Se
divulgar a delação da Odebrecht, como propõe Rodrigo Janot, pode levar à
"destruição de prova útil" –como disse o procurador Carlos Fernando dos
Santos Lima ao repórter Thiago Herdy–, "de outro lado, há o uso de
vazamentos para o jogo político, algo que não nos interessa".
Sem
esse interesse, não teria havido os vazamentos. Atos cuja gravidade não
se confunde com a liberação particular de informações para jornalista. O
inaceitável eticamente nos vazamentos da Lava Jato é a perversa
leviandade com que torna públicas, dando-lhes ares de verdades
comprovadas, acusações não provadas, em geral nem postas (ainda?) sob
verificação.
Otávio
Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, por exemplo, proporcionou
um desses vazamentos: acusou Edinho Silva e outro petista de receberem
determinado cheque, relatando até o encontro para a entrega. O então
ministro José Eduardo Cardozo localizou e exibiu o cheque de tal
pagamento: o destinatário do cheque nominal era um certo Michel Temer.
Mas a Lava Jato pusera Edinho Silva, secretário de Comunicação da
Presidência de Dilma, nas manchetes e na TV como recebedor do suborno da
empreiteira.
Otávio
Azevedo e outros ex-dirigentes da Andrade Gutierrez estão chamados a
corrigir seus depoimentos, porque a delação da Odebrecht revelou que
distorceram ou omitiram. E também foram vazamentos acusatórios. Diz a
regra que trapacear nas delações as anula. Não porém para protegidos na
Lava Jato, como Otávio Azevedo e Alberto Youssef.
Ficou
comprovado que a Lava Jato e mesmo o seu juiz programavam vazamentos
nas vésperas dos dias importantes na campanha contra Dilma e Lula. Só
por "interesse político" –evidência que ninguém na Lava Jato tem
condições honestas de negar
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