O Globo - Dimitrius Dantas *
Em
audiência no processo que investiga o ex-presidente Lula pela
propriedade de um tríplex, o juiz Sérgio Moro gastou boa parte de suas
indagações ao ex-governador Tarso Genro para tratar de uma curiosidade
sobre a possível refundação do PT. Argumentando que queria entender a
relação do partido com seus subordinados, o juiz mostrou interesse,
principalmente, sobre como esse projeto lidaria com integrantes acusados
de corrupção, como José Dirceu e Delúbio Soares.
—
Essa ideia da refundação, renovação, também envolveria reconhecimento
de eventuais irregularidades praticadas por agentes vinculados ao
Partido dos Trabalhadores? — perguntou o juiz.
—
Ilegalidades cometidas por todos os partidos do sistema político.
Vivemos um sistema político que instiga e promove a corrupção pelo
financiamento empresarial das campanhas e por outras determinações —
respondeu Tarso Genro.
Diante
do interesse de Moro pela refundação do PT, o próprio advogado de Lula
tentou fazer com que o assunto não fosse explorado.
—
Vossa Excelência, na verdade, não está julgando o PT e nem questões de
natureza político-partidária — disse Cristiano Zanin Martins.
Em
sua defesa, Moro argumentou que queria entender a relação do PT e do
ex-presidente Lula em relação interna partidária. O ex-governador do Rio
Grande do Sul, no entanto, disse não se importar em responder as
perguntas do juiz, embora não tivessem relação com o processo.
Moro
questionou, então, se envolvidos no mensalão, como Dirceu e Delúbio,
foram punidos pelo partido após suas condenações pelo Supremo Tribunal
Federal (STF). Após as respostas de Tarso Genro, o juiz voltou a
perguntar se, nessa defesa de refundação, haveria reconhecimento desses
ilícitos ou se seriam tomadas providências.
Na resposta, Genro afirmou que a refundação planeja verificar o que determinou os desvios de conduta no PT.
—
Vivemos em um estado de direito, as instituições tem que funcionar para
fazer suas investigações, julgar conforme a lei e aplicar as
consequências em cada pessoa que é responsabilizada e que tem os seus
fatos delituosos eventualmente provados - disse.
* Estagiário ob supervisão de Flávio Freire
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