Tereza Cruvinel
A polvorosa
com o vazamento da delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, da
UTC, deve-se essencialmente à afirmação de que doou R$ 7,5 milhões à
campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010, numa lista que inclui
políticos de diferentes partidos.
Isso
reforça a aposta da posição no impeachment dela. O PSDB agora pode
animar-se a pedir a abertura de processo contra Dilma mas o caminho não
será simples como foi com Collor em 1992. Os R$ 7,5 milhões doados à
campanha de Dilma foram declarados ao TSE, assim como os R$ 250 mil
doados ao senador tucano Aloysio Nunes Ferreira, que foi vice na chapa
de Aécio. Como provar que a doação para Dilma é fruto de propina e as
dos outros foram legais?
Ademais,
o crime eleitoral de caixa dois, se confirmado, não figura entre os
crimes de responsabilidade que levam ao impeachment. A rigor, seria
juridicamente mais viável o processo por conta de irregularidades
fiscais e violação da lei orçamentária, estes sim, integrantes do rol de
crimes de responsabilidade.
No
mais, todos sabemos mais sobre como são financiadas as campanhas do que
sobre a fabricação de linguiças. Revelação bem mais original foi a de
que, segundo matéria publicada na noite desta sexta-feira, 26, pela
Folha de São Paulo, Pessoa pagou propina de U$ 1 milhão para obter do
TCU a homologação da licitação para a construção da usina de Angra 3,
vencida por um consócio que a UTC integra, ao lado da Odebrecht e outras
empreiteiras, ao custo de R$ 3,2 bilhões.
Segundo
a Folha, o contato de Pessoa com o TCU era feito por Tiago Cedraz,
filho do ministro Aroldo Cedraz, um ex-deputado do PFL, ligado a ACM na
Bahia. Ele não se reelegeu em 2006 e foi indicado para uma vaga do TCU
que cabia à Câmara, numa votação em que derrotou por 22 votos o
ex-deputado Paulo Delgado, um dos quadros mais brilhantes que a bancada
do PT teve no passado. Hoje Cedraz é presidente o TCU.
Clique aí Tereza Cruvinel e leia a reportagem na íntegra
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