é a mudança de mentirinha.
Criticou o atraso na obra da transposição do São Francisco, tocada até o
início de outubro por um apadrinhado político de Campos, o então
ministro Fernando Bezerra.
A
tarefa de Aécio e Campos não será simples. Terão de se enfrentar sem
destruir as pontes que os unem. Sabem que, se um for ao segundo round,
vai precisar do outro. Espreita-os o vaticínio arrogante de João
Santana. Como se recorda, o marqueteiro do PT disse ao repórter Luiz
Maklouf Carvalho, em outubro passado, o seguinte:
“A
Dilma vai ganhar no primeiro turno, em 2014, porque ocorrerá uma
antropofagia de anões. Eles vão se comer, lá embaixo, e ela,
sobranceira, vai planar no Olimpo.” Contra tal previsão, Aécio e Campos
precisarão se enfrentar agarrados a uma máxima do ex-deputado Ulysses
Guimarães, sábio da tribo do PMDB.
Dizia
o velho Ulysses: “Em política, você não pode estar tão próximo que
amanhã não possa estar distante, nem tão distante que amanhã não possa
se aproximar”.
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