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terça-feira, 10 de março de 2015

Barusco: 'Não posso dizer se Vaccari recebeu'

247 - O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco presta depoimento na manhã desta terça-feira, 10, na CPI da Petrobras. Ele deixou claro que é uma estimativa o que ele falou sobre suposto recebimento de propina para o PT. O valor de US$ 200 milhões está baseada nos recursos supostamente repassados ao tesoureiro do partido, João Vaccari.
"O que eu disse e quero esclarecer é o que eu estimo que o PT tenha recebido", afirmou; "Como eu recebi a minha parte, imagino que outros tenham recebido". Barusco levantou ainda outras dúvidas: "Não sei se o Vaccari recebeu, se foi doação legal, se foi no exterior, se foi em dinheiro". 
Pedro Barusco falou também que se arrependeu de receber recursos ilícitos da Petrobras. "Entrei num caminho sem volta e me sinto aliviado por estar devolvendo os recursos. É um caminho que eu não recomendo para ninguém", afirmou.
Barusco repetiu informações que constam dos depoimentos que já prestou no processo de delação premiada junto à Justiça Federal. Ele ratificou à CPI que a propina paga pelas empresas contratadas pela Petrobras variava entre 1% e 2% dos valores dos contratos, e que esses recursos eram divididos da seguinte maneira: metade para o PT, por meio de João Vaccari, e metade para a "Casa", como ele chama os diretores da Petrobras envolvidos no esquema. Ele menciona, entre estes, Renato Duque e, eventualmente, Jorge Luiz Zelada e Roberto Gonçalves.
Ele afirmou que não repassou recursos para ninguém. "Nunca repassei recursos para ninguém. Por isso tenho o volume elevado [de US$ 100 milhões] que está sendo repatriado pelo Ministério Público Eu recebia para mim e para o Renato Duque".
Barusco contou que iniciou a receber propinas por serviços prestados à Petrobras em 1997. "Iniciei a receber propina em 1997, 1998, por iniciativa minha. Mas a partir de uma forma mais institucionalizada, foi a partir de 2004", afirmou.
Após a abertura da sessão, os parlamentares defenderam na sessão a saída dos deputados Lázaro Botelho (PP-TO) e Sandes Júnior (PP-GO) (suplente) da CPI. Os dois foram citados na lista entregue ao STF. "Investigados não devem investigar", afirmou Ivan Valente (PSOL-SP). Outro a se manifestar a favor da saída dos investigados foi o líder do DEM, Mendonça Filho (PE).
O presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB) informou que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prestará depoimento na próxima quinta-feira (12), a partir das 9h30.
Cunha é alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de ter se beneficiado do esquema de corrupção da Petrobras. Segundo Motta, o presidente da Câmara se colocou à disposição para depor, portanto, não se trata de convocação.
Barusco, que também é delator da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, ainda começou a falar. Nessa segunda-feira, 9, o engenheiro havia pedido que seu depoimento fosse tomado em sessão secreta, mas os deputados decidiram manter a sessão aberta.
Em sua delação premiada à Justiça, entre outras afirmações, Barusco declarou ter recebido, desde 1997, propina de empresas que mantinham contrato com a Petrobras; e que, a partir de 2003, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, passou a participar do esquema – segundo o delator, Vaccari teria recebido entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em propinas para o PT entre 2003 e 2013.
O deputado Affonso Florence (PT-BA) disse que o simples depoimento de Barusco não serve de prova contra o partido. "Não é um réu confesso, em delação premiada, que vira juiz. Então, ouvi-lo não significa que quem ele citou está condenado", argumentou. "Significa que quem ele citou tem direito a defesa. Temos de encarar isso com parcimônia, sem 'espetacularizar' e transformar em herói réu confesso", completou.
A convocação de Barusco, como primeiro depoente da CPI, foi fruto de um acordo entre deputados da oposição e do governo. Depois dele, serão ouvidos os ex-presidentes da Petrobras Sergio Gabrielli e Graça Foster.

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