FERNANDO MELLO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Brasileiros estão presos no aeroporto JFK, em Nova York, desde a última
quinta-feira (2), na tentativa de embarcar para o país. Com remarcações e
cancelamentos de voos, as pessoas dormiram no chão do aeroporto,
tiveram problemas médicos e momentos de tensão com representantes das
companhias aéreas.
O engenheiro civil Eduardo Stahlhoefer chegou com a mulher e dois filhos
ao aeroporto na sexta-feira por volta das 6h. Como a filha tinha
vestibular para Medicina no domingo, tentou um voo via Miami, que foi
cancelado. A segunda opção foi tentar embarcar via Cidade do Panamá. Por
fim, foi oferecido um voo da Delta para São Paulo. A família aguardou
até a meia noite, quando o voo foi cancelado. O voo para a Cidade do
Panamá acabou saindo no meio da madrugada.
"Se arrependimento matasse. É lastimável, estamos sendo tratados como
animais. Passamos a noite no chão. Ninguém fala o que está acontecendo.
Ontem, mudaram o portão quatro vezes, a gente caminhou o aeroporto todo,
até cancelarem o voo", disse Stahlhoefer.
Andrew Gombert/Efe |
Movimentação no aeroporto JFK, em Nova York, nesta sexta-feira (3) |
O engenheiro contou que de madrugada o grupo de brasileiros teve que
sair da área de embarque para fazer um novo check-in, para o voo
previsto para a tarde deste sábado. "Não queriam deixar a gente embarcar
de novo. Pediram para a gente dormir no saguão de entrada, onde não tem
cadeiras nem aquecimento."
O médico Daniel Boris Ghetler também enfrentou dificuldades por conta do
frio. "O pessoal da Delta queria que a gente saísse do aeroporto com 12
graus negativos, a noite mais fria em muitos anos. E não ofereceram
hotel. Aliás, todos os hotéis estão lotados."
O filho de Daniel também tinha uma prova marcada de residência médica.
"Mesmo que ele chegue, estará muito cansado. A gente tentava argumentar
com a empresa e três policiais intimidavam a gente, como se nós não
fossemos vítimas."
Outra reclamação dos brasileiros é a falta de informações. "Falam que a
neve é todo o problema. Ontem muitos aviões subiram e desceram. Estava o
famoso céu de brigadeiro durante todo o dia. Nosso avião estava
estacionado e eles, depois de horas mudando de portão, informaram que o
problema era que o horário da tripulação havia estourado", disse Daniel
Ghetler.
Durante a noite, um paramédico foi chamado para dar assistência a uma
grávida de oito meses e uma senhora com crise de pressão alta. Uma
ambulância foi colocada de plantão.
Passageiros que estavam em um voo da American Airlines cancelado na
noite de quinta-feira ainda aguardavam para voltar ao Brasil. Na
madrugada de sábado, foram para um hotel.
A analista de sistemas Vanessa Arnold fez sua primeira viagem
internacional. Resolveu chegar com antecedência no aeroporto, por volta
das 15h de sexta. A nova previsão para o seu voo é as 15h deste sábado.
"Na ultima remarcação de portão, à meia-noite, cancelaram o voo.
Disseram que não iriam prestar assistência, não dariam hotel. Falaram
para pegarmos as malas e sair para fora do terminal, na parte fria do
aeroporto. "
Vanessa ligou para o consulado do Brasil. "À noite distribuíram lanches,
mantas e travesseiros. Todos dormimos no chão, inclusive crianças e
idosos", relatou. "Às oito horas da manhã eu liguei para o consulado.
Eles disseram que se deram cobertor, lanche e travesseiro, estavam nos
atendendo. Eu pedi para mandar alguém. Ontem o cônsul veio para ajudar
um voo da TAM. Prometeram entrar em contato
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