Bernardo Mello Franco – Folha de S.Paulo
Sério.
Brilhante. Íntegro. Coerente. Honesto. Todos esses adjetivos foram
pronunciados ontem na CPI da Petrobras. O sujeito das frases era Eduardo
Cunha, investigado no STF por suspeita de receber dinheiro vivo do
petrolão.
O
presidente da Câmara alegou que desejava depor para apresentar sua
defesa. Na prática, montou um circo para demonstrar força. Recebeu apoio
e até aplausos dos colegas.
Cunha
atacou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e tentou
desqualificar os indícios que motivaram o ministro Teori Zavascki a
abrir inquérito contra ele.
A
maioria dos deputados abriu mão de fazer perguntas para exaltá-lo. "O
presidente Eduardo Cunha rebateu ponto a ponto de maneira brilhante. Não
resta nada a ser esclarecido", proclamou o deputado Aluisio Mendes
(PSDC-MA).
"O
senhor tem uma grande história e uma luz que há de brilhar neste país",
desmanchou-se Marcelo Aro (PHS-MG). "Deus lhe abençoe, parabéns pela
exposição e muito obrigado pela oportunidade de estar vivendo este
momento", agradeceu Silas Câmara (PSD-AM).
Em
disputa aberta pela simpatia do PMDB, petistas e tucanos se uniram para
bajular Cunha. "Confio nas suas palavras", disse o líder do PT, Sibá
Machado (AC). "Vossa Excelência não perde em momento nenhum a autoridade
para presidir esta Casa", reforçou o líder do PSDB, Carlos Sampaio
(SP).
A
CPI já havia deixado claro que não vai investigar as empreiteiras do
petrolão. Agora indica que os políticos acusados de receber propina
também não precisam se preocupar.
Nos
últimos dois dias, Dilma Rousseff saiu de Brasília para prestigiar os
dois governadores investigados na Lava Jato. Nesta quinta, foi ao Rio
inaugurar obra com Luiz Fernando Pezão (PMDB). Na véspera, visitou o
Acre para entregar casas populares com Tião Viana (PT).
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