Folha de S. Paulo
Por Janio de Freitas
Agora
ficou mais fácil compreender o que se tem passado no Brasil. O poder
pós-impeachment compôs-se de sócios-atletas da Lava Jato e, no entanto,
não há panelaço para o despejo de Moreira Franco, ou de qualquer outro
da facção, como nem sequer houve para Geddel Vieira Lima. Não há
panelaços nem bonecos inflados com roupa de presidiário.
Logo,
onde não há trabalhador, desempregado, perdedor da moradia adquirida na
anulada ascensão, também não há motivo para insatisfações com a
natureza imoral do governo. Os que bancaram o impeachment desfrutam a
devolução do poder aos seus servidores. Os operadores políticos do
impeachment desfrutam do poder, sem se importar com o rodízio forçado,
que não afeta a natureza do governo.
Derrubar
uma Presidência legítima e uma presidente honesta, para retirar do
poder toda aspiração de menor injustiça social e de soberania nacional,
tinha como corolário pretendido a entrega do Poder aos que o receberam
em maioria, os geddeis e moreiras, os cunhas, os calheiros, os jucás,
nos seus diferentes graus e especialidades.
Como
disse Aécio Neves a meio da semana, em sua condição de presidente do
PSDB e de integrante das duas bandas de beneficiários do impeachment:
"Nosso alinhamento com o governo é para o bem ou para o mal". Não faz
diferença como o governo é e o que dele seja feito. Se é para o mal,
também está cumprindo o papel a que estava destinado pela finalidade
complementar da derrubada de uma Presidência legítima e de uma
presidente honesta.
Não há panelaço, nem boneco com uniforme de presidiário. Também, não precisa. Terno e gravata não disfarçam.
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