Da Folha de S.Paulo – Andréia Sadi
Da
Reunida em Brasília com a cúpulado governo, Dilma Rousseff escalou
neste sábado (27) os ministros do PT Edinho Silva (Comunicação Social) e
José Eduardo Cardozo (Justiça) para rebater as acusações sobre dinheiro
ilegal para a sua campanha presidencial em 2014. A acusação foi feita
em delação premiada pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa no âmbito da
Operação Lava Jato, e homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na
quinta-feira.
Os
ministros darão coletiva nesta tarde, em Brasília. A presidente
embarcou após a reunião para os EUA em viagem para atrair investidores
para o Plano de Investimento em Logística, lançado este mês.
O
ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), previsto para acompanhar a
presidente na viagem, cancelou sua participação na comitiva. Embora não
seja habitual que o ministro da Casa Civil faça viagens ao exterior, a
principal razão para ele ficar foi a divulgação da delação.
Na
reunião no Palácio do Alvorada nesta manhã, antes de viajar, a
presidente se mostrou ''indignada'' pois avaliou, junto com os
ministros, que há uma tentativa de aprofundar a tese que criminaliza
doações legais para atingir sua campanha e desestabilizar a sua
presidência. E que há um ''vazamento seletivo'' para atingir sua
campanha e ''isentar' as demais campanhas adversárias, ''inclusive a de
Aécio Neves'', segundo um ministro ouvido pela Folha.
Ricardo
Pessoa afirmou que doou oficialmente R$ 7,5 milhões à campanha de
reeleição da presidente no ano passado por temer prejuízos em seus
negócios na Petrobras caso não ajudasse o PT. Como a Folha revelou em
maio, a doação foi feita legalmente e ele disse que tratou da
contribuição diretamente com o tesoureiro da campanha de Dilma, o atual
ministro da Secom.
Presentes
à reunião, os ministros Cardozo, Mercadante, Edinho Silva e Giles
Azevedo, assessor especial, bateram na tecla de que o PSDB foi poupado
na delação. Os assessores disseram haver doações feitas pela UTC no
mesmo dia para o candidato tucano e para a presidente, nos registros do
Tribunal Superior Eleitoral, mas ''para o PSDB não vale'', queixam-se.
''É um ataque seletivo'', disse um ministro à Folha.
Em
2014, Dilma queria descolar a sua campanha da direção do PT e nomeou
Edinho Silva como tesoureiro para ''blindar'' as contas presidenciais.
Ele foi uma escolha pessoal da presidente, que acompanhou de perto as
doações à sua campanha. Nos bastidores, auxiliares próximos relatavam
que a presidente não queria misturar as finanças do comitê presidencial
com a do PT, por desconfiar do modo como João Vaccari Neto,
ex-tesoureiro do PT e preso pela Operação Lava Jato, conduzia as
finanças do partido.
Por
isso, argumentam aliados de Dilma, ela está ''indignada'' com a delação
de Pessoa envolvendo irregularidades na campanha de 2014. Petistas
temem que a delação de Pessoa reacenda o debate sobre impeachment na
oposição.
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