247 - O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco presta
depoimento na manhã desta terça-feira, 10, na CPI da Petrobras. Ele
deixou claro que é uma estimativa o que ele falou sobre suposto
recebimento de propina para o PT. O valor de US$ 200 milhões está
baseada nos recursos supostamente repassados ao tesoureiro do partido,
João Vaccari.
"O que eu disse e quero esclarecer é o que eu estimo que o PT tenha
recebido", afirmou; "Como eu recebi a minha parte, imagino que outros
tenham recebido". Barusco levantou ainda outras dúvidas: "Não sei se o
Vaccari recebeu, se foi doação legal, se foi no exterior, se foi em
dinheiro".
Pedro Barusco falou também que se
arrependeu de receber recursos ilícitos da Petrobras. "Entrei num
caminho sem volta e me sinto aliviado por estar devolvendo os recursos. É
um caminho que eu não recomendo para ninguém", afirmou.
Barusco repetiu informações que constam dos depoimentos que já
prestou no processo de delação premiada junto à Justiça Federal. Ele
ratificou à CPI que a propina paga pelas empresas contratadas pela
Petrobras variava entre 1% e 2% dos valores dos contratos, e que esses
recursos eram divididos da seguinte maneira: metade para o PT, por meio
de João Vaccari, e metade para a "Casa", como ele chama os diretores da
Petrobras envolvidos no esquema. Ele menciona, entre estes, Renato Duque
e, eventualmente, Jorge Luiz Zelada e Roberto Gonçalves.
Ele afirmou que não repassou recursos para ninguém. "Nunca repassei
recursos para ninguém. Por isso tenho o volume elevado [de US$ 100
milhões] que está sendo repatriado pelo Ministério Público Eu recebia
para mim e para o Renato Duque".
Barusco contou que iniciou a receber propinas por serviços prestados à
Petrobras em 1997. "Iniciei a receber propina em 1997, 1998, por
iniciativa minha. Mas a partir de uma forma mais institucionalizada, foi
a partir de 2004", afirmou.
Após a abertura da sessão, os parlamentares defenderam na sessão a
saída dos deputados Lázaro Botelho (PP-TO) e Sandes Júnior (PP-GO)
(suplente) da CPI. Os dois foram citados na lista entregue ao STF.
"Investigados não devem investigar", afirmou Ivan Valente (PSOL-SP).
Outro a se manifestar a favor da saída dos investigados foi o líder do
DEM, Mendonça Filho (PE).
O presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB) informou que o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prestará depoimento na
próxima quinta-feira (12), a partir das 9h30.
Cunha é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por
suspeita de ter se beneficiado do esquema de corrupção da Petrobras.
Segundo Motta, o presidente da Câmara se colocou à disposição para
depor, portanto, não se trata de convocação.
Barusco, que também é delator da Operação Lava Jato, da Polícia
Federal, ainda começou a falar. Nessa segunda-feira, 9, o engenheiro
havia pedido que seu depoimento fosse tomado em sessão secreta, mas os
deputados decidiram manter a sessão aberta.
Em sua delação premiada à Justiça, entre outras afirmações, Barusco
declarou ter recebido, desde 1997, propina de empresas que mantinham
contrato com a Petrobras; e que, a partir de 2003, o tesoureiro do PT,
João Vaccari Neto, passou a participar do esquema – segundo o delator,
Vaccari teria recebido entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em
propinas para o PT entre 2003 e 2013.
O deputado Affonso Florence (PT-BA) disse que o simples depoimento de
Barusco não serve de prova contra o partido. "Não é um réu confesso, em
delação premiada, que vira juiz. Então, ouvi-lo não significa que quem
ele citou está condenado", argumentou. "Significa que quem ele citou tem
direito a defesa. Temos de encarar isso com parcimônia, sem
'espetacularizar' e transformar em herói réu confesso", completou.
A convocação de Barusco, como primeiro depoente da CPI, foi fruto de
um acordo entre deputados da oposição e do governo. Depois dele, serão
ouvidos os ex-presidentes da Petrobras Sergio Gabrielli e Graça Foster.
Nenhum comentário:
Postar um comentário