Por Fernando Brito, do Tijolaço
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) protocolou, agora à tarde (ontem à tarde), na Câmara dos Deputados um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
É claro que é um ato para a platéia, marcando posição para fixar-se como o chefe das hordas perante as quais desfilará domingo, com os príncipes bolsonarinhos que elegeu.
Mas, ao menos assume o que deseja e deixa bem marcado quem são os “defensores da democracia” que se insurgem contra a “ditadura esquerdista” que dizem estar instalada no Brasil.
Bolsonaro é isso, esta figura desprezível, miasma do passado autoritário, ditatorial e assassino que cobriu este país após a deposição militar e parlamentar que depôs Jango.
Mas não é pior do que aqueles que, cinicamente, fazem objeções ao impeachment e abanam as manifestações selvagens de marmanjos acanalhados e imberbes pretensiosos, que usam as roupas do século 21 nas idéias do século 19.
Se algo está errado com Bolsonaro foi o papel que se deixou disponível para ele, o de troglodita.
Alguém se recorda de como ele passou a ter notoriedade?
Enquanto era o porta-voz dos saudosos da ditadura, mal e mal fazia os votos para eleger-se.
O meio milhão de votos, quase, que teve agora, vieram da notoriedade que assumiu com a “causa antigay”, curiosamente levantada por toda a pseudorevolução de costumes, e que teve na televisão ( e de quem é a TV no Brasil) sua mais importante aliada.
Sem querer, deram a ele o papel histriônico de gritar contra gays e os defensores do que são: seres humanos iguais a todos, a mim e a você
É o que Bolsonaro tem, o papel de palhaço do passado.
Falta-lhe talento e conteúdo para vir a ser o Hitler brasileiro.
A assinatura acima da dele no requerimento de impeachment, que não se lê, é a de Aécio Neves, o cínico, embriagado pela possibilidade de tornar-se, ele sim, a face do movimento “impixatório”.
Aécio sonha que, pelo seu vazio, possa ser a “casca” ideal para o projeto conservador, tal e qual o oco Fernando Henrique o foi, dez anos atrás.
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