Do NE10
Gleide Ângelo afirma que, em depoimento, suspeito disse ter premeditado crime há mais de dois meses
Foto: Mariana Dantas/NE10
Em
coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira (25), na sede do
Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do
Cordeiro, Zona Oeste do Recife, a delegada Gleide Ângelo confirmou que o
auxiliar de pedreiro Gildo da Silva Xavier, 34 anos, premeditou
sequestrar e estuprar a enteada Maria Alice Seabra, 19. Ele teria
planejado, há mais de dois meses, manter relações sexuais com a jovem e
depois fugir, porém não havia intenção de matar.
De acordo com
depoimento do padrasto, dado na manhã desta quinta, ele teria forçado a
vítima a beber Rupinol (medicamento usado para aplicar golpes como o
"boa noite Cinderela"). Antes que ela estivesse dopada, no entanto,
houve uma luta corporal dentro do carro de Gildo. Após espancar Maria
Alice, ele a colocou no banco de trás do veículo e tentou estrangulá-la
com o cinto de segunça. Em seguida, decidiu estuprá-la ainda dentro do
veículo, às margens da BR-101 Norte, próximo ao bairro de Paratibe, em
Paulista. Ao terminar o ato, que durou cerca de 20 minutos, Gildo Xavier
notou que a jovem começou a convulsionar e desfalecer. Ao perceber que a
vítima havia parado de respirar, decidiu abandonar o corpo em um
matagal.
Questionado pela polícia sobre ter amputado a mão esquerda da
jovem, no mesmo braço onde Alice fez uma tatuagem recentemente, Gildo
Xavier nega que tenha cortado o membro. Segundo ele, Maria Alice foi
abandonada em um canavial no município de Itapissuma, na Grande Recife,
com as mãos amarradas com uma cueca e algum animal pode ter arrancado a
mão dela. No entanto, o laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) do
Recife poderá apontar como o membro foi desprendido do corpo da garota. A
mão de Alice não foi encontrada pela polícia. O mesmo laudo, no
entanto, pode não conseguir comprovar se Maria Alice Seabra foi dopada e
estuprada por causa do avançado estado de decomposição do corpo.
Em conversa com a imprensa, a família da vítima
confirmou que a tatuagem seria o nome (em hebraico) do pai de Maria
Alice Seabra, morto há dez anos, do qual Gildo Xavier tinha ciúmes. Com
relação ao fato de a jovem ter sido achada usando a roupa do padrasto, o
padrasto contou que após espancar e estuprar a jovem, que ficou nua
durante o ato violento, temeu que fosse parado em alguma blitz, por isso
vestiu Maria Alice com as roupas dele.
Embora os resultados dos
laudos toxicológicos e sexológicos do IML ajudem a confirmar a versão do
padrasto, a delegada Gleide Ângelo afirmou que já conseguiu algumas
confirmações de que a história contada por ele procede. Gildo da Silva
Xavier foi encaminhado ao Centro de Triagem (Cotel), em Abrel e Lima, no
Grande Recife. Ele deverá responder pelos crimes de sequestro, estupro,
ocultação de cadáver, homicídio por motivo torpe e feminicídio. A pena
pode chegar aos 48 anos de prisão.
PREMEDITAÇÃO –
Em depoimento, o servente de pedreiro Gildo Xavier disse que começou a
sentir desejo por Maria Alice Seabra há cerca de três anos, quando a
jovem completou 16 anos, porém nunca havia tentado abusar da garota.
Contou que tinha uma relação de pai e filha com Maria Alice e que
ninguém desconfiava dos seus desejos.
A ideia de dopá-la,
estuprá-la e depois fugir surgiu há dois meses, mesma época em que,
segundo a delegada Gleide Ângelo, Maria Alice teria descoberto que Gildo
estaria com uma amante e contado para a mãe.
O casal chegou a
se separar, mas a mãe resolveu dar uma nova chance ao marido.
Inconformada, Maria Alice decidiu sair de casa e ir morar com a tia em
Igarassu, no Grande Recife, há cerca de um mês. Gildo continuou
acompanhando os passos da enteada, inclusive acessando o seu perfil no
Facebook e, movido pelo ciúme, decidiu praticar o crime na última sexta.
Segundo depoimento à polícia, Gildo, que trabalhava em uma
empresa da área da construção civil em Gravatá, no Agreste, mentiu para o
chefe ao chegar à empresa na manhã da sexta. “Ele disse que sua filha
tinha sido atropelada e pediu para voltar para casa no Recife por volta
das 11h da manhã. O chefe ainda teria emprestado R$ 300 para Gildo”. Com
o dinheiro, ele alugou o carro - Gol preto - e procurou uma oficina
para colocar película escura no veículo. Em seguida, foi ao encontro da
jovem, com a promessa de que a levaria para uma entrevista de emprego na
mesma empresa onde trabalhava. No bolso, Gildo levava o vidro de
Rupinol que usaria para dopar a jovem.
Maria Alice desapareceu na sexta-feira e seu corpo só foi encontrado nesta quarta-feira
Foto: reprodução Facebook
ENTERRO - O
corpo de Maria Alice Seabra deve ser sepultado na manhã desta
sexta-feira (26), às 8h30, no Cemitério de Santo Amaro, no Centro do
Recife, onde a família tem um túmulo próprio. Não deverá ser realizado
velório por causa do estado em que está o corpo.
ENTENDA O CASO -
Apontado como autor do homicídio, o servente de pedreiro e padrastro
Gildo da Silva Xavier, 34 anos, foi quem apontou o local onde teria
deixado a moça, no Engenho Burro Velho, às margens da BR-101, no
município de Itapissuma, Litoral Norte do Estado. O corpo de Maria Alice
estava sem uma das mãos e com as roupas de Gildo, que foi detido na
terça (23). Gildo teria abandonado o corpo da garota na noite da última
sexta-feira (19), após sair com ela para uma suposta entrevista de
emprego. Ele teria ainda seguido de carro para o Estado do Ceará. Gildo é
casado há 15 anos com Maria José Arruda, 46 anos, mãe de Alice. O casal
tem uma filha de 11 anos. Além de Maria Alice e da criança de 11 anos,
Maria José tem outras duas filhas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário