quinta-feira, 25 de junho de 2015

Padrasto confessa estupro e assassinato da enteada Maria Alice

Do NE10 

Gleide Ângelo afirma que, em depoimento, suspeito disse ter premeditado crime há mais de dois meses / Foto: Mariana Dantas/NE10 Gleide Ângelo afirma que, em depoimento, suspeito disse ter premeditado crime há mais de dois meses Foto: Mariana Dantas/NE10

Em coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (25), na sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife, a delegada Gleide Ângelo confirmou que o auxiliar de pedreiro Gildo da Silva Xavier, 34 anos, premeditou sequestrar e estuprar a enteada Maria Alice Seabra, 19. Ele teria planejado, há mais de dois meses, manter relações sexuais com a jovem e depois fugir, porém não havia intenção de matar.

De acordo com depoimento do padrasto, dado na manhã desta quinta, ele teria forçado a vítima a beber Rupinol (medicamento usado para aplicar golpes como o "boa noite Cinderela"). Antes que ela estivesse dopada, no entanto, houve uma luta corporal dentro do carro de Gildo. Após espancar Maria Alice, ele a colocou no banco de trás do veículo e tentou estrangulá-la com o cinto de segunça. Em seguida, decidiu estuprá-la ainda dentro do veículo, às margens da BR-101 Norte, próximo ao bairro de Paratibe, em Paulista. Ao terminar o ato, que durou cerca de 20 minutos, Gildo Xavier notou que a jovem começou a convulsionar e desfalecer. Ao perceber que a vítima havia parado de respirar, decidiu abandonar o corpo em um matagal.



Questionado pela polícia sobre ter amputado a mão esquerda da jovem, no mesmo braço onde Alice fez uma tatuagem recentemente, Gildo Xavier nega que tenha cortado o membro. Segundo ele, Maria Alice foi abandonada em um canavial no município de Itapissuma, na Grande Recife, com as mãos amarradas com uma cueca e algum animal pode ter arrancado a mão dela. No entanto, o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife poderá apontar como o membro foi desprendido do corpo da garota. A mão de Alice não foi encontrada pela polícia. O mesmo laudo, no entanto, pode não conseguir comprovar se Maria Alice Seabra foi dopada e estuprada por causa do avançado estado de decomposição do corpo.



Em conversa com a imprensa, a família da vítima confirmou que a tatuagem seria o nome (em hebraico) do pai de Maria Alice Seabra, morto há dez anos, do qual Gildo Xavier tinha ciúmes. Com relação ao fato de a jovem ter sido achada usando a roupa do padrasto, o padrasto contou que após espancar e estuprar a jovem, que ficou nua durante o ato violento, temeu que fosse parado em alguma blitz, por isso vestiu Maria Alice com as roupas dele.

Embora os resultados dos laudos toxicológicos e sexológicos do IML ajudem a confirmar a versão do padrasto, a delegada Gleide Ângelo afirmou que já conseguiu algumas confirmações de que a história contada por ele procede. Gildo da Silva Xavier foi encaminhado ao Centro de Triagem (Cotel), em Abrel e Lima, no Grande Recife. Ele deverá responder pelos crimes de sequestro, estupro, ocultação de cadáver, homicídio por motivo torpe e feminicídio. A pena pode chegar aos 48 anos de prisão.

PREMEDITAÇÃO –  Em depoimento, o servente de pedreiro Gildo Xavier disse que começou a sentir desejo por Maria Alice Seabra há cerca de três anos, quando a jovem completou 16 anos, porém nunca havia tentado abusar da garota. Contou que tinha uma relação de pai e filha com Maria Alice e que ninguém desconfiava dos seus desejos. 

A ideia de dopá-la, estuprá-la e depois fugir surgiu há dois meses, mesma época em que, segundo a delegada Gleide Ângelo, Maria Alice teria descoberto que Gildo estaria com uma amante e contado para a mãe. 

O casal chegou a se separar, mas a mãe resolveu dar uma nova chance ao marido. Inconformada, Maria Alice decidiu sair de casa e ir morar com a tia em Igarassu, no Grande Recife, há cerca de um mês. Gildo continuou acompanhando os passos da enteada, inclusive acessando o seu perfil no Facebook e, movido pelo ciúme, decidiu praticar o crime na última sexta. 

Segundo depoimento à polícia, Gildo, que trabalhava em uma empresa da área da construção civil em Gravatá, no Agreste, mentiu para o chefe ao chegar à empresa na manhã da sexta. “Ele disse que sua filha tinha sido atropelada e pediu para voltar para casa no Recife por volta das 11h da manhã. O chefe ainda teria emprestado R$ 300 para Gildo”. Com o dinheiro, ele alugou o carro - Gol preto - e procurou uma oficina para colocar película escura no veículo. Em seguida, foi ao encontro da jovem, com a promessa de que a levaria para uma entrevista de emprego na mesma empresa onde trabalhava. No bolso, Gildo levava o vidro de Rupinol que usaria para dopar a jovem. 


Maria Alice desapareceu na sexta-feira e seu corpo só foi encontrado nesta quarta-feira
Maria Alice desapareceu na sexta-feira e seu corpo só foi encontrado nesta quarta-feira Foto: reprodução Facebook

ENTERRO - O corpo de Maria Alice Seabra deve ser sepultado na manhã desta sexta-feira (26), às 8h30, no Cemitério de Santo Amaro, no Centro do Recife, onde a família tem um túmulo próprio. Não deverá ser realizado velório por causa do estado em que está o corpo.

ENTENDA O CASO - Apontado como autor do homicídio, o servente de pedreiro e padrastro Gildo da Silva Xavier, 34 anos, foi quem apontou o local onde teria deixado a moça, no Engenho Burro Velho, às margens da BR-101, no município de Itapissuma, Litoral Norte do Estado. O corpo de Maria Alice estava sem uma das mãos e com as roupas de Gildo, que foi detido na terça (23). Gildo teria abandonado o corpo da garota na noite da última sexta-feira (19), após sair com ela para uma suposta entrevista de emprego. Ele teria ainda seguido de carro para o Estado do Ceará. Gildo é casado há 15 anos com Maria José Arruda, 46 anos, mãe de Alice. O casal tem uma filha de 11 anos. Além de Maria Alice e da criança de 11 anos, Maria José tem outras duas filhas.

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