Sul21 - O
PP gaúcho, cuja bancada federal aparece inteira na lista de políticos
investigados na Operação Lava-Jato, divulgada na última sexta-feira (6),
apoiou a candidatura de Aécio Neves (PSDB) nas eleições presidenciais
de 2014, colocando-se contra o governo de Dilma Rousseff (PT). Um dos
seis integrantes do PP citados na lista, o deputado federal Luiz Carlos
Heinze virou notícia nacional ao acusar, durante uma audiência pública
realizada no interior do Rio Grande do Sul, o então secretário geral da
Presidência da República, Gilberto Carvalho, de ser um protetor de gays,
lésbicas, índios, quilombolas e “tudo que não presta”. Em 2014, Aécio
Neves veio mais de uma vez ao Rio Grande do Sul para apoiar a
candidatura da senadora Ana Amélia Lemos (PP) ao governo do Estado.
A lembrança foi feita nesta
segunda-feira (9) pelo ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro,
que vê uma tentativa de ocultamento deste fato em setores da imprensa
local. “Há uma particularidade importante, aqui no Estado, que até agora
não foi ressaltada. Aqui no Rio Grande do Sul, os grupos políticos que
estão sendo incriminados foram aqueles que formaram o bloco contra a
Dilma e contra o meu governo no Estado. Ou seja, a cor local do fato
político, até agora não foi ressaltada devidamente, o que é uma clara
omissão para proteger o bloco conservador, que aliás ganhou a eleição,
legitimamente, aqui no RS”, assinalou o ex-chefe do Executivo gaúcho. O
jornal Zero Hora publicou uma matéria sobre “como os deputados gaúchos
do PP se aproximaram do governo (Dilma)”, sem mencionar o fato de que o
PP gaúcho apoiou Aécio Neves na disputa presidencial do ano passado.
Tarso Genro não acredita que todas
as pessoas que estão sendo apontadas para investigação serão
consideradas culpadas, ao fim do processo. “Algumas podem ter se
beneficiado sem saber, outras, podem ter sido alvo de uma delação
premiada, para proteger pessoas que o delator não quer apontar. Vejam
como Aécio ficou feliz!”, assinala. O ex-governador critica ainda o
clima de “justiçamento midiático” que se formou no país: “Esse clima que
esconde interesses políticos, que promove a fragilização da política e o
enfraquecimento dos partidos, jamais me levará para esse tipo postura
fascista de incriminação em grupo e sem provas. De outra parte, é claro
que estes inquéritos são importantes para combater, tanto a corrupção no
setor público, como no setor privado”.
Crítico daqueles que tentam
transformar partidos políticos em organizações criminosas, Tarso Genro
alerta para os riscos dessa postura: “Não acho que o PP e o PMDB sejam
organizações criminosas. São partidos políticos tradicionais, que têm
eleitorado, defendem interesses regionais e de classes, mas estão longe
de serem organizações criminosas. Só dentro da democracia essas coisas
aparecem, como apareceram dentro do meu partido e de todos os partidos”.
Para ele, “fulminar a validade dos partidos é despertar numa parte da
comunidade, um sentimento de impotência, que só favorece os verdadeiros
criminosos, os que defendem aniquilamento da democracia e o monopólio de
formação da opinião, para, ao fim e ao cabo, eles mandarem em tudo de
maneira irrestrita”. E conclui:
“Nossa torcida, de todas as pessoas
honestas de todos os partidos, e que prezam o regime democrático , no
meu caso, com uma veneração especial à Constituição de 88, é que os
processos andem, garantam o direito de defesa, condenem com provas e
absolvam quem não tem culpa. E fica o registro para a posteridade: aqui
no RS, as facções que estão respondendo na polícia e na justiça, são
principalmente as facções oposicionistas, ao meu Governo, governo do PT,
com seus aliados”. (Marco Weissheimer)
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